MB HQ’s: Gwen-Aranha #1
O Aranhaverso talvez seja uma das melhores sagas recentes da Marvel. E com toda certeza a melhor do Homem Aranha. Ela reuniu algumas versões queridas do amigão da vizinhança e outras tão exóticas quanto o nosso querido e totalmente sem noção, Porco-Aranha.
Porém uma versão em especial, fez bastante sucesso justamente por trazer um personagem morto a muito tempo, Gwendolyn Maxine Stacy ou simplesmente Gwen Stacy.
Para entender o que acontece nas comics, precisa compreender o conceito de múltiplos universos , ou simplesmente multiversos. Que são artifícios usados para melhor encaixar determinados personagens ou simplesmente testar uma nova linha editorial (Como foi explicado em Miles Morales Volume 1).
O aranha verso basicamente consiste em uma saga onde um vilão chamado Morlun e seus familiares resolveram assassinar todos os Totens Aranhas existentes em todos os universos e o Homem Aranha Superior descobre uma forma de juntar todos os homens aranhas ainda vivos para lutarem juntos contra esse vilão
A saga ocorreu em 2014 após Homem Aranha Superior e o evento Pecado Original (pretendo escrever um dia sobre elas) e na busca dos aranhas sobreviventes chegamos a terra 65.
Nesta realidade, Gwen Stacy é quem foi picada pela aranha radioativa das empresas Osborn e seu namorado Peter Parker se transforma no vilão Lagarto e é morto por nossa heroína, que passa ser perseguida como assassina pelo comandante de polícia, George Stacy, seu pai.
Nesta “bagunça” que nossa protagonista é apresentada e logo parte para os eventos do Aranhaverso. Porém, seu sucesso foi imediato com os fãs ( talvez fosse algo que a casa das ideias já previa) pois uma das personagens com o destino mais impactante estava de volta, com outro formato, outra atitude, repaginada e heroína. A partir desse sucesso uma HQ foi criada para contar a origem desta nova personagem, e é dela que vamos falar um pouco.
Criada por Jason Latour e Robbi Rodriguez em 2014 a partir de um esboço de Dan Slott, que ficou por muitos anos sendo roteirista do Homem Aranha. O modo que a origem de nossa protagonista é contada é intrigante. Imediatamente sabemos que ela foi picada, que o Peter Parker morreu sendo um vilão e que ela é acusada disso. Mas aos poucos essa história vai se transformando numa trama envolvente e com uma camada de complexidade interessante
Gwendolyne é uma adolecente de atitude e ao mesmo tempo amorosa, com o senso de culpa imenso por matar seu amigo, que era apaixonado pela Mulher Aranha. O peso desse fato a atormenta durante esse primeiro volume inteiro e não somente ela. Lidar com esse fardo está a atrapalhando muito e isso é bem caracterizado na HQ seja como heroína ou como a baterista da banda Mary Janes.
As características da terra 65 é algo bem peculiar, vemos um Frank Castle como um chefe de departamento obcecado por deter a Mulher Aranha que ele beira ao limiar da moralidade, um Matt Murdock como um vilão sagaz e astuto, uma Capitã América Negra (uma das melhores partes da HQ) com o seu ajudante, o adolecente irresponsável Falcão e a diretora da S.H.I.E.L.D. Peggy Carter.
Mesmo no núcleo da Gwen, temos uma Mary Jane bem diferente da terra 616, o mesmo acontecendo com a Felicia Hardy (Gata Negra) e o próprio Harry Osborn.Essa diversidade de personalidade é o ponto mais interessante da HQ, abrindo possibilidades interessantes de desenvolvimento da história.
Neste volume ela precisa lidar com diversos inimigos famosos, como o Abutre, Rei do Crime, Duende Verde e claro, o Lagarto, além de resolver seus problemas de relacionamento com o Pai e a crise com suas amigas de banda. Esse aspecto a faz se aproximar do público mais jovem, fazendo com que eles criam uma certa empatia com sua personalidade.
Falando em desenvolvimento da história, ela não perde o fôlego, se mantendo interessante do início ao fim, com boa trama , excelentes cenas de ação e um desfecho satisfatório.
As ilustrações de Robbie Rodriguez são satisfatórias, não compromete e nem perde qualidade, mas estão longe de serem belas ou fazerem história.
Se tratando da edição analisada da Panini, é da coleção Marvel Teens, focada em mostrar esses novos heróis para novos leitores se interessarem pelo gênero, com um belíssimo acabamento e projeto editorial com custo acessível
Finalizando, Spider Gwen é tão especial que a Marvel até criou uma Terra “só pra ela”. A Terra 65 foi feita apenas para que a heroína pudesse existir em alguma realidade. Sua popularidade vem aumentando, a ponto dela viver tanto em sua terra como no universo principal da Marvel, sendo uma personagem interessante e carismática.
O encadernado Gwen Aranha: Gwen Stacy abrange as revistas Edge of Spider-verse #2, Spider Gwen (2015a) #1-5 e Spider Gwen (2015b) #1-6.