MB Review: Cutie Honey, de Go Nagai

Go Nagai é muito conhecido por conta de sua grande colaboração para a indústria de mangás, principalmente por obras como “Mazinger” e “Devilman”. O que alguns não sabem, é que o autor adora fazer mangás, digamos, “safadinhos” e politicamente incorretos, o que fazia ele estar sempre na mira de associações como a PTA (Parents and Teachers Association). “Cutie Honey”, é um desses mangás.

E percebam como o cara é bom, mesmo aparentemente sendo só uma história cômica e provocante, o título foi uma das principais influências no gênero “mahou shoujo” (garotas mágicas), como “Sailor Moon”, “Cardcaptor Sakura”, entre outros. Além de ser um dos precursores do gênero ecchi.

No Japão, o mangá foi serializado na revista Weekly Shounen Champion da editora Akita Shoten, entre 24 de agosto de 1973 e 1 de março de 1974, rendendo um total de 2 volumes encadernados. Na edição brasileira, os dois volumes foram compilados em apenas um. 

Sinopse:

Honey Kisaragi é uma super androide que possui em seu corpo o “Dispositivo de Fixação Elemental”, uma incrível invenção de seu pai e criador que a permite se transformar no que quiser. No entanto, ele acaba sendo assassinado pela organização criminosa Garra da Pantera, que almejava por as mãos na inovadora tecnologia. Com isso, a saída que a androide encontrou foi: transformar-se em Cutie Honey, a belíssima heroína que lutará contra esse grande inimigo e vingará a morte do pai! HONEY FLASH!”. 

A narrativa

O mangá acontece majoritariamente em duas frentes: dentro da escola em que Honey estuda, e do lado de fora, onde a heroína enfrenta a Garra da Pantera. No ambiente escolar, Honey precisa lidar com Miharu Tsuneni, a responsável pelo dormitório que foi carinhosamente apelidada de “Adolfa Hitler” pelas estudantes, já que é extremamente autoritária e severa em seus castigos. Castigos esses que revelam o gosto de Tsuneni por sadomasoquismo (é isso mesmo).

O próprio Go Nagai afirma que a presença de muito conteúdo relacionado à sexo na publicação foi uma forma que ele encontrou de fazer com que os leitores masculinos pudessem ter acesso ao erotismo sem serem repreendidos pelos pais, já que se tratava de uma história em quadrinhos. 

Existe uma cena onde a Honey precisa se esconder e acaba se transformando em uma estátua e, nessa ocasião, surge uma dupla de depravados (pai e filho, detalhe, o filho é criança), que protagonizam uma das partes mais absurdas e incorretas do mangá.

 Não serei hipócrita, a coisa é tão absurda que eu ri, e ri de outras cenas envolvendo esses personagens também, já que existe um grande foco na comédia. Os momentos com outras garotas do dormitório também são engraçados, como a história de uma moça que nunca havia se olhado no espelho.

Já as partes envolvendo a Garra da Pantera não são nada demais, mas cumprem seu papel. As lutas se resolvem rápido, porém o autor consegue deixar os combates dinâmicos e gostosos de acompanhar. O design dos vilões são bizarros e cheios de referências à BDSM, e a possibilidade da protagonista se transformar no que quiser dá uma dinâmica interessante aos combates, apesar de alguns elementos serem bem característicos dos anos 70, principalmente a gritaria toda vez que um golpe é desferido.

A edição nacional

A edição brasileira é muito bonita e veio pelo selo “NewPOP Prime”, da editora NewPOP. O livro possui capa dura, formato 15 x 21, páginas coloridas, miolo em papel pólen com uma boa gramatura. A qualidade de impressão também está ótima, algo que às vezes deixa um pouco a desejar em mangás da editora.

Vi algumas pessoas tecendo comentários negativos ao mangá, não apenas no Brasil, mas em sites internacionais como MyAnimeList. Cutie Honey traz situações que são impróprias para os dias de hoje, a própria editora foi inteligente em deixar um aviso no mangá explicando que a obra era um reflexo de seu tempo, e que deveria ser lida tendo isso em mente, já que os valores atuais são outros. 

E de fato, a história não é nada demais, o próprio Go Nagai já desenvolveu tramas muito mais elaboradas. É uma história divertida, e na minha opinião, parte da graça está em ver como eram as coisas há quase 50 anos, por mais que saiba que essa é justamente a parte que pode causar estranheza, além de ser um mangá com certa importância histórica.

Eu recomendo Cutie Honey se você já é fã do autor e gosta de mangás antigos, mas caso nunca tenha lido nada do Go Nagai, Cutie Honey não é exatamente a melhor porta de entrada, mesmo assim, me diverti e dou uma nota 7,5 para a publicação.

Caso queiram adquirir a obra na Amazon.

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