MB Review: Buda vol. 1

Contém Spoilers

Depois de 16 anos fora do catálogo nacional, Buda, de Osamu Tezuka, finalmente retorna às livrarias. Com tratamento em edição especial, a obra conta a história de Sidarta, o Buda, em seu caminho pela iluminação. Acompanhem nossa análise do primeiro volume.

Buda conta a história de Sidarta. Mas não se contentando em falar apenas da figura de Buda, Tezuka escolhe descrever o ambiente em que o escolhido foi inserido, além das pessoas e as circunstâncias que o ajudaram a chegar no caminho da iluminação.

Apresenta o núcleo da história com Chapra e sua mãe, Tatta, Naradata, os reinos de Cosala e de Capilavastu. Conhecemos o sistema de castas indiano e todos os efeitos causados por esta divisão social. A história termina com a possível aniquilação de dois personagens e a profecia dada àquele que deve ser o Buda.

Chapra – um escravo – e Tatta – um sudra – não começam bem sua relação quando o primeiro rouba uma tapeçaria de responsabilidade do menino escravizado e este corre o risco de perder sua mãe vendida. Tezuka consegue despertar no leitor uma mistura de sentimentos pelo rapaz. Se no começo sentimos pena de Chapra e raiva de Tatta, logo em seguida consegue misturar esses sentimentos ao mostrar as motivações de ambos e o quanto Chapra consegue se sacrificar pelos outros.

Os meninos aparecem como opostos que constroem uma relação perfeita para a história, onde o mal tem características do bem e vice-versa. A história dos meninos se mistura com as lendas hindus e por vezes me confundiu ao tentar saber quem seria o escolhido. Por não, grata surpresa a ser apresentada no final da obra com o nascimento de uma criança especial.

Para quem já conhece a história de Sidarta o agrado talvez esteja em ver sua história contada de uma forma tão acessível. Mas para os desavisados, como meu caso, cada capítulo é uma surpresa. Sentimentos se misturam ao traço simples e o desenvolvimento objetivo de Tezuka, sempre um mestre ao contar uma história.

Ao fugirem de uma chuva de gafanhotos e terem de sofrer perseguições, Chapra salva o general do reino de Cosala e é adotado, escondendo sua condição de escravizado. Enquanto seus antigos parceiros caminham a esmo pelo deserto, Chapra cresce e torna-se um herói em seu novo reino. Neste momento também encontramos as lendas hindus se misturando às vidas dos personagens.

Em paralelo, no reino de Capilavastu a rainha está no fim de sua gravidez e corre risco de vida. Ao mesmo tempo que o ambiente onde nasce a criança é dos mais perigosos, em perigo também está a posição de Chapra que corre o risco de perder a vida. Apenas Tatta, metamorfoseado em animais pode salvá-lo caso encontre o mestre Asita. 

Osamu Tezuka é um autor ímpar. Sempre teve a capacidade de gerar em mim fortes sentimentos com uma história de desenvolvimento simples. Acredito que em boa parte de quem o lê causará o mesmo. Suas surpresas nos espantam em cada capítulo e nunca deixa de fazer piadinhas mesmo em momentos de tensão.

A JBC caprichou nesta nova edição. Com o formato 2 em 1, ainda acrescentou uma sobrecapa com uma bela arte enquanto mantém as capas da edição anterior. Uma bela homenagem não apenas a Tezuka, como também àqueles que introduziram sua obra por aqui.

Não é por menos que este primeiro volume teve sua primeira impressão esgotada. Sem dúvida alguma é uma coleção que vale acompanhar.

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