MB Review: Nausicaä do Vale do Vento vol. 1
Em 1982, Hayao Miyazaki dava início a seu legado na Ghibli e começa a publicar Nausicaä do Vale do Vento na revista Animage. A obra terminaria 12 anos depois, mas já mostrava a força de seu criador. Seu retorno pela JBC é como um presente para aqueles que decidiram acompanhar essa bela fantasia.
Nausicaä é fruto do amor de Miyazaki por duas princesas de diferentes narrativas. Uma apaixonada por insetos e outra que foi o porto seguro para Odisseu durante sua jornada. Seus ideais saltam aos olhos em um mundo onde a natureza parece ter desistido de nós.
Um mundo em que a vida humana está sob ameaça é a premissa do universo de Nausicaä. A Guerra dos Sete Dias de Fogo é o evento chave para que possamos compreendermos os acontecimentos, mas pouco é explorado neste primeiro volume.
O pós-guerra se arrasta por centenas de anos e é neste contexto que somos inseridos. A expansão de florestas que produzem materiais nocivos à vida é a principal preocupação deste mundo. Ainda que a guerra não tenha se extinguido.
Nausicaä é a princesa do Vale do Vento, um pequeno povoado que vive da agricultura. A garota é a única herdeira da família real e sua presença é uma luz de esperança para seu povo. E, porque não, para nós leitores? Representada através da força e gentileza, sua presença chega a ofuscar qualquer outro personagem da trama e por vezes o universo.
A trama se desenrola a partir do momento em que Nausicaä recebe um objeto misterioso da princesa de Pejite que era perseguida por Torumekia, uma das principais cidades do território. Vale dizer que embora o mundo tenha encolhido, temos a presença de conceitos políticos modernos, assim como de tecnologias que conseguem ser mantidas em meio ao caos e a busca por sobrevivência, sendo muitas destas tecnologias bélicas. O objeto recebido por Nausicaa é uma chave para uma arma ancestral, provavelmente uma das principais na Guerra que destruiu o mundo e deve ser entregue ao príncipe de Pejite.
Nausicaä do Vale do Vento é um deleite e merece uma chance. Sua arte limpa e detalhista se mescla ao roteiro. Acredito que muitos se sintam incertos sobre sua compra e a expectativa sobre o título. Mas após minha leitura, sinto-me impelido a continuar. A edição da JBC é fantástica. O acabamento escolhido e a revisão merecem elogios. Vale dizer que estamos apenas falando do primeiro volume e ainda tem muito o que ser dito sobre a história.
A publicação pela editora JBC é a segunda de Nausicaä no Brasil. Em 2006, a obra foi publicada pela Conrad, ainda que não integralmente.
Nausicaä recebeu uma adaptação animada em 1984, pouco tempo depois do início da publicação do mangá.