MB Review: Ryuko
A editora Skript fez sua estreia no universo dos mangás com Ryuko, um título um tanto desconhecido, mas com uma proposta interessante. Será que a editora escolheu um bom título para sua estreia?
Escrito e desenhado por Eldo Yoshimizu, a obra foi publicada originalmente em 2 volumes, em 2015. A edição brasileira é completa em volume único e conta com 488 páginas, sobrecapa, miolo costurado e papel offset. A história segue Ryuko, uma mulher com ligação ao alto escalão da máfia japonesa que tenta descobrir o paradeiro de sua mãe sequestrada e que busca vingança pela morte do pai.
A trama não se desenvolve apenas no Japão. Organizações como máfias chinesas e grupos militares russos também estão envolvidos. Até mesmo a guerra no Afeganistão é importante para a história. Isso é característica da influência que o gekigá teve sobre o autor. Apesar de de inspirações no gekigá, que preza por dramas realistas, as cenas de ação e tiroteio em Ryuko estão mais para um filme de ação desenfreada, seja no combate corpo a corpo ou usando armas explosivas e metralhadoras, o que me agradou muito e combina com a história.
Os traços são variados, apesar de contar com alguns personagens estilizados. Por isso, hora os traços ficam mais realistas, hora mais “rabiscados” e poluídos, com quantidades de nanquim variadas. Eu considero a arte um dos grandes atrativos do mangá. Apesar de ter três obras publicadas, o autor na verdade é um artista especializado em esculturas. Não sei se é por isso, mas a composição das páginas é muito única e cheia de informações. Eu gostei, mas em algumas situações fica confuso de entender.
Outro ponto que me incomodou um pouco foi a tradução do mangá. Os textos não estão ruins e nem vi erros de português, apenas alguns errinhos avulsos de revisão, mas a romanização de certos nomes em japonês ficaram um pouco estranhas. Os personagens são interessantes mas poderiam ser um pouco mais carismáticos. A trama possui vários elementos muito legais, mas que poderiam ter sido um pouco melhor explorados caso Ryuko fosse um mangá com mais volumes.
Eu diria que a editora Skript escolheu bem seu primeiro quadrinho japonês. Além de ser um mangá mais “alternativo” e curto, a história, a arte e os combates são excelentes. A trama comete alguns deslizes, mas se você gosta dessa pegada mais underground, Ryuko é uma excelente pedida.
Texto @hugo.magella