MB Review: Showa #1
Apesar de não ser tão popular no Brasil como outros de sua era, Shigeru Mizuki é um artista importantíssimo que viveu o imperialismo, a queda e a reestruturação do Japão. Algumas de suas obras são quase documentos históricos, e esse é o caso de Showa.
Escrito e ilustrado por Shigeru Mizuki, Showa foi publicado no Japão entre novembro de 1988 e dezembro de 1989, com 8 volumes. No Brasil, a editora Devir vai finalizar a série com 4 edições.
O mangá conta a história da era Showa, que corresponde ao reinado do imperador japonês Hirohito, que foi de 25 de dezembro de 1926 até 07 de janeiro de 1989. Durante esse período, aconteceram fatos muito marcantes para a história recente do Japão, como a ascensão do imperialismo japonês e a Segunda Guerra Mundial. Cada volume aborda um período dentro desse reinado, sendo que a primeira edição tem como foco os anos entre 1926 e 1939.
Mizuki opta por contar a história de uma forma muito criativa, já que utiliza de um personagem que é seu alter ego dentro da trama. Também vemos a avó dele, que já apareceu no mangá Nonnonba, publicado pela editora Devir. Isso é interessante pois vemos vários acontecimentos reais sendo narrados por personagens fictícios baseados na vida do autor. Apesar de o foco da história ser o Japão, Mizuki contextualiza o cenário político global no qual o país estava inserido para que o leitor tenha um maior entendimento dos fatos. Por mais que ele tenha vivido intensamente a era Showa, inclusive atuando como um soldado durante a Segunda Guerra (conforme descrito no mangá Marcha para a Morte, também da Devir), ao final da edição encontramos uma relação com as referências bibliográficas utilizadas durante a criação do quadrinho.
O trabalho artístico é fantástico! Temos uma mescla de estilos onde os personagens principais são desenhados com os traços característicos do artista, mas quando algo muito importante vai ser retratado, os desenhos ficam mais sérios e realistas, contando até mesmo com imagens reais.
Showa não é aquele tipo de leitura que vai agradar a todos por se tratar de um período muito específico da história de um país distante. Mas aqueles que gostam de história e que têm um interesse em aprender mais sobre o Japão sem romantização ou “passada de pano” para as atrocidades cometidas pelo país naquela época, têm um prato cheio à disposição.