MB Review: Palestina

Assim como a crueldade, a barbárie, a brutalidade, a guerra e a violência, assim como essa HQ e suas páginas cheias de força, com desenhos e uma narrativa pulsante, Joe Sacco traz dois sentimentos: o que pode a vida, o que pode a morte?


Quanto um povo pode lutar pra continuar existindo, o que pode um povo que sente dor e raiva? Quantas pessoas serão enterradas em prol de uma causa autoritária e, ainda assim, depois de terem suas casas, sonhos, dignidade, família e amigos dizimados, serem tratados pelos inúmeros veículos de mídia como terroristas, por pessoas leigas como terroristas? 


Militarismo, torturas, ódio, falta de esperança, são algumas das palavras que escrevo. E poderia repetir as já citadas acima, mas ficaria redundante, como o peso de uma bala fria que atravessa o peito daqueles que sentem… sair dessa HQ de Joe Sacco é sair com a certeza de que uma parte de mim continua sem fé na humanidade e a outra, queria ter forças pra lutar uma guerra como esta que parece não ter fim.

Relatos de crianças que deixaram de ser crianças, de famílias que deixaram de ser famílias, de pessoas que tem seus espíritos estraçalhados mas conseguem encontrar força de cada lágrima derramada para combater fuzis, metralhadoras, bombas e mísseis com pedras, pedras e força. Diria até que com fé, mas fé, nesse momento, seria mal empregada por aqueles que estão lendo essas linhas que escrevo, dizendo que o problema são os extremismos religiosos, as utopias religiosas. Digo que, pras pessoas que precisam conhecer a vida, precisam antes fazer uma leitura atenta e sensível dessa HQ. E, ainda assim, se não se sentir tocado, enfurecido, indignado e com vontade de lutar, é porque ja está morto por dentro, diferente de palestinos que querem recuperar suas vidas. Obrigado, Joe Sacco.

Texto por @pupaoquedesenha

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