MB Review: O Vagabundo de Kanto (1963)

Katsuta, capanga do clã Izu, precisa lutar para recuperar a honra da família após um irmão Yakuza vender a namorada de um membro da família rival.

Finalizado o terceiro e último disco da coleção “Cinema Yakuza – Volume 5”, a Versátil Home Vídeo nos traz o filme “O vagabundo de Kanto” do diretor Seijun Suzuki, que segue a linha de um filme Yakuza do estilo nikyo-eiga. Esse estilo é caracterizado por filmes que se passam nas eras Meiji e Taisho e retratam bandidos honrados divididos entre giri (dever) e ninjo (sentimentos pessoais).

É o filme mais diferente dessa coleção. Ele tem momentos bem artísticos, com belo uso da iluminação dos cenários, mas não é um filme recheado de ação; ela é quase inexistente. O diretor Suzuki optou por um filme artístico, com mensagem de honra e sentimentos pessoais, em vez de um filme de Yakuza voltado para a violência. Isso pode decepcionar certos espectadores que esperam por uma trama mais movimentada.

O ponto mais baixo desse nikyo-eiga fica na construção de sua narrativa, que é mal construída e confusa. Num primeiro momento, somos apresentados a três jovens moças, e uma delas é vendida para uma casa de chá; o problema inicial é comprá-la de volta. Porém, a trama dá uma volta e passa a focar em jogos de azar, assim como no passado do personagem de Akira Kobayashi. No fim, o problema é resolvido, mas as três amigas colegiais, incluindo a que foi vendida no começo, nem sequer são vistas no longa novamente.

Creio que o senhor Suzuki poderia ter continuado com a trama inicial sem pressa e sem utilizar sub-tramas desconexas, pois a impressão que fica é que são dois filmes diferentes em um.

“O Vagabundo de Kanto” é um filme que, artisticamente, é bem bonito e charmoso, apesar de sua trama confusa. O seu idealizador consegue entregar uma experiência ok, que, junto com o ator Akira Kobayashi, entrega uma bela mensagem sobre o que é a honra e que devemos, como pessoas, cumprir nossas palavras.