MB Review: Meus Dias na Vila das Gaivotas #2
No segundo volume de Meus Dias na Vila das Gaivotas, Kodama Naoko explora ainda mais as relações entre as personagens, mas, desta vez, a trama se desvia para questões mais delicadas. A aproximação de Mayumi e Rin é uma das partes mais interessantes da história, com a autora dedicando mais atenção ao desenvolvimento emocional das duas. Mayumi, aos poucos, vai enfrentando os fantasmas de seu passado e se permitindo vivenciar uma nova fase de sua vida, principalmente em relação à sua identidade e aos sentimentos por Rin.
Entretanto, o volume não se limita a esse romance e acaba introduzindo um subplot problemático envolvendo Ashima e sua meia-irmã Sakura. A relação delas, que já havia sido insinuada no volume anterior, toma um rumo ainda mais controverso, com a narrativa dando foco à tensão e aos conflitos familiares. A tentativa de Kodama de humanizar Ashima, uma jovem marcada por rejeição e uma história de bullying, é, por um lado, eficaz ao destacar a complexidade de sua dor. Mas, por outro, a trama envolvendo o incesto, mesmo que minimizada por serem irmãs de pais diferentes, causa um desconforto evidente, ofuscando o resto da narrativa.
Além disso, a introdução de Touko, a amiga do passado de Mayumi, traz à tona o enredo de manipulação e traição. Touko é uma personagem claramente tóxica, cujo comportamento provoca um impacto negativo nas dinâmicas já estabelecidas na vila. A chegada dela, com suas intenções dúbias, acaba desviando o foco da história, que deveria ser centrada no relacionamento de Mayumi e Rin. A relação de Mayumi com Touko, marcada por uma amizade doentia e manipuladora, gera tensões desnecessárias e enfraquece a narrativa principal.
Embora a história de Ashima e Sakura traga um drama intenso, ela não contribui de maneira significativa para o desenvolvimento do arco de Mayumi e Rin, que era o principal motor do primeiro volume. A autora, ao optar por expandir esse subplot, acaba por diluir o foco no romance que começava a se estabelecer de maneira cativante e mais sutil entre as duas mulheres. A relação delas continua sendo a mais interessante e promissora, mas as distrações narrativas acabaram por prejudicar o ritmo da obra.
Em resumo, Meus Dias na Vila das Gaivotas #2 oferece momentos significativos de crescimento e introspecção, principalmente no que diz respeito à relação de Mayumi com Rin. No entanto, a inclusão de subtramas desconfortáveis e a falta de uma resolução adequada para esses conflitos secundários deixam o volume com a sensação de que o enredo se perde em temas controversos. Resta a expectativa de que o próximo e último volume consiga equilibrar melhor os elementos da história e retomar o foco nas relações mais autênticas e emocionantes que a obra propõe.