MB Review: Mushishi #5
Chegamos ao fim de Mushishi. Uma série sublime e lúdica que explora conceitos de divindades, humanos, natureza e vida de uma forma que nunca vi em nenhuma outra mídia. Ao longo desses 10 volumes, não só fica perceptível a evolução de Yuki Urushibara, a autora, na questão de arte e quadrinização, mas também na capacidade narrativa.
As histórias contidas na edição final são muito boas. Os elementos dramáticos continuam presentes, porém, senti que a autora se baseou ainda mais em algumas experiências humanas para criar tramas. Por exemplo, identifiquei duas situações onde existem óbvias referências aos sintomas da doença de Alzheimer. Também se tratando de situações relacionadas à memória, existe um outro conto que a autora desenvolve a partir de um sentimento pessoal. A maneira com que esses elementos são colocados no mundo do mangá, sempre me surpreende positivamente.
No fim, considero que Mushishi é um quadrinho que usa dos “mushis” para nos ensinar lições sobre relações humanas, saudade e natureza . A forma com que isso é feito é tão bem trabalhada, que todo um universo próprio, com peculiaridades e regras, é criado ao redor disso. Não se trata de simples panfletagem. Urushibara teve a sensibilidade de escrever o roteiro sob sua ótica, mas fazendo com que cada pessoa tenha uma experiência e uma interpretação diferente ao ler. A ambientação é tão imersiva, que muitas vezes senti cheiro de plantas, frio e o orvalho que se fazia presente nos desenhos.
O final do mangá não é nada impressionante, se assemelhando mais à conclusão de um capítulo comum ao invés de trazer conclusões épicas. Tendo em vista todo o contexto da obra, esse tipo de final até combina, mas poderia ser um pouco mais “definitivo”.Eu recomendo muito a leitura de Mushishi. É um quadrinho um pouco diferente do que estamos habituados a ver no Brasil, aquele tipo de coisa que aproveitamos mais a cada vez que lemos. Agora fico no aguardo de Suiiki, da mesma autora, que também será publicado pela NewPOP.