MB Review: PTSD Radio #1
Os contos de PTSD Radio nos apresentam histórias bizarras, muitas vezes girando em torno de temas recorrentes, como: espíritos que se incomodam com cabelos grandes, corvos estranhos, uma estátua que atravessa décadas, entidades que emergem diretamente das sombras, entre outros casos perturbadores.
Apesar de PTSD Radio ser composto por vários contos curtos, muitos deles se conectam de maneira sutil, formando uma linha narrativa que se estende ao longo dos eventos — inclusive atravessando diferentes períodos de tempo. Isso torna a leitura mais envolvente e instiga o leitor a retornar a capítulos anteriores com a sensação de já ter visto algo familiar antes.
Um dos aspectos mais geniais da obra é a escolha dos nomes dos capítulos, que são apresentados como frequências de rádio. Alguns capítulos, inclusive, compartilham o mesmo prefixo numérico, criando uma ligação direta entre eles. Outro elemento criativo está nas páginas que separam os capítulos: nelas, ilustrações sequenciais criam uma espécie de narrativa visual paralela, que dialoga com algumas das histórias.
Talvez o maior trunfo de PTSD Radio seja justamente esse quebra-cabeça narrativo. A estrutura faz com que o leitor sinta vontade de reler certos trechos, em busca de conexões ocultas entre as maldições apresentadas. Ainda assim, cada conto mantém sua independência, com um único propósito: assustar o leitor com as bizarrices concebidas por Masaaki Nakayama.
A arte de Nakayama é competente durante toda a obra, mas realmente se destaca na criação das entidades amaldiçoadas, entregando quadros impactantes e arrepiantes.
A Pipoca & Nanquim acerta mais uma vez ao trazer para o Brasil um mangá que poucos imaginavam ver por aqui. A editora amplia seu catálogo de mangás de horror com essa coletânea cheia de ideias perturbadoras.
A edição da Pipoca & Nanquim segue o padrão de qualidade da editora: capa cartão com sobrecapa, miolo colado e costurado. Desta vez, não há páginas coloridas, mas a edição acompanha um marcador de páginas como brinde.
