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MB Review: Fênix #02

Assim como a Fênix, Osamu Tezuka é imortal. Sua imortalidade se dá nas obras primas que ele deixou para a posteridade, e este mangá é uma prova disso.

A segunda edição possui três arcos de histórias: Arco de Yamato, Arco do Espaço e Arco da Houou. No primeiro, temos novamente uma história ambientada nos primórdios do Japão como nação. Aqui temos uma versão um pouco mais romântica da lenda de Yamato Takeru, um dos primeiros imperadores do Japão. O Arco do Espaço, por sua vez, é uma história futurista que acompanha o dia a dia de uma tripulação a bordo de uma nave espacial, onde a desconfiança e o ciúme reina entre os tripulantes. E o Arco da Houou também se passa em um Japão antigo, mas bem mais próximo dos dias atuais, onde um escultor budista recebe a missão de esculpir a Fênix, mesmo sem nunca tê-la visto.

Cada uma dessas histórias nos apresenta situações e personagens com características muito distintas, em períodos históricos distintos. Muitas vezes não sabemos se o conto que estamos lendo está no passado ou no futuro, já que o primeiro volume deixou bem claro que o universo é uma eterna espiral. Em paralelo, vemos os descendentes de Saruta (que também apareceu na primeira edição) e os diferentes papéis que eles desempenham. 

Mesmo que a Fênix não apareça em muitas páginas, ela está sempre presente na história. É a força motriz que faz o roteiro andar. O interessante é que mesmo que não seja intencional, isso vai de encontro ao fato de o pássaro ter um status divino. A Fênix está presente em tudo, e tudo está presente nela. Me lembra da música “Gîtâ”, de Raul Seixas, onde existe uma parte que diz: “Eu sou a vela que acende, eu sou a luz que se apaga, eu sou a beira do abismo, eu sou o tudo e o nada […] O início, o fim, e o meio.” Essa canção teve forte inspiração no Hinduísmo, mas se encaixa perfeitamente com as coisas mostradas no mangá e também com ensinamentos e crenças cristãs, das quais somos mais familiarizados neste lado do mundo.

Mesmo que eu tivesse todo espaço no texto para falar sobre a obra, ainda seria pouco. Cada história do volume possui várias camadas e vai atingir de forma diferente os leitores. Assuntos como carma, reencarnação, castigo e perdão são abordados de forma magistral. Ler Fênix é uma experiência. Se você não deu uma chance ainda, vai na fé.

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