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MB Review: Yan #1

O primeiro volume de “Yan”, de Chang Sheng, publicado no Brasil pela editora Comix Zone, chega com um conceito intrigante. A história começa com Yan Tiehua, uma jovem de 15 anos da tradicional trupe da Ópera de Pequim, cuja família é brutalmente assassinada, e ela é injustamente acusada do crime. Após anos presa em um centro de pesquisa, Yan ressurge disposta a se vingar, mas logo fica claro que o mistério por trás de seu cativeiro e os segredos enterrados em seu passado são bem mais complexos.

A narrativa de Chang Sheng não perde tempo e nos joga de cabeça na ação desde as primeiras páginas. O ritmo é frenético e os momentos que envolvem diálogos são bem construídos. Mas o que realmente chama a atenção é o modo como o autor mistura o tradicional com o moderno. A cultura da Ópera de Pequim é uma constante, mas logo somos introduzidos a elementos de ficção científica, como experimentos genéticos, poderes sobrenaturais e uma viagem no tempo que surge de forma natural na trama.

O que começa como uma história simples de vingança se transforma em algo muito maior à medida que o volume avança. Yan não é apenas uma assassina implacável em busca de justiça, mas uma personagem com camadas, que precisa lidar com um passado sombrio e com as dúvidas sobre o que aconteceu em sua prisão. A introdução de personagens como a prodígio do xadrez e um policial aposentado traz uma dinâmica interessante. Suas habilidades precognitivas e envolvimento na trama de mistério se ligam a obras de ação hollywoodianas populares.

A arte de Sheng é um dos pontos altos aqui. Com um traço limpo e estilizado, ele captura a energia das cenas de ação por meio de uma coreografia precisa. Cada golpe, perseguição ou explosão tem o impacto visual necessário, dando a sensação de imersão num filme de ação. A obra também brinca com contrastes, entre o tradicionalismo da vestimenta de Yan e sua violência implacável, vide Kill Bill. A sensualidade, que poderia parecer forçada, acaba servindo para reforçar a dualidade da protagonista, que é ao mesmo tempo humana e sanguinária.

Por fim, a edição da Comix Zone é um luxo à parte. Com acabamento de alta qualidade, capa cartão, sobrecapa, papel de gramatura elevada e um brinde exclusivo. Yan já se apresenta como um item para colecionador. Mas, além da forma, o conteúdo não decepciona. A obra mistura de forma criativa elementos de ficção científica, mistério e ação, e entrega uma trama envolvente que só se intensifica nos momentos finais, deixando o gancho para o próximo volume.

Um comentário sobre “MB Review: Yan #1

  • Gostei da crítica. Ouvi falar a respeito hoje desta publicação. Vou procurar.

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