MB Movies: Samurai X: O Final (Rurouni Kenshin: The Final)
“Você realmente consegue fazer chover sangue”
Finalmente, o novo filme da série Samurai X (Rurouni Kenshin) está disponível em nosso idioma, intitulado “Samurai X: O Final”. O filme chega a Netflix com a promessa de encerramento épico a saga de Kenshin Himura.
O longa é centrado no tema do “julgamento dos homens” (que se opõem ao “julgamento divino”). Sendo este julgamento divido entre: aquele dado por Deus em que Ele poderá escolher em punir ou perdoar os pecados de Kenshin Himura em sua morte ou o julgamento dos homens, que é feito pelas vítimas de seus crimes do passado, que diferente do Kenshin, não conseguiram esquecer e vivem apenas por vingança, para fazê-lo sofrer como eles. E a principal delas é o antagonista do filme, Enishi Yukishiro, o irmão mais novo de Tomoe Yukishiro, que teve a sua vida ceifada acidentalmente pelas mãos do Battousai.
Falando no Enishi, mas que vilão mais espetacular, interpretado de forma grandiosa pelo ator americano-japonês Mackenyu Arata. Curiosamente, ele é filho do ator, produtor, diretor e artista marcial japonês Sonny Chiba (o qual pretendo em breve resenhar seus filmes). Além de ser mais jovem e mais rápido que Kenshin, ele também é muito inteligente e forte, porém, o mesmo não busca a glória de matar Kenshin Himura e nem se importa com quem o mate, contanto que sua vida seja ceifada no final.
Para mim, o ponto alto do filme é justamente o Enishi, por mais que todas as outras atuações sejam ótimas – como foram nos filmes anteriores e como a do próprio ator que interpreta o Kenshin, a Kaoru ou o Saito. Apesar de eu ainda não consigo gostar da forma como o Sano foi representado nos filmes, achando-o muito caricato e sua personalidade exagerada, o que está presente no mangá e anime parece não encaixar no filme, por mais que nesse em especifico não tenha tantas cenas dele.
Assim como os filmes anteriores, a caraterização dos personagens e cenários são belíssimos. As cenas de ação continuam primorosas, muito bem coreografadas e com praticamente nenhum uso de CG, os fãs de efeitos práticos – como é o meu caso – irão curtir ainda mais as tomadas presente na produção, que tem combates frenéticos e que ocupam boa parte da duração do longa. Particularmente, não achei cansativas as quase 2 horas e 20 minutos, já todas as cenas são empolgantes e de encher os olhos, ficando ao fim aquele “gostinho de quero mais”. E justamente por conter muitas cenas de ação, o filme não se aprofunda tanto em mostrar o passado de Kenshin em flashbacks, o que compreendo como uma decisão acertada, pois a película foi divida em duas partes, sendo a próxima mais focada no passado do Kenshin como Battousai. Vale destacar, principalmente, a luta final entre o Kenshin e o Enishi, que é um verdadeiro show à parte.Vale destacar também que, por mais que o filme seja uma adaptação relativamente livre do material original, respeita-se muito a sua fonte e preocupam-se com os mínimos detalhes, como as cenas do Kenshin lutando com a espada de fio invertido, já que quando temos cenas do seu passado, Kenshin usa a katana da forma normal. Até mesmo numa rápida cena, podemos observar a Tomoe dois ou três passos atrás do Kenshin (no Japão Antigo as esposas nunca andavam ao lado de seus maridos, estando sempre a alguns passos atrás).
Algo que não me recordo é se a trilha sonora dos outros filmes era tão boa. Nesse, curti todas as músicas, que dão mais sentimento as cenas. A banda One Ok Rock, que participou das trilhas anteriores, também está presente durante os créditos do filme.
Para os mais saudosistas, temos boa parte das vozes clássicas do anime, como por exemplo Tata Guarnieri de Kenshin e Denise Reis como Kaoru. Eu respeito e tenho um enorme apreço na dublagem brasileira, porém, tanto no anime quanto no live action, particularmente, prefiro as vozes originais. A voz do Tata Guarnieri, pra mim, não combina com o timbre de voz do Takeru Satoh (e olha que gosto muito do trabalho dele, principalmente na época que dava voz a um dos meus atores favoritos de artes marciais, Jet Li). O ponto positivo é que a Netflix disponibiliza também a opção de áudio original com legendas em português pra quem prefere mais o original, que é o meu caso.
Resumidamente, Samurai X: O Final entrega tudo o que os fãs esperavam e muito mais, se firmando novamente como a melhor adaptação em live action. O filme é um grande presente para os fãs que até hoje aguardam pela adaptação em anime do último arco do andarilho de cabelos ruivos e com cicatriz em forma de cruz. Ainda espero que um dia esse arco ganhe uma adaptação animada, com todo sucesso e força que a obra ainda tem não seria arriscado por parte dos japoneses em apostar num novo anime do personagem. Enquanto isso não acontece, ficamos com esse excelente filme e no aguardo pelo próximo que provavelmente será o capítulo final dessa incrível e bela jornada do humilde servo que, com sua Sakabatou, trilhou o caminho da paz para proteger as pessoas que ama, sem precisar mais ceifar outras vidas.