MB Review: A Música de Marie

A Música de Marie é um mangá emblemático com um universo muito interessante, abordando temas controversos de forma inteligente. Mesmo sendo uma obra curta, a história e a incrível arte do autor fazem dele um dos melhores mangás já publicados no Brasil em 2022.

Escrito e desenhado por Usamaru Furuya, A Música de Marie foi publicado originalmente entre os anos 1999 e 2001 na revista Comic Birz, da editora Gentosha e finaliza com dois volumes encadernados. No Brasil, a edição lançada pela NewPop compila os volumes originais em um. 

A história se passa num futuro onde a civilização que conhecemos não existe mais. Em seu lugar temos povos totalmente pacíficos, que vivem em um mundo que mistura diversos elementos visuais, entre eles o steampunk e o cyberpunk. Tudo é mantido em ordem por Marie, uma deusa estátua gigante que flutua nos céus e com engrenagens em seu interior. A trama acompanha Pipi, uma jovem que sonha em voar e é apaixonada por Kai, rapaz que com o misterioso dom de escutar sons que pessoas normais não conseguem ouvir, além de possuir estranhas marcas nas mãos e ter uma obsessão por Marie. 

Mesmo a obra sendo curta, elementos como romance, drama e mistério são trabalhados paralelamente, enquanto detalhes do mundo são apresentados. Esse é um ponto importante da publicação, já que o mundo é extremamente rico, e a forma como o autor detalha tudo é fantástico. Tudo o que envolve este mundo desperta muita curiosidade no leitor. Me arrisco a dizer que é um “desperdício” Furuya não aproveitar mais do universo tão rico que criou em uma obra mais longa ou em outro trabalho, mas funciona muito bem nesta publicação.

É um mangá diferente dos que costumamos ver pelo Brasil, mesmo que nosso mercado esteja se diversificando cada vez mais. E isso é ótimo. É uma história com muitas camadas e trata de temas como conflitos, religião, crenças e até mesmo transtornos psíquicos. Muitas coisas ficam nas entrelinhas, então recomendo ler o mangá ao menos duas vezes. Por falar nisso, na reta final da história somos pegos com uma sucessão de plot twists que despertam sensações mistas no leitor. Uma das melhores e mais interessantes leituras que tive no ano. Se pudesse definir a obra em uma frase, seria: nada é o que parece ser.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *