MB Review: Diário de uma cidade Litorânea #01

Diferentes vivências e sentimentos são compartilhados em Kamakura, uma pequena cidade litorânea. Diário de uma Cidade Litorânea, é como um afago que recebemos de quem gostamos no fim de um dia difícil. A obra foi publicada pela editora Shogakukan por Akimi Yoshida e pode surpreender com meras situações mundanas.

A obra de Akimi Yoshida é bem literal em seu título, trazendo a vivência de pessoas que residem em Kamakura, uma cidade litorânea. O primeiro tema a ser tratado é a morte, e embora tenha sido o que mais me chamou atenção em seu primeiro volume, está longe de se resumir a isto.

Três irmãs recebem a notícia do falecimento de seu pai. Uma pessoa que abandonou as garotas ainda crianças e, mesmo que incertas sobre seus sentimentos, decidem ir até seu enterro.

Falar sobre morte está muito mais relacionado aos seus efeitos do que na morte em si. Algo muito bem destacado pelo mangá, a morte bota em cheque as diferentes memórias que temos em relação aqueles que partiram. E nesse turbilhão de sentimentos a relação familiar parece ganhar peso, as irmãs têm diferentes perspectivas sobre o pai que as abandonou, ainda que nesse caso o mesmo não seja colocado como uma pessoa ruim, seja por conta das poucas lembranças, ou simplesmente tudo por ter acontecido a tanto tempo que não faz sentido nutrir tais sentimentos por alguém que se foi.

O primeiro capítulo estabelece o ritmo que devemos esperar dessa história, mas também nos apresenta o núcleo que nos conecta às diferentes histórias de Kamakura. Yoshino, Chika e Sachi são as irmãs Kouda, que são acompanhadas por Suzu Asano, meia irmã que se muda para Kamakura e passa a viver com elas após a morte do pai.

Os capítulos seguintes apresentam  Fuuta, colega de classe de Suzu e namorado de Yoshino. Ambos os capítulos não só se focam em personagens e temas diferentes, mas também são nomeados com base nos monumentos ou no folclore da cultura local, trazendo uma relação interessantíssima entre os habitantes e o lugar em que vivem.

A arte é boa, mas ganha mais detalhes e força quando opta por retratar paisagens de Kamakura. As cenas mais dramáticas em si sofrem um pouco para passar os sentimentos dos personagens, o que não chega a ser um problema em si, visto que o texto da autora compensa a falta de detalhes das expressões dos personagens. 

O primeiro volume de Diário de uma cidade litorânea mostra a força de uma história cotidiana. Longe de se tratar de uma obra que possa agradar todo mundo, merece ao menos a chance de uma primeira leitura.

Diário de uma Cidade Litorânea é a segunda publicação de Akimi Yoshida no Brasil. O popular Banana Fish foi sua primeira publicação, que colocou o nome da autora em evidência após sua adaptação animada.

Kamakura já foi a capital do Japão, sendo a principal cidade durante o Xogunato de Kamakura (1192-1333). Os diversos monumentos históricos citados no mangá são atrativos da cidade, que se tornou um importante centro turístico do Japão.

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