MB Review: Vitamin

Muito se comenta sobre a carga emocional que os mangás shoujo apresentam, em sua maior parte focados em uma relação romântica ou que tem a paixão como foco principal (pelo menos em sua grande maioria!). Porém, existem diversas variações que essa demografia consegue trabalhar. E uma história em específico consegue apresentar o drama, a podridão juvenil e a superação de uma forma quase nunca vista é Vitamin. 

Vitamin é um mangá em volume único, escrito e ilustrado por Keiko Suenobu, e lançado no Brasil pela Editora JBC. Conta a história de Sawako, uma colegial que acaba vítima do próprio namorado, exposta para os colegas de classe de forma humilhante, e sofrendo bullying de várias formas possíveis. A consequência é uma espiral de sentimentos da qual ela tenta desesperadamente escapar.

Sawako, desde o primeiro momento, é uma jovem extremamente carismática e inocente sobre relações humanas, após entrar em um relacionamento com um jovem de sua escola, acaba se submetendo a diversos desejos sexuais do seu parceiro apenas para se sentir amada e aceita. Porém, ela mesmo (mentalmente) sente repulsa do que faz, até que um grande incidente escolar envolvendo a relação dos dois ocorre: um dos colegas de classe acaba por ver o momento íntimo de Sawako. É aí que a narrativa começa a ganhar forma junto ao desandar da vida da personagem.

O que é apresentado após isso, são relações e personagens totalmente disfuncionais. As amigas de Sawako após saberem do incidente começam a culpá-la pelo ocorrido e iniciam uma avalanche de descriminação, preconceito e bullying. O namorado da mesma acaba por largá-la e sair isento da culpa, jogando tudo para cima de Sawako. E a personagem principal começa a ficar sem chão, sem entender o que fazer ou o porquê de todo esse ódio.

Vitamin é, além de uma história de superação, um ensaio sobre bullying e medo. É uma crítica a todo um sistema (não só japonês) educacional e social, onde o sexo feminino é visto apenas pela representação da fragilidade e portadora de toda a culpa. Aqui o gênero shoujo ganha uma camada extremamente crua e permeada pela dor e sofrimento. Com certeza, vale a leitura!