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MB Review: Ikkyu – Água

Após a conturbada infância de Ikkyu, acompanhamos o início de sua vida adulta e os questionamentos que ele enfrenta durante esse período. O que tornou ele um dos monges budistas mais reconhecidos do Japão? O início dessa resposta está aqui.

O primeiro volume de Ikkyu foi uma leitura satisfatória. Tudo naquela edição funcionou bem, mas faltou algo para me fisgar de fato. Talvez as nomenclaturas budistas, uma figura histórica que não é famosa em nosso país e uma temática tão distante para os ocidentais possam ter me causado essa sensação. Mas nessa segunda edição a coisa engrena e senti que aquele “temperinho” que faltou antes, está aqui.

Continuamos acompanhando o monge, que passa a ser chamado de Ikkyu, em suas andanças pelo Japão. Após a morte de seu antigo mestre, ele vai para um outro templo, onde enfrenta novas provações e até acaba involuntariamente se tornando “rival” de um outro monge que habita o lugar. O volume 1 foi mais focado na infância e no início da vida monástica de Ikkyu, e aqui, já vemos o primeiro vislumbre do motivo pelo qual ele ficaria conhecido até os dias atuais no Japão. 

É uma leitura madura. Acredito que quanto mais bagagem o leitor tiver, mais vai aproveitar a obra e traçar paralelos com sua própria realidade. É o tipo de coisa que dificilmente vai agradar o grande público do mangá no Brasil, por ser algo mais introspectivo e bem distante dos shounens de luta (que eu também amo), mas a proposta aqui é outra. Eu recomendo muito, pois assim como Fênix, de Osamu Tezuka, Ikkyu é aquele mangá que te faz pensar sobre certas coisas. Uma das passagens mais marcantes desse segundo volume para mim é quando uma senhora misteriosa diz para o monge: “Quando se é jovem, é bom que viva feliz e alegre. É isso, assim que tem de ser. Se começar a pensar demais, não terá fim…”. Ela diz isso em um momento onde o jovem enfrenta dilemas sobre sua vida e seu passado, bem como suas motivações em seguir sendo um monge. Isso me fez refletir, já que é algo que em algum momento da vida, todo adulto sente.

Ikkyu existiu, mas não sei precisar quais acontecimentos realmente foram fatos, e quais foram inseridos pelo autor na trama. É uma leitura com um ótimo panorama histórico do Japão. Tudo isso desenhado de forma magistral por Hisashi Sakaguchi. A trama apresentou uma grande evolução desde o primeiro volume, e espero que continue assim pelos próximos dois que ainda estão por vir.

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