MB Review: O Homem do Vento Cortante (1960)
Ao sair da prisão, um jovem yakuza, com seu irmão, decide dar as costas à vida criminosa em vez de assumir a posição de seu pai recentemente falecido, chefe do clã Asahina. Mas sua saída se mostra mais difícil do que o planejado quando seu clã rival intervém para se vingar.
Dando início ao último disco da coleção “Cinema Yakuza – Volume 5” da Versátil Home Vídeo, temos “o homem do vento cortante” do diretor Yasuzo Masumura e é estrelado pelo polêmico escritor Yukio Mishima que anos mais tarde viria cometer haraquiri. Em”O homem do vento cortante” o senhor Mishimi interpreta Takeo, um chefe da yakuza que acaba de ser liberto da prisão após mutilar um chefe rival da yakuza. Ele retorna para casa e acaba em um romance com uma moça (interpretada pela atriz Ayako Wakao) que trabalha em um cinema de propriedade de sua família.
A trama gira quase que inteiramente nesses dois personagens e no seu relacionamento, porém o amor que eles desenvolvem é apressado e não é nada crível. O que torna tudo ainda mais complicado é por ser um relacionamento abusivo, diversas vezes a personagem da Ayako Wakao apanha até mesmo quando está grávida, apesar da ousadia dos roteiristas em incluir tais cenas pesadas chega ser incômodo, o casal não possui química alguma e só torcemos que esse abuso acabe quanto antes. A história seria mais cativante se focasse no conflito entre as duas famílias rivais da yakuza, ao invés do romance problemático e desprovido de carisma.
Considerando que essa é a primeira vez que assisto a uma obra do Yukio Mishima, posso afirmar que sua atuação aqui é bastante convincente. Ele interpretou com sucesso um yakuza extremamente detestável e cruel. A cada momento dele em cena, eu ansiava que a justiça se realizasse sobre ele. Já a Ayako Wakao também entrega uma boa atuação por mais sendo do típico papel cansado de “mulher de malandro” que só apanha e continua no relacionamento abusivo, ela entrega o que é proposto nos roteiros. Todavia, todo o elenco do filme é esquecível, até mesmo o personagem que é um assassino asmático é pouco aproveitável, praticamente nada sabemos dele e não é desenvolvido, um dos maiores desperdícios desse longa diga-se de passagem.
A mensagem do filme “O Homem do Vento Cortante” é clara: os roteiristas queriam dizer que os Yakuza não são humanos e não podem amar. Para a época, essa obra pode ter sido chocante. No entanto, sinto que envelheceu mal e não me cativou. Reconheço seu valor histórico, mas não é um filme que planejo rever no futuro.