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MB Review: Ikkyu #3

Um dos monges mais icônicos do Japão continua na sua peregrinação pelo país, sobrevivendo a base de doações e de bicos, como o de fazer e vender chinelos de palha. A evolução do personagem é uma coisa perceptível nesse terceiro volume. O monge, que antes chorava e questionava o porquê passar por aquelas situações, já que é um filho bastardo do Imperador, passou a aceitar sua vida e a considerar que todos os acontecimentos até então, lapidaram sua personalidade. 

Por ser uma pessoa que existiu, algumas de suas citações são conhecidas e lembradas até os dias de hoje. A personalidade marcante de Ikkyu ainda é referência para muitos japoneses. Mesmo que o mangá tome algumas liberdades criativas em relação à vida desse monge, já que nem tudo está amplamente documentado, algumas lições que ele dá são muito bonitas e realmente despertam pensamentos fortes. O protagonista, que mudou drasticamente seu estilo de vida e a forma de enxergar o mundo após passar por diversas situações durante sua vida monástica, leva a vida de uma forma mais simples e não se prende às convenções da religião, por mais que nunca tenha, de fato, abandonado sua fé. É bonito perceber isso. A filosofia do personagem é tão instigante que nesse volume ele ganha um aprendiz, mesmo mal tendo onde dormir e o que comer.

Apesar da quadrinização ser boa, a leitura às vezes não flui de forma satisfatória. Os textos complexos e cheios de referências a coisas específicas do Japão antigo e da linguagem monástica, quebra o ritmo. Isso não é necessariamente um ponto negativo, já que o propósito da obra é esse. Contudo, para nós, brasileiros, certas coisas são muito distantes e até difíceis de compreender. Dito isso, não posso deixar de elogiar o excelente trabalho de tradução e o “parrudo” glossário no fim do volume, explicando todos esses termos e pontuando acontecimentos históricos. 

Ikkyu é um mangá que tem me agradado, é algo diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil. Mas é o tipo de leitura profunda, recomendada para aqueles que já são iniciados nos quadrinhos e procuram leituras mais adultas que não partem para a violência ou apelo sexual. 

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