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MB Review: Sunny vol. 03

 “Quem inventou o amor?
 Me explica por favor
 Enquanto a vida vai e vem
 Você procura achar alguém
 Que um dia possa lhe dizer
 Quero ficar só com você
 Quem inventou o amor?”

 Legião Urbana, Antes da Seis. Álbum Uma outra estação. 

É, meus caros, chegamos ao final de Sunny e confesso que é difícil não se emocionar e, principalmente, é difícil dar adeus à obra.

Esse volume é derradeiro para explicar algumas pontas soltas e para entender a mensagem que o autor quer deixar como marca da obra. Lembrando que Sunny é um slice of life acima de tudo, ele não tem um começo e não tem um fim, mas tem uma mensagem impactante.

O primeiro volume serviu para a apresentação dos personagem do Internato Hoshiko e o segundo volume para mostrar os problemas vividos pelos personagens.

Para entender o ponto de vista que Taiyou Matsumoto quer nos mostrar, três personagens são o centro desse volume final. Sei, Haruo e Mikami. 

O fato dessas crianças serem abandonadas por razões totalmente distintas e como cada uma delas trata a falta de perspectiva e, principalmente, a falta de sentimentos e estabilidade emocional na formação de caráter é o ponto abordado… Outros personagens são citados nesse volume, mas a situação das três é o destaque de toda a obra. 

Sei e Mikami são crianças mais quietas e tímidas, porém com uma revolta interior tão forte quanto Haruo, que extravasa sua ira em atitudes rebeldes. No fim, elas sentem a mesma raiva e frustração por não terem uma família próxima.

 

 

O desenvolvimento final desses três personagens e suas atitudes são o ápice desse volume. A mensagem é que há um limite para as ações e que mudanças acabam evoluindo as pessoas e, sim,  que às vezes o amor não basta para resolver determinadas situações.

Falar que não havia amor e dedicação dos responsáveis do internato é não entender a obra. Há um sentimento louvável e também muita frustração por não conseguir preencher o coração daquelas crianças e o clímax disso é visto quando uma situação extrema e inesperada acontece. A vida passa, as pessoas também, e elas evoluem se quiserem, mesmo sonhando com algo utópico para elas.

Sunny nos ensina isso com louvor, numa narrativa delicada e singela, onde dias bons e ruins acontecem e, mesmo que a vida daquelas crianças seja totalmente triste, ainda há esperança. E, mesmo quando não há esperança, a vida precisa continuar e ser vivida. E o rumo desses três personagens em si, passam ao leitor, com clareza, a mensagem do autor.

E há um bônus muito singelo, porém significativo. Existe um motivo bem específico para a obra se chamar Sunny, explicado nas últimas páginas, num epílogo que emociona, se o leitor estiver imerso na obra.

Um ótimo slice of life tem que passar a sensação de “quero mais”, mesmo sabendo que o pedaço da vida daqueles personagens foi cumprido. Sunny fecha as pontas e deixa a saudade dos personagens e a vontade de olhar um pouco mais, querendo saber mais sobre eles. 

Sunny cumpriu isso com perfeição, numa narrativa e desenvolvimento para poucos leitores. Com uma arte bem específica e com uma sensibilidade fantástica, é uma excelente obra para um público bem diferente do que vemos nos mangás no Brasil.

Sentirei saudades do mangá, e que venham mais títulos assim para o nosso mercado.

Sunny é uma obra de Taiyou Matsumoto, mesmo criador de obras incríveis como Tekkon Kinkreet (publicado aqui no Brasil pela editora Devir) e Ping Pong (anunciado pela editora JBC). A obra foi publicada entre 2010 e 2015 na revista Ikki (local de obras como Happiness) da editora Shogakugan. No Brasil a obra é lançada pela editora Devir desde de 2020, completa 3 edições.

Se quiser adquirir Sunny, dê uma passada na Amazon! Agradecemos a editora Devir por disponibilizar a obra com antecedência para nossa leitura! Obrigado!

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