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MB Games – Devil May Cry 1

A Capcom, softhouse/publisher, estava em alta. Sucessos como Street Fighter Alpha, Rival Schools, Dino Crisis e principalmente Resident Evil, caíram no gosto da crítica especializada e do público. Hideki Kamiya, um dos criadores de Resident Evil e diretor de Resident Evil 2, foi incumbido de planejar o sucessor do bem sucedido Resident Evil 3. Determinado em caminhar para uma ambientação mais retrô e gótica, Kamiya decide ir com sua equipe de arte para Espanha em busca de inspiração para o novo jogo da franquia de Survival Horror. Lá eles encontraram referências de construções e paisagens, o que também acabou servindo para o jogo original Resident Evil 4, mas a grande maioria do material registrado fugiu da temática proposta para a franquia. O que fazer com esse material? 

Foi decidido que uma nova IP (Propriedade Intelectual) seria criada e, para isso, Kamiya teria o reforço de Shinji Mikami, outro criador de Resident Evil, na elaboração de um enredo que se encaixasse melhor com o material retirado da viagem a Espanha: uma história envolvendo demônios.

Possuindo a temática e a ambientação, faltavam os personagens e a mecânica do jogo. Como era um jogo de um caçador de demônios, nada melhor do que um protagonista chamado Dante, alusão ao conto de Dante Alighieri, A Divina Comédia. Mas e a personalidade dele? Foi aí que entrou o conhecimento de mangás de Kamiya em ação. A personalidade “cool” e “debochada” veio do personagem Cobra, mangá de mesmo nome por autoria de Buichi Terasawa, que foi publicado na Weekly Shounen Jump entre 1978 a 1984. Cobra era “badass” na época, canastrão, falador e arrogante. Uma personalidade marcante e pouco vista no games até então. 

Também faltava a mecânica a ser seguida, e era um tendência da Capcom em mudar a mecânica do Resident Evil para o PS2, mas um outro jogo que também estava em produção, Onimusha. O jogo dos Samurais tinha um bug que alguns monstros ficavam tempo demais no ar e não morriam. Kamiya então fez deste bug a jogabilidade de Devil May Cry e foi um sucesso. Os ataques cheios de marabalismos e combo infinitos com suas duas armas, Ebony & Ivory, e sua espada, Rebellion, é sua marca registrada, sendo referência de um estilo bem específico de jogo, o  Hack n’ Slash.

Como é a história? Dante é filho do demônio Sparda e da humana Eva. Após a morte misteriosa de sua mãe, ele resolve se tornar um caçador de demônios e abre o escritório Devil May Cry, onde cuida de assuntos que a polícia não conseguem solucionar. Num belo dia, Dante recebe em seu escritório uma mulher desconhecida, a sensual e misteriosa Trish, que, após testar suas habilidades, lhe contrata para uma missão na ilha de Mallet.  Começa então a jornada de nosso protagonista, que irá mexer profundamente com o seu passado e colocar em risco o seu futuro.

Um dos pontos fortes de Devil May Cry é a sua jogabilidade insana. Não há um momento que você para e respira. São hordas de demônio e uma variedade de formas para  acabar com eles, através dos combos com upgrades de armas variáveis, tornando o efeito de repetição diferente a cada jogatina. Junta-se isso aos bons puzzles e elementos de games de plataforma, tornando-o frenético. A variação dos inimigos é boa, e os chefes apresentam um bom grau de dificuldade, tornando a gameplay prazerosa. 

A história é muito boa e bem construída, com um bom plot-twist e um excelente clímax. Complementa-se com bons personagens, principalmente os principais e, claro, o protagonista Dante. Os gráficos eram bons, com um tom gótico e sombrio, mas pode desagradar os jogadores mais novos, porém combinam muito bem com a excelente trilha sonora, baseada em muito rock n’ roll.

Devil May Cry é facilmente encerrado de seis a sete horas de jogo e tem diversos modos de dificuldades. Sua repercussão na época foi muito boa, tendo como nota no site do Metacritic a marca de 94, e virou uma referência do gênero, iniciando uma franquia com diversos produtos, como mangás e animes, e outros jogos nos anos subsequentes.

Jogar Devil May Cry é uma experiência eletrizante, prazerosa e, de certo modo, recompensadora. Recomendado para quem gosta de jogos de ação frenética com uma boa história. Você pode encontrar esse jogo em praticamente todos os consoles dos anos 2000 até os dias de hoje, inclusive os mais recentes. Você pode jogá-lo na coletânea Devil May Cry HD Collection, disponível para PS5, Xbox Series X , PC (via Steam e Epic Game Store) e no Nintendo Switch.

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