MB Review: Gigant, de Hiroya Oku
A insana mente, responsável por Gantz e Inuyashiki, Hiroya Oku, lançou um novo mangá que vem dado o que falar. Gigant, a história de um garoto do ensino médio que encontra sua atriz pornô favorita em seu bairro.
Tentaremos não dar spoilers muito grandes por aqui, mas para entender melhor o contexto da história, traremos informações referente aos primeiros vinte capítulos, mais ou menos, o que equivale até o início do volume 3, sendo que todos eles podem ser encontrados aqui.
A história acompanha Rei, um estudante do ensino médio, filho de um cineasta. Seu maior sonho não poderia ser outro senão ser um diretor de cinema. Como qualquer adolescente, Rei é fã de pornografia e acaba ouvindo que Papiko, sua atriz favorita, está morando em seu bairro. Então, por uma coincidência do destino, ele acaba encontrando-a e começam a desenvolver uma amizade.
Porém, a vida de Papiko muda quando um estranho a aborda e coloca um dispositivo em seu pulso fazendo com que ela fique gigante. Ao mesmo tempo, um site misterioso começa a fazer votações para que algumas coisas impossíveis aconteçam, como uma chuva de merda.
Para quem ficou perdido durante a explicação e a sinopse, não se preocupe. A gente também ficou perdido lendo. Gigant é dinâmico e constantemente joga informações na nossa cara, muitas vezes sem que elas tenham de fato alguma conclusão ou explicação.
Infelizmente, Gigant acaba por deixar um gosto amargo na boca pelo potencial não aproveitado. Muito do que é retratado no início da obra aparenta começar a discutir questões interessantes, como o fato da sociedade não enxergar atrizes pornográficas como “seres humanos”, legando a elas apenas o status de “fetiche”; como é o relacionamento das pessoas ao redor de alguém que trabalha na área e seus preconceitos; a própria relação que a atriz tenha com a indústria na qual trabalha; e como muitas coisas bizarras acabam se tornando fetiche na mão desta indústria.
Todos estes pontos são muito importantes e muito relevantes para discussões. E o mangá dá uma pincelada neles, mas de uma forma tão leve e abrupta que não pode dizer que realmente discutiu isso como poderia. Além, é claro, do autor se “auto referenciar”, fazendo propaganda de Inuyashiki e Gantz no meio da história, sendo um boné com a marca deste último, uma das roupas mais comuns de Papiko (quando ela está usando roupas).
Pode ser que mais adiante na história, estas questões sejam discutidas ou o mangá conecte tudo o que foi jogado até o momento, mas uma obra não pode se valer apenas do argumento de “mais pra frente fica bom”, e sim, mostrar a que veio desde o início e desenvolver estas coisas com o passar do tempo.
Caso queira apenas aproveitar alguma história descompromissada ou simplesmente ver a bizarrice pela bizarrice, Gigant pode ser um mangá para você; mas não espere muito além do que Oku já trabalhou em suas outras obras, como mulheres nuas constantemente e ameaças alienígenas. Caso goste de um mangá que você sinta que algo está sendo trabalhado ao invés de mil coisas diferentes jogadas na sua cara, ou que as críticas não são rasas, não é um mangá que aconselho buscar.
O mangá atualmente está em seu sexto volume em publicação no Brasil, pela editora Panini.