MB Review: Paradise Kiss – O amor está na moda

Eu e Parakiss, Parakiss e eu

Quando o mangá saiu pela primeira vez no Brasil pela Conrad em 2007, lembro que ouvi de uma amiga que “a bíblia dos mangás” seria publicada. Oras, essa expressão me intrigou um pouco. Tempos depois, quando estávamos na revistaria para comprar o volume 01, ela me disse que “Paradise Kiss é leitura obrigatória para todos que amam mangás” e me deu de presente o primeiro volume. Voltei para casa animada, com meu mangá de capa prateada e sem saber que, dentro daquelas páginas e balões, me aguardava uma história que mudaria minha vida.

Ai Yazawa mexe com a gente. A sutileza que ela possui para abordar temas complicados e situações delicadas é como um curativo. Com leveza, carinho e uma seriedade imensa, a autora consegue com maestria discorrer sobre tantos e tantos temas num mangá tão curto, apenas cinco volumes. A autora já brilhou bastante em Nana, projeto que infelizmente ainda segue paralizado, e em Gokinjo Monogatari, uma espécie de prequel de Parakiss. 

Todos aqueles que me conhecem já devem ter me ouvido falar de Parakiss pelo menos uma vez na vida. E quando a Panini anunciou que uma nova versão seria publicada no país, não foram poucas as mensagens que recebi para me contar a novidade: Mari, seu mangá favorito vai ser relançado!

Eu literalmente contei os dias para o lançamento dessa versão e cada novidade, cada detalhe de aprovação, cada notícia, meu coração palpitava mais forte. Num misto de ansiedade e euforia, recebi meu volume 01 da Editora Panini e, meus amigos, confesso que fiquei emocionada com a qualidade e o tratamento que essa obra recebeu. 

 

A edição

Antes de comentar sobre a história, preciso falar sobre a edição física da Panini. Está primorosa! Num formato padrão 15x21cm, 185 páginas em offset, capa cartão com orelhas e efeito localizado em todas as capas e lombada. Acompanha marcador de páginas (melhor parte) e, de acordo com o anúncio, todos os volumes terão um marcador pra chamar de seu (esse é o plano!). 

As ilustrações da capa são as mesmas usadas na edição deluxe italiana, com a diferença de cores e efeitos exclusiva da brasileira. Sem dúvidas, a edição nacional da Panini é uma das mais bonitas que já vi para o mangá. 

Caroline 

Yukari Hayasaka precisa focar no vestibular. Está no terceiro ano e em breve terá que escolher sua profissão, seu curso e decidir o que será da sua vida de agora em diante. Afundada nos estudos, vive a vida automaticamente da escola para o cursinho, do cursinho para casa, num loop sem tempo a perder. Afinal, só se é alguém se você for bem sucedido, tirar boas notas e cursar uma boa faculdade. É nisso que os pais de Yukari acreditam e era o que a jovem também acreditava… era? 

É em um desses dias repetidos e corridos que a jovem esbarra com uma pessoa um tanto “peculiar” na rua. Nada alinhado, cabelos espetados e piercings feitos de alfinetes, o rapaz que está em frente a Yukari parece ter saído de um desenho animado (ou de um noticiário de gangues!). Sem tempo a perder, ela ignora o rapaz e seu pedido para que o esperasse.

O que ela não imaginava era que logo mais a frente iria esbarrar numa mulher mais peculiar ainda. Alta, pomposa e de uma aura enigmática que faz Yukari pensar estar diante do próprio Shinigami. Isabella, segura essa garota! Foram as últimas palavras que Yukari ouviu antes de desmaiar nos braços do “anjo da morte”. 

Enquanto ela questiona o que fez de errado na vida para merecer uma morte precoce, desperta lentamente num lugar bastante exótico, cheirando a incenso e a primeira coisa que vê ao abrir os olhos é um “anjo de cabelos cor de rosa”. Ok. Yukari não morreu, mas está, pela primeira vez, no Paraíso. 

Paradise Kiss. Nome do atelier cor de rosa choque para onde Yukari foi levada por Isabella — o Shinigami —e Arashi, o jovem rebelde. O anjo cor de rosa é Miwako e os três amigos compõem o time de costureiros. Estudantes da escola de moda Yazawa, eles estão em busca de uma modelo e Yukari se enquadra perfeitamente nas especificações para tal. 

Lembram da máxima de Yukari que citei logo acima? Então: só se é alguém quando se estuda e entra numa faculdade séria e se é bem sucedido. Costureiros? Modelo? Fracasso. O erro de Yukari foi verbalizar seus preconceitos para aqueles três jovens estranhos, mas cordiais. Ofendido — e não por pouco — Arashi briga com Yukari, pois afinal eles também estão levando a vida a sério ali. Não é um escritório, não estão de terno e social, mas é um trabalho sério e envolve sonhos e perspectivas, dedicação e idealização.

É nesse breve momento de surto que Yukari rasga o verbo e sai correndo do Atelier para nunca mais voltar (?). E também é nesse momento que Miwako vai atrás da garota e a grita para que ela volte:

— Caroline! — chama a pequena cor de rosa.

Mari, você está dizendo até agora que o nome da menina é Yukari, e agora a personagem chama ela de Caroline? Comassim? Caroline foi uma forma bonita que Miwako encontrou para chamar aquela garota que ela não sabia o nome verdadeiro, afinal, em meio ao susto do desmaio e a briga com Arashi, Yukari não chegou a se apresentar formalmente. E se o apelido dá um belo nome artístico para a futura modelo, por que não?

 

Yukari está cansada. Quem não estaria? A vida de uma vestibulanda pode ser o verdadeiro inferno. A pressão dos estudos, da família, da escola, das notas… Toda a ansiedade e incerteza que a juventude carrega está estampada na jovem. Ela se questiona sobre tudo isso e pensa constantemente na frase de Arashi. Eles não estão brincando com aquelas máquinas de costura.

Ela pensa e pondera sobre aceitar o convite. Talvez uma atividade extra classe seja bom para distrair e, dentro dela, o sentimento de querer voltar ao Paradise Kiss é imenso.

É neste momento da história que somos apresentados a “Ele”. George. Ah, George. 

O último dos Parakiss, George é o estilista. Prepotente, arrogante e convencido, o moço sabe que é o melhor e não tenta nem disfarçar. Seus olhos e cabelos azuis deixam tudo mais difícil, é complicado não se apaixonar. 

George vai ao encontro de Yukari em seu colégio, afinal a jovem esqueceu sua carteirinha de estudante no atelier. Gentilmente, ele oferece a devolução, com a condição de que a jovem Caroline vá pessoalmente buscar. Talvez, ela devesse mesmo ir e pedir desculpas por ter sido rude com o grupo. Talvez, ela quisesse mesmo ir e aceitar o convite para ser modelo. Talvez, ela quisesse ser parte do Paraíso. 

George oferece carona para levá-la ao porão cor de rosa choque e ela aceita. Porém, os planos do estilista eram outros… Ele leva a jovem para o Colégio Yazawa e somos apresentados ao mundo da moda! Yukari fica inebriada ao ver tantas pessoas diferentes, tantos jovens estranhos como aqueles que ela conheceu mais cedo. Todos eles têm um sonho, um propósito, querem ser alguém na vida, mas são diferentes dela. E não estão errados e nem estão brincando. 

Como os planos de George sempre são certeiros e Yukari sempre dança conforme a música do muso ciano, ela acaba dentro de um camarim para ser arrumada e penteada por um dos professores do colégio. Seria este o primeiro passo para a vida de modelo? Ela só queria reaver sua carteirinha…

Maquiada e de penteado novo, Yukari provou ali o gosto do que é viver na moda. Um gosto doce, com aroma de incenso e morangos. E se ela aceitasse o convite? Estava cansada. Não via mais sentido em tudo aquilo que era sua vida, naqueles estudos, naquela pressão. No atelier as coisas pareciam ser mais leves, a vida parecia ser mais bem vivida. Os estudantes de Yazawa pareciam ser mais realizados consigo mesmos, os sonhos mais concretos e mais reais. E se fosse essa a vida que ela buscava?

 

 

Caroline aceita o convite

Culpada, Caroline pede desculpas à trupe de costureiros. Eles são pessoas reais, com ambições reais, sonhos e metas. Não estão brincando com máquinas de costura. E eu acredito que essa é a principal lição deste primeiro volume (e destes dois primeiros capítulos. Sim! Esses acontecimentos são apenas dos dois primeiros capítulos do volume 01). Quantas vezes julgamos — ou somos julgados — por não caber dentro dos parâmetros de outrem? Por termos ideais diferentes, por não seguirmos os moldes ou por não nos encaixarmos no formato padrão que esperam de nós? E, ao mesmo tempo, quantas vezes não desejamos ser ou viver diferente do que somos hoje, diferente do que esperam ou projetam para nós, uma nova vida — mais rosa e com cheiro de morango?

Caroline aceita o convite para ser a modelo de Parakiss por estar encantada com a realidade que descobriu, por admirar a originalidade daqueles que se tornarão seus melhores amigos, por estar enamorada pelos hipnotizantes olhos azuis de George e, principalmente, por estar desesperadamente estafada de sua realidade estudantil. Novos caminhos, novas amizades, novos planos. Tudo isso, e muito mais, aguardam Yukari no porão rosa choque. 

 

Esse foi um breve resumo do que a história reserva para quem busca, nesse copilado de cinco volumes, muitas lagrimas e sorrisos. Parakiss aborda não somente os dilemas do início da vida adulta e do fim da juventude iminente, mas fala sobre o primeiro amor, sobre relacionamentos abusivos, responsabilidade emocional, representatividade, profissão e carreira, autoestima, aceitação, amor próprio e, principalmente, fala de amizade. Mostra que não importa o quão sozinhos nós nos sentimos, nunca estamos de fato só. Sempre tem alguém que vai acreditar em nós, mesmo que a gente mesmo não acredite. 

Venha você também descobrir como é a vida neste atelier. Apaixone-se por George e Yukari, encante-se com Isabella, viva o amor de Arashi e Miwako e seja você o destaque desse desfile de modas. 

Você pode adquirir seu exemplar de Parakiss na Loja Panini, na Amazon ou nas lojas parceiras Geekpoint e Anime Hunter

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