MB Especial – Iniciativas para o artista nacional

Hoje, dia 12 de Agosto, é o dia do Artista Nacional. Infelizmente, artistas em nosso país não têm tido incentivos para sua profissão, fato esse que se desmembra para diversas outras áreas. Viver de sua arte é uma tarefa praticamente impossível e são diversos os artistas que já perceberam isso, inclusive conseguindo mais rendas vendendo cursos sobre desenho ou escrita criativa do que realmente escrevendo. Entretanto, indo na contramão de toda essa realidade difícil para os artistas, talvez até para dar um pouco de esperança a quem ainda gosta de se aventurar nessa área, vamos falar um pouco sobre iniciativas que temos tido a favor de artistas nacionais, com foco em mangás.

Financiamento Coletivo

É justo começar essa lista com o mais conhecido e um dos meios mais utilizados: o financiamento coletivo. Basicamente, uma plataforma em que você divulga seu projeto, explicando um pouco sobre e dizendo abertamente quanto precisa. Se as pessoas gostarem do seu projeto, o apoiam e, com isso, ganham recompensas. Os apoios podem ser tanto uma vez só quanto uma assinatura para que você possa doar mensalmente um valor.

A plataforma mais conhecida para financiamentos coletivos é o Catarse, e tem se tornado uma alternativa bem conhecida para todos os artistas. Inclusive, algumas editoras têm crescido sendo completamente independentes, como a editora Skript e a Wish. O problema do financiamento coletivo é que, geralmente, o fato de que o autor precisa ser tudo. Além de desenhar seu quadrinho, precisa trabalhar no marketing, na edição, na parte logística, financeira e administrativa, além de manter seu público sempre atualizado em todas as redes sociais. Outras plataformas de financiamento incluem o Apoia-se e o Kickstarter.

Infelizmente, muitos artistas ainda veem a publicação independente como uma forma inferior de publicação. Mas é um cenário que vem mudando. Então, se você é um artista e quer publicar seu livro físico, dê uma olhada no Catarse. E se você é um entusiasta de quadrinhos, dê uma olhada para apoiar alguns projetos lá! Você pode se surpreender com muita coisa!

E se quiser conhecer mais sobre, recomendo que dê uma olhada no livro Crowd, o guia de financiamento coletivo para livros, publicado pela editora Wish que mencionamos acima, contando diversas questões para que você possa iniciar sua jornada no Catarse.

Tapas, Fliptru e outros

Agora, se você não tem pretensão de uma publicação física, existem diversos sites nos quais você pode publicar, sendo uma versão do Wattpad para quadrinhos.

Destaco aqui o Tapas e o Fliptru, mas existem diversos outros, lotados de histórias interessantes e que podem ser lidas de forma gratuita! Além disso, este método acaba ajudando com que pessoas conheçam seu trabalho e, futuramente, você possa lançar uma versão física de sua obra, seja por financiamento coletivo ou por alguma editora.

Deem uma olhada nessas plataformas, ambas tem tanto site quanto aplicativo e muitas histórias que podem surpreender.

Action Hiken e Almanaque Guará

Existem também alguns projetos voltados à publicação de quadrinhos nacionais de uma forma bem parecida com a que conhecemos no Japão. No decorrer de 2011, conhecemos aqui no Brasil a revista Ação Magazine, que tinha a proposta de juntar alguns mangás nacionais em publicações semelhantes ao que conhecemos da revista Shonen Jump. Infelizmente, a iniciativa do quadrinista Alexandre Lancaster durou apenas 3 edições se encerrando em Outubro de 2012, porém não é a única publicação nesse estilo.

Em 2015, o Estúdio Armon iniciou uma iniciativa interessante. Uma revista, gratuita e mensal, publicada online, em que diversos mangás nacionais foram disponibilizados. A revista, chamada Action Hiken, continua até hoje, estando na edição #69 e consegue trazer diversos gêneros de histórias das mais interessantes. E, assim como nas revistas japonesas, após um título ter um determinado número de capítulos, este ganha um encadernado, feito através de financiamento coletivo.

Além disso, constantemente, o Estúdio abre concursos tanto para participar da própria revista quanto para revistas próprias temáticas, chamadas Action Plus, com direito a prêmio em dinheiro e mentoria para o primeiro colocado.

Uma outra editora que tem seguido esta proposta é a Universo Guará. Desde sua reformulação em 2019, a editora tem trazido diversos conteúdos brasileiros interessantes, entre eles a revista Almanaque Guará, uma revista que tem buscado publicar várias histórias diferentes, desde projetos da própria editora até um conteúdo independente.

Tendo 4 capítulos por revista, em uma média de 120 páginas, o almanaque é mensal e tem o preço de R$29,90. Nele temos publicações de 3 artistas da editora e um quadrinho independente. Inclusive, a editora está atualmente com uma convocatória para publicações novas indo até dia 26 de Setembro.

Ambas as revistas citadas são ótimos incentivos para que possamos consumir e até publicar cada vez mais quadrinhos nacionais. Então recomendamos que fique de olho em ambas pois cada qual a sua maneira, é uma valorização do nosso mercado aqui pelo nosso país.

Silent Mangá Awards

Internacionalmente falando, também estamos muito bem representados e vamos falar de um dos prêmios mais conhecidos da atualidade para os fãs de mangás. O Silent Mangá Awards.

Criado pela editora Coamix em 2013, a premiação já conseguiu mais de 4.987 mangás inscritos desde sua primeira edição. O prêmio é chefiado por Nobuhiko Horie, ex editor sênior da Shonen Jump e entre os autores que julgam os trabalhos estão Tsukasa Hojo, autor de City Hunter e Tetsuo Hara, autor de Hokuto no Ken.

As inscrições consistem em mangás sem fala alguma, com um tema pré-determinado para aquela edição. Cada autor pode enviar quantas obras quiser e suas obras são avaliadas em algumas categorias diferentes, tendo diversos prêmios, tanto em dinheiro quanto viagens para o Japão para tentar uma carreira lá.

O Brasil tem se mostrado presente nesta competição desde o início, quando logo em sua segunda edição, o autor Ichirou ganhou o prêmio Grand Prix com o mangá Father ‘s Gift e a cada edição, nosso país tem representado mais e mais. Na última edição, por exemplo, fomos, junto com a Itália, o único país a ter dois vencedores!

E além de termos diversos artistas vencedores, também somos o segundo país com a maior quantidade de envios. O site conta com um mapa mostrando quantos mangás foram enviados por região e a região que aborda o Brasil e a Bolívia conta com 1040 envios! Isso é mais de 20% de todos os mangás registrados na premiação.

Além de Ichirou, nomes como Max Andrade, Kaji Pato, Daniel Bretas e alguns outros que citamos aqui já participaram e ganharam.

Atualmente, as inscrições para a 16ª premiação não começaram, mas fiquem de olho pois a qualquer momento uma nova temática pode começar. Caso queira conhecer mais, todos os quadrinhos vencedores estão disponíveis para leitura gratuita no site da Silent Manga Audition.

Publicação de Editoras

E não poderíamos deixar de fora uma iniciativa das editoras de mangás do Brasil. Deixamos pro final para fechar com chave de ouro, pois o crescimento disso apenas mostra como quadrinistas e mangakás brasileiros podem crescer e ter seu mérito dentro do próprio país e ser reconhecido pelas editoras de mangás.

Começando por um dos mais recentes, temos a publicação de Rei de Lata, o mangá nacional de aventura do Jefferson Ferreira, pela editora NewPop. Além da edição linda e totalmente colorida, a editora também anunciou que em breve publicará Lebre e Coelho, de Alec, um romance LGBT.

As demais editoras também não ficam atrás, como o selo Start da JBC com a ideia de publicações nacionais. Atualmente, a editora tem o romance The Flower Pot, de Amanda Freitas; e a aventura Teerra & Windy de Cah Poszar no selo. A editora sempre demonstrou um forte apelo apoiando o mangá nacional. Em 2014, iniciou um concurso chamado Brazil Mangá Awards, que fez uma seleção de mangás nacionais para serem publicados na revista Henshin Mangá. O concurso teve três edições e três volumes publicados com a coletânea de histórias vencedoras, mostrando o talento de diversos autores brasileiros.

A editora Pipoca e Nanquim também teve sua atenção voltada para quadrinhos nacionais, com destaque para Shamisen, de Guilherme Petreca, que conta uma história com alta carga nipônica. Vale destacar que Guilherme Petreca já ganhou um prêmio no Internacional Mangá Awards, com Ye, quadrinho que saiu pela editora Veneta.

Outra que demonstra total interesse em obras nacionais é a Editora Conrad que está voltando cada vez mais intensamente desde a chegada de Cassius Medauar. Além de publicação de quadrinhos como Indivisível, de Marília Marz; Shut Up and Listen, de Daniel Bretas; Mayara & Annabelle, de Pablo Casado e outros mais, a editora também tem postado capítulos mensais do mangá nacional Makai Mail enquanto o autor, Jayson Santos, está os produzindo.

Todos os quadrinhos citados podem ser encontrados para compra por capítulos para leitura digital.

Seria um completo desrespeito não abordar uma das editoras mais importantes quando se trata de mangás nacionais. Apesar de não ser tão conhecida quanto as citadas anteriormente, a editora Draco foi responsável pela publicação de dois mangás importantíssimos para a valorização do mercado nacional. Estamos falando, claro, de Tools Challenge, de Max Andrade e Quack, de Kaji Pato, ambos artistas que hoje são bem conhecidos tanto nacional quanto internacionalmente.

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