MB HQ’s: Coleção Clássica Marvel Vol. 2: Quarteto Fantástico

A Marvel Comics no início dos anos 60 enfrentava uma queda constante de popularidade. Enquanto seu foco era em histórias de ficção científica e terror, sua concorrente, a DC Comics, apresentava uma ideia de relativo sucesso com os jovens: juntar super-heróis em uma equipe para combater o mal. Isso chamou a atenção de Martin Goodman, editor da Marvel na época.

Goodman estava tão entusiasmado com a ideia que encomendou aos seus funcionários, Stan Lee e Jack Kirby, a elaboração de uma equipe tão interessante quanto a de sua concorrente e assim deu-se início ao que chamamos de Era Marvel e seus primeiros personagens, o Quarteto Fantástico.

A equipe já nasceria com conceitos diferentes aos da época. Foi determinado que eles seriam como uma família, o que causaria uma intimidade entre os personagens, algo incomum nas publicações. Além disso, não utilizariam roupas extravagantes nem esconderiam suas identidades. Para completar, seus poderes viriam após um acidente espacial, atraindo dessa forma os fãs de ficção. Nascia assim Reed Richards(Sr. Fantástico), Sue Storm (Mulher Invisível), Johnny Storm(Tocha Humana) e Ben Grimm(Coisa) em 1961.

Graças a essas novidades e o elenco de personagens com problemas normais salvando o mundo, o sucesso foi estrondoso e imediato! Com isso, abriram-se oportunidades de se criar novos personagens, todos interagindo principalmente com o Quarteto, dando início ao Universo Marvel que conhecemos hoje.

Alerta de Spoiler

Esse segundo volume da edição clássica Marvel inclui as cinco primeiras edições do Quarteto. 

O primeiro capítulo conta a origem do grupo, de uma forma um pouco diferente do que conhecemos hoje. Nele, Victor von Doom, o Doutor Destino, não viaja com eles para adquirir os poderes. Além disso, há um pano de fundo histórico e político com a viagem sendo exclusivamente uma corrida armamentista contra a União Soviética. Isso nos garante cenas como Sue Storm falando que “não irá deixar os comunistas irem ao espaço primeiro”, o que chama a atenção e mostra a mentalidade na época da Guerra Fria. O segundo arco deste primeiro capítulo mostra o grupo contra um vilão renegado pela sociedade, o estranho Toupeira, tendo uma luta e um desfecho diferentes do padrão da época, porém utilizando-se de artifícios da ficção para estabelecer base e sucesso.

O segundo capítulo já nos mostra uma história mais elaborada, introduzindo uma das raças mais famosas do universo Marvel, os Skrulls, além de sua característica principal: a transmutação. O capítulo conta com uma ação mais desenfreada e um bom desfecho, começando também a explorar mais a fundo as características do grupo principal como as atitudes inconsequentes do Jhonny

Já na terceira história, o Quarteto enfrenta um vilão diferente. Um ilusionista hipnólogo chamado Milagroso, que dá muito trabalho a equipe e por isso a tensão entre os membros chega ao limite, culminando na saída do Tocha Humana da equipe.

A quarta edição é marcada pela volta de um personagem criado na Era de Ouro e esquecido há 30 anos. Namor, o príncipe subaquático. Ele aparece na Marvel como um Vilão que perdeu a memória e dá muito trabalho ao quarteto, inclusive querendo raptar a Garota Invisível para torná-la sua esposa. Tocha Humana é essencial nesta parte e volta à equipe, mesmo brigando com o Coisa.

Finalizando este encadernado, temos a primeira história com aquele que seria o arqui-inimigo do Quarteto e um dos maiores vilões do Universo Marvel: o Doutor Destino. Aqui a origem dele é mais simples, como um cientista maligno que quer dominar o mundo usando a ciência para seus fins sombrios. Esta é a primeira história envolvendo viagem ao tempo, dando um ar mais “nerd” à história.

Esse início do Quarteto Fantástico tem questões que mostram as diferenças deste grupo para os padrões da época. Eles não escondiam suas identidades, começaram a lutar como civis para depois ganhar o famoso uniforme azul, feito inclusive graças ao feedback dos fãs, e tem uma relação familiar. Ao mesmo tempo, o gibi mantinha características de obras conhecidas da editora na época, como a ficção científica e o terror, principalmente no que se refere a enfrentar monstros.

Mesmo sendo uma inovação, Stan Lee e Jack Kirby não conseguiram manter as novidades constantes. Na minha opinião, a HQ de início não é ruim, mas os 3 primeiros capítulos se mostram repetitivos entre si. A história começa a melhorar com a entrada do Namor e do Doutor Destino, mas ainda é inferior a origem do Homem Aranha, que ocorreu anos depois (que também lemos e já resenhamos. Confira a resenha aqui).

É um quadrinho que espero que melhore bastante no seu segundo volume, mas vale a pena pelo traço de Jack Kirby e para ver de fato o que foi o início do universo Marvel, tão amado por todos.

A Coleção Histórica da Panini é recheada de extras, como depoimentos para ambientar o leitor sobre questões de desenvolvimento dos personagens, ilustrações especiais e rascunhos de concepção dos personagens.

O formato é em capa cartão, com o miolo offset 90g saindo ao preço de apenas R$24,90, mas se encontra indisponível no momento no site da Panini.

O Quarteto Fantástico é um dos grupos mais importantes das histórias em quadrinhos, mas neste primeiro volume, para mim, ainda tem problemas para implementar e consolidar as mudanças no mercado de gibis que a Marvel consegue fazer com êxito mais para a frente. Mesmo assim, tem o seu charme e sua importância, pois foi o pontapé inicial para tudo que veio a seguir. Quer conhecer a história das histórias em quadrinhos? Essa HQ ajudará bastante a entendê-la!

Bem, até mais com o volume 3 desta coleção incrível!

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