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MB HQ’s: Pulp, de Ed Brubaker e Sean Phillips

Por muitos anos, diversos leitores e amantes de quadrinhos imploravam para as editoras brasileiras trouxessem obras da dupla Ed Brubaker e Sean Phillips. Porém, o rumor era de que o custo dos direitos autorais era muito maior do que a média e que isso era um dos fatores que impediriam de trazer alguma obra da aclamada dupla. Então, finalmente em 2021, a editora Mino anuncia um contrato de exclusividade com a dupla e que trará suas obras para o Brasil, começando por Pulp, um dos mais recentes lançamentos da genial equipe.

Ed Brubaker é um dos roteiristas de fases aclamadas de personagens como Capitão América e Demolidor, fases que saíram no selo Marvel Deluxe da Panini, e fica ao cargo do roteiro das histórias, enquanto Sean Philips, desenhista que trabalhou em séries como Hellblazer e Juiz Dredd, fica ao cargo da arte. A dupla começou a trabalhar em 2003 na série Sleeper, para DC Comics, no selo Wildstorm e desde então fizeram diversas obras juntos, sendo algumas delas extremamente bem premiadas.

Pulp conta a história de Max Winter, um senhor que escreve histórias pulps para uma editora de quadrinhos nos anos de 1939. Logo no começo descobrimos que estas histórias as quais ele escreve são baseadas em fatos que ele mesmo viveu, misturando realidade com ficção, mostrando o tempo áureo de sua vida como bandido, em contraste com a atual realidade de sua vida.

Diferente de toda energia que Max tinha no tempo de suas histórias, no tempo presente ele sofre da idade, com diversos problemas que todos passam quando a velhice vai se aproximando. Ao tentar parar alguns deliquentes de zombaram de um judeu enquanto aguardava o trem para a casa, Max acaba tomando uma surra e tem o início de um infarto e acaba acordando na cama de um hospital, sentindo que a idade realmente esta pesando na sua 

Somos apresentados a Rosa, atual esposa de Max, uma simpática e bela senhora, que sonha em viver em uma casa na região dos Queens, tranquilamente. Porém, a realidade aparenta ser pior com o casal vivendo de maneira apertada financeiramente, enquanto Max se esforça para ganhar dinheiro com suas histórias pulps. Em uma das visitas ao seu editor, o protagonista descobre que suas histórias não estão sendo publicadas de imediato pois há uma nova geração de escritores na redação que está criando novas aventuras da dupla de protagonistas criada por Max. O autor fica indignado, pois estas histórias são de criação dele. Certamente, uma baita crítica para o mundo das histórias em quadrinhos, relacionada ao desprezo das editoras na época sobre os criadores, remunerando de maneira pífia e tomando o controle sobre os direitos autorais de personagens e histórias. 

Preocupado com seu atual frágil corpo e o medo de partir sem deixar nada para Rosa, a história vai mesclando com o passado de Max, apresentando algumas de suas ‘’mortes’’ assim como um pouco de sua história, sobre seus parceiros e o rumo que sua agitada vida bandida tomava. Então lhe vem a ideia de cometer mais um assalto, desta vez à luz do dia, com esperança de poder deixar um futuro para sua família, em um dos carros fortes que sempre passava no mesmo lugar. No desenrolar deste crime, Max é impedido por Jeremiah Goldman, um de seus antigos inimigos, que o convida para um crime que remeteria aos tempos antigos, de tirar de pessoas que realmente merecem. 

Depois de passar por grandes assaltos, diversas ‘’mortes’’, perder companheiros, estar vivendo a grande depressão nos Estados Unidos e graves problemas de saúde, Max agora irá se debater com o movimento antisemita nazista, que estava crescendo cada vez mais no país. 

Pulp faz jus ao sucesso e aos prêmios que ganhou, uma história sobre legado, coragem e vingança. Uma graphic novel que, apesar de ser curta, entretém o leitor, fazendo as horas passarem despercebidas. Brubaker consegue contar uma história que remete a um clima western com uma pegada atual de maneira brilhante, criando um personagem totalmente carismático que consegue passar seus sentimentos em todos os momentos que vive e que se relembra. 

A arte de Sean Phillips é sensacional, contrastando bem o período antigo da vida de Max com sua melancólica vida atual. Sobre o uso de cores, que fica ao cargo de Jacob Phillips, filho do desenhista, a escolha da palheta é extremamente precisa e bem aplicada, também contrastando os períodos de flashback, sempre destacando o protagonista em um tom avermelhado. As cenas do dia a dia da vida de Max são sempre em tons mais frios enquanto as cenas mais agitadas são utilizadas em cores mais quentes, tudo muito bem pensado. 

A edição física da Mino é extremamente bem caprichada, num formato americano, em capa dura, todo colorido em papel couché. Um dos pontos positivos da edição é o cuidado no letreiramento de diversos elementos da obra, sempre bem atenta aos detalhes da história. 

Certamente, Pulp é uma obra que muitos vão ler e amar e com razão, pois a dupla consegue criar uma história incrível em poucas páginas, com diversas camadas e reflexões. Um baita acerto da Mino em trazer primeiro essa obra para estrear o catálogo da aclamada dupla em terras brasileiras, que finalmente vai poder conhecer mais das brilhantes histórias de uma das duplas mais pedidas. 

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