MB HQ’s: Heartstopper: 2 garotos, 1 encontro
Para quem lê webtoons e webcomics, ou até mesmo para os fãs de histórias com conteúdo LGBTQIA+, deve conhecer, ou pelo menos já ter ouvido falar, de Heartstopper. A tão famosa história de romance entre dois garotos que se conhecem por acaso e acabam se apaixonando finalmente está em nossas mãos e aqui vai nossa opinião sobre! Já aviso que a história contém gatilhos, pelo menos nesse primeiro volume.
Sinopse:
Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.
Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente ― e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.
A história
Heartstopper nasceu de outra história da autora, Alice Oseman, nomeada “Um Ano Solitário” em que o protagonismo era da irmã de Charlie, Tori. Eles são citados brevemente, e pelas palavras da autora foi lá que surgiu a vontade de escrever sobre os dois. Em 2016, a autora finalmente começou a publicar essa história e é sobre ela que iremos falar.
Um encontro inesperado
Charlie Spring é um garoto assumidamente gay e, após sofrer muito bullying no colégio por conta disso, se isolou completamente. Ele é um garoto nerd que às escondidas se encontra com um garoto na biblioteca. Ao participar de um grupo de estudos intitulado “Hamlet 5” ele acaba se sentando ao lado de um garoto, Nicholas Nelson, que é um ano mais velho do que ele e jogador de rúgbi do colégio.
Charlie se sente um pouco acuado com o garoto, pelas experiências que viveu, mas inesperadamente, Nick é muito simpático e gentil com ele e sempre o cumprimenta dentro e fora da sala de aula, tentando manter uma ligação com o protagonista. Após algum tempo, Charlie realmente percebe que Nick é uma pessoa boa e não quer de maneira alguma o provocar ou tirar sarro dele, e os dois criam um vínculo de amizade.
Após conhecer Charlie melhor, e o ver correndo, Nick vê que o garoto é um ótimo corredor e decide o convidar para o time de rúgbi, para a surpresa de todos. O garoto aceita, apenas por começar a sentir algo por Nick, e assim, com os laços se estreitando cada vez mais, Charlie se vê realmente apaixonado, e o pior, por um garoto hétero.
A vida é fadada a questionar nossa existência!?
O que mais lemos e vemos quando lemos histórias com conteúdo LGBTQIA+ é aquele questionamento sobre ser um ou ser outro, ou se estamos quebrados ou errados em apenas amar. O que torna uma situação muito angustiante, pois, muitas vezes demoramos anos para nos aceitar e depois esperar a aceitação do próximo.
Em Heartstopper a situação não é diferente, mas temos algumas coisas que são pesadas apesar da leitura ser bem suave e acolhedora. Como Charlie sendo “obrigado” a se assumir gay, sofrer bullying por conta disso e ainda levar uma vida onde em certos momentos é levado a quase sofrer um abuso. E o pior de tudo é saber que essa é a realidade de muitas pessoas, e às vezes, algumas pessoas acabam achando isso “normal” de tanto que a sociedade os oprime.
E do outro lado, temos Nick, que tem a sexualidade questionada, por não se ver gay, mas estando apaixonado por um garoto. Quantas vezes não sabemos direito e não temos a informação necessária e a liberdade de amar pessoas e não genitais? O que me agradou bastante nessa história é o fato de, após Nick pesquisar, perceber que ele pode ser outra coisa e se identificar como um homem bissexual, o que é raro nesses tipos de história.
Heartstopper entra naquela categoria de “histórias de conforto”, porque não é só sobre descoberta, mas também sobre amizade, cura e carinho. Eu gosto como, além dos dois usufruírem de sentimentos românticos, eles também têm uma forte amizade e um laço que eleva todo esse amor a um nível especial.
Considerações finais….
Heartstopper é uma leitura para qualquer um. As vezes fica bobo eu falando isso, mas todos nós temos questionamentos, certo? Claro, que não é apenas sobre a sexualidade em si, mas aqueles questionamentos de como é o amor, como nossa vida pode dar voltas por causa de uma bobagem, ou até sobre quem somos e o que queremos ser. É claro que é uma história voltada para o público juvenil, mas queria mesmo que houvesse essa quebra de estereótipos e fosse só “leitura”, afinal mesmo depois de adultos temos muitas inseguranças e nunca é tarde para se deparar com novas descobertas, ainda mais sobre nós.
Fiquei realmente encantada com a leitura e espero ansiosamente os próximos volumes e pela série adaptada na Netflix. Indico para todos e espero que gostem! Caso queiram adquirir: https://amzn.to/3c159mI
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