MB Review: Dead Dead Demon’s Dededede Destruction vol. 2 – O fim está próximo, mas e daí?

Recentemente, o  2° volume de “Dead Dead Demon’s Dededede Destruction” foi lançado aqui no Brasil. A obra, que está a cargo da editora JBC, apresentou no seu primeiro volume uma narrativa que representa muito bem toda a essência do autor (Inio Asano), mas, caso você não conheça a história e caiu de paraquedas por aqui, eu recomendo dar uma olhada na resenha do volume #1, onde eu transito pelo contexto atual e a relação da narrativa com o nosso cenário, então clique aqui.

Agora, caso você esteja aqui pra continuar sendo entretido sobre o dia a dia apocalíptico de Ouran e Kadode, sejam muitos bem-vindos à análise do 2º volume!

Kadode e suas amigas começam a planejar uma festa de Natal enquanto tentam compreender o significado da data e traçar seus objetivos em suas respectivas novas escolas. O futuro parece cada vez mais incerto para as estudantes. Em meio a tudo isso, o Japão procura garantir sua soberania quanto ao seu dever de proteger a nação contra os alienígenas, e até a posse da nave extraterrestre que há três anos paira sobre a capital nipônica. E uma nova dúvida começa a tomar conta das pessoas: teriam os aliens se infiltrado em meio à população?

Nesse primeiro momento parece que será de praxe a inserção da mini-história de “Isobeyan” no começo de cada volume, o que é uma escolha narrativa do mangaká para uma quebra de expectativa e tensão para com o que vem a seguir,  geralmente sendo sempre uma história lida pela perspectiva de Kadode, o que começa como ponto chave para a narrativa da obra.

– A Narrativa 

A história começa com as personagens decidindo o seu futuro em uma discussão mais parecida com uma “filosofia de boteco”. Todavia, além de Kadode e Ouran, algo é muito bem introduzido nesse começo de volume, a relação de uma das colegas das duas, Kiho, com um rapaz, algo como uma possível conversa sobre “dates” e planos futuros. Vale destacar que, antes disso, o autor consegue criticar de uma forma bem tênue a relação romântica vista por uma sociedade capitalista, isso se levarmos em conta a destruição iminente que pode vir a acontecer…

Logo depois, foca no encontro de Kiho com o jovem. A perspectiva começa a ir para rumos errados, o que era para ser um encontro acaba se tornando conversa sobre o risco destrutivo dessa invasão e questões políticas sobre quem ou como alguns conseguem ser influenciados em meio a esse caos, o que permite um ênfase no contraste de ambos os personagens, que apesar de demonstrarem interesse amoroso, são antagônicos perante aos seus ideais, permitindo o questionamento: até que ponto o interesse se mantém perante as ações morais?

É natal, e além disso a formatura das personagens e suas colegas se aproximam, suas relações são enfeitadas com palavras como “será para sempre” e coisas fofas, além de que promessas sobre essa data (mais mercantilizada do que comemorativa no país) são feitas sem parar, e mais algumas páginas sobre questionamentos filosóficos e existencialista são aplicadas. Ao contrário do que parece, isso não é feito de forma saturada, cada assunto ou momento em que aparece remete muito bem a situação atual na história e fora dela, e tudo isso permeia por um humor juvenil e pastelão, o que satiriza muito bem uma situação de loucura e caótica, o que com certeza é um ponto positivo desse volume.

Mas afinal, a trama é só isso? Bem, o foco nesse volume é a continuidade da apresentação e habituação do leitor com a história. Porém, a narrativa principal começa a dar indícios de um plot. Ao final do primeiro volume um certo jovem aparece, falando no idioma dos invasores, e agora ao que tudo indica ele com certeza tem uma relação com tudo isso.

– Vale a pena?

A obra continua até aqui sendo muito bem estruturada, o plot principal ainda está em construção, mas isso é muito bem abafado para a toda filosofia ou crítica a sociedade atual feita de forma competente. O autor utiliza desse imaginário escatológico para extrair o máximo de uma sociedade em que procura motivos para viver sendo manipulada ou conservada em prol de uma soberania.

As personagens continuam muito bem carismáticas, além de que a obra consegue entregar um ótimo desenvolvimento aos outros personagens presentes, que conseguem refletir no leitor uma identificação ou afastamento, tudo isso de uma forma que não parece ser forçada demais, mas… o que esse volume apresenta de principal, bem, o que acontece é… “por que você se importa tanto? Praticamente estamos em um colapso, saber não vai mudar nada, continue vivendo sua vida e lendo suas histórias, isso é tudo que posso dizer!”

Agradecimentos a Editora JBC pelo volume cedido para análise. Caso queiram adquirir a obra na Amazon.

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