MB Review: Dead Dead Demon’s Dededede Destruction vol. 3 – O Monótono Caos
Recentemente, o 3° volume de “Dead Dead Demon’s Dededede Destruction” foi lançado aqui no Brasil. A obra, que está a cargo da editora JBC, apresentou nos seus dois primeiros volumes uma narrativa que representa muito bem toda a essência do autor (Inio Asano), mas, caso você não tenha lido a Review do 2° volume da história e caiu de paraquedas por aqui, eu recomendo dar uma olhada aqui, onde eu trânsito pelo contexto atual e a continuidade da trama.
Agora, caso você esteja aqui pra continuar sendo entretido sobre o dia a dia apocalíptico de Ouran e Kadode, sejam muito bem-vindos à análise do 3º volume!
É apenas um apocalipse diário.
Três anos atrás, os alienígenas invadiram Tóquio. Nada mais foi o mesmo.
Mas depois de um tempo, até mesmo a desgraça iminente começa a parecer comum.
O negócio da defesa estatal está crescendo no Japão, e as incríveis armas contra os invasores estão finalmente tendo sua chance de brilhar. Mas a população está cansada de lidar com todos os danos que essa guerra deixa para trás! E seus sinais de protesto estão começando a ficar realmente pontudos!
Enquanto isso, Kadode tem que enfrentar a realidade de viver em um apocalipse e não levar a sério o vestibular… Pelo menos o ensino médio finalmente acabou!
Como parece de costume o volume se inicia dando continuidade a trama de “Isobeyan”, sendo um ponto de partida para a elevação da história principal, ao que indica essa mini narrativa tenta, de forma tênue, criar uma aproximação do leitor aos personagens para que temas mais caóticos sejam apresentados da maneira mais simplória, mantendo o ar existencialista.
– A Narrativa
A história começa com alguns de nossos personagens comentando sobre seu dia a dia enquanto aproveitam o começo de um novo ano e de novas escolhas. Aparentemente, nada tão grande aconteceu, e mesmo com o desfecho do 2° volume, as coisas para as nossas duas estudantes preferidas (Kadode e Ouran) continuam as mesmas: preocupações escolares normais e coisas simples… Era o que eu gostaria de dizer, mas parece que o peso do mundo caiu sobre as duas.
Em meio a todo caos do mundo, com a guerra dos invasores e dos militares atacando a grande nave mãe, uma de suas colegas de classe não resistiu e veio a falecer, e como o autor da obra trata isso por aqui nesse volume é bem interessante.
Como lidar com uma situação de perda que foge da nossa capacidade? Digo, algo muito maior foi o causador, alienígenas e armas ultra tecnológicas do governo capitalista em meio a essa guerra, por consequência feriu uma inocente (ou milhares?). Mas como apenas duas adolescentes lidariam com isso? Ou melhor, como você lidaria? Bem, só resta seguir em frente, não existe solução, o mundo é um caos, mas nossas duas heroínas não tem nada haver com isso, e pouco a pouco elas têm que superar a dor da perda.
Além disso, algumas outras temáticas são introduzidas neste volume. A introdução de pequenos arcos para alguns outros personagens no mangá traz um ar mais dinâmico e realista sobre a vida, algo que o autor da trama usa de costume em outras obras mais famosas (vide Boa Noite Punpun), como por exemplo um dos colegas das nossas personagens que auto se intitula um “gordinho suado” e sai pelas ruas de Tóquio tentando ler a mão das pessoas, mas de uma forma extremamente filosófica que é impossível não se sentir tocado (seria esse maravilhoso ser um deus?!).
Um novo ano se iniciou e com eles as responsabilidades da escola parecem ter chegado independente de toda a loucura do mundo. Kadode e Ouran estão à beira de decidirem seu futuro, mas o que nossas amáveis senhoritas irão fazer? Estudar, é óbvio!
Só que, como diria um certo alguém, o universo não é generoso e ele nunca prometeu nada a ninguém, e infelizmente nossas inigualáveis senhoras não passaram em seus vestibulares, mas e daí? Tá tudo bem, elas são fortes e sabem lidar com isso da melhor forma (talvez tenham uma dorzinha no peito, mas logo passa) e assim elas continuam tocando suas vidas em meio a toda sua incerteza…
Mas e a história principal?! Bem, ela continua rolando entre as cortinas, e dessa vez mais coisas são reveladas. Talvez o fim da humanidade realmente esteja próximo, ao que tudo indica, afinal, o conflito entre humanos e invasores só aumenta e ninguém normal sabe o que, de fato, tá rolando lá em cima, o que nos leva a um dos diálogos mais interessantes desse mangá. Em um devaneio de Kadode e Ouran, comentando que não existem culpados e que tudo que elas queriam era que essa guerra parasse, mesmo que se para isso fosse preciso criar um inimigo em comum para eles… (Seria nossas protagonistas os verdadeiros nêmesis?) Mas no fim, tudo isso são só esperanças… O mundo vai continuar girando, ah quase me esqueci, falta a metade de um ano para o fim da humanidade! Então, se cuidem.
– Vale a pena?
A obra continua, até aqui, sendo muito bem estruturada. O plot principal começa a andar de uma forma assustadora, mas isso é muito bem abafado com toda filosofia ou crítica a sociedade atual feita de forma competente. O autor utiliza desse imaginário escatológico para extrair o máximo de uma sociedade em que procura motivos para viver sendo manipulada ou conservada em prol de uma soberania, e ensina muito bem que às vezes não temos o controle sobre tudo, e a única coisa que resta é nos agarrar a uma esperança, que talvez seja ou não verdadeira.
As personagens continuam muito bem carismáticas, além de que a obra consegue entregar um ótimo desenvolvimento aos outros personagens presentes, que conseguem manter o leitor preso, mesmo não focando tanto nas outras personagens principais. E sobre o que esse volume nos ensina mesmo? Ah, bem, isso é fácil, ele comenta com maestria sobre… Espera!? Por que você achou que eu contaria? O mundo está colapsando, descubra por si só, afinal isso é tudo que eu poderia dizer em meio a todo esse monótono caos!
“Não procure que tudo aconteça como você deseja, mas sim que tudo aconteça como realmente deve acontecer – então sua vida será serena”.
Agradecimentos à editora JBC pelo volume cedido.