MB Review: A Heroica Lenda de Arslan

Inspirado em diversos eventos históricos, A Heroica Lenda de Arslan é uma série de livros japonesa escrito por Yoshiki Tanaka que, em 2013 ganhou uma adaptação em mangá pela deusa Hiromu Arakawa, ainda em andamento com 15 volumes e, em 2019, a editora JBC começou a publicação do mangá aqui no Brasil, estando atualmente no volume 12.

Sinopse

Arslan, príncipe de Pars, grande reino localizado sobre a rota continental, era apenas um jovem curioso e ingênuo cuja história ainda estava por se fazer. Considerado um príncipe mediano, fraco e incapaz, Arslan marchará para a guerra pela primeira vez aos 14 anos, quando povos pagãos de terras longínquas invadiram o reino de Pars. 

A força do exército de Pars era inigualável. Desafiá-los à guerra era algo tão absurdo quanto imaginar formigas desafiando elefantes. Todos acreditavam numa vitória esmagadora… Eis o tortuoso destino de Arslan! Aqui se inicia a turbulenta saga de um herói!!

Narrativa

Antes de começar a comentar sobre a história, vale a pena um adendo. Apesar da série de livros que deu origem a este mangá ter se encerrado em 2017, Yoshiki Tanaka começou a publicá-la em 1986, portanto, algumas questões negativas do mangá podem ser em decorrência disso e não do produto em si. Como não li os livros que deram origem a tudo, não poderei julgar este ponto, porém, vale a pena avisar.

Logo no início somos apresentados a Arslan, um príncipe de um reino que vive no meio de uma rota comercial e possui um grande poderio bélico. Em outras palavras, um reino muito bem abastado. Arslan faz parte do famoso tropo de personagem inábil para se tornar um rei, mas que precisa aprender como funciona sua família e então vai em busca de conhecimentos sobre isso.

Neste primeiro volume, somos apresentados principalmente ao mundo ao qual o mangá faz parte. O reino no qual Arslan vive, Pars, tem suas inimizades com o reino vizinho, Lusitana. Um dos principais pontos apresentados são as visões religiosas, pois Lusitana acredita no sacrifício dos pagãos que não pregam nem acreditam em seu deus, Yaldabaoth, como a maneira correta. Porém, este pode muito bem ser um ponto de vista enviesado pelos parsienses, pois, logo no começo, uma interação que Arslan tem com um lusitano mostra a Arslan que as crenças religiosas de Pars tem um toque de hipocrisia pelas ações.

Comentar sobre a história em si pode acabar deixando este primeiro volume um tanto quanto chato de se ler, visto que ele, como um todo, é uma grande preparação do que virá a seguir. É como buscar comentar sobre o primeiro capítulo de The Promised Neverland, por exemplo. Para aqueles que já tentaram falar sobre sem dar spoiler algum, sabem a árdua tarefa que isso é. E aqui, é como se a preparação e a explicação do mundo fosse dada não no primeiro capítulo, mas no volume como um todo, o que não é de forma alguma um demérito da obra, visto que o ritmo é bem cadenciado e vamos conhecendo cada vez mais sobre questões políticas, geográficas e sociais, além de aprendermos bastante sobre os personagens.

Tanto aprendizado, entretanto, se torna um problema, ao meu ver, pela forma que é executada. Há muita, mas muita exposição que poderia ser trabalhada de uma forma mais natural e diegética, dentro da própria obra. Explicações sobre todas as questões acima mencionadas são dadas de uma forma gratuita que, embora mostre o quão rico é este mundo, também acaba parecendo um livro didático. Como falei, parte disso pode ser porque a obra original tem mais de 30 anos, mas vale a pena apontar.

A arte do mangá é o padrão que Hiromi sempre realiza. Apesar de muito bela, tanto em cenários quanto em personagens, é impossível olhar para Arslan sem lembrar de Ed de Fullmetal, mas, além dele, o que chama ainda mais atenção é a semelhança entre os personagens Daryun e Kimbley. Mesmo assim, o mangá tem muita beleza, tanto no micro, como nos detalhes de roupas, quanto no macro, com guerras e soldados.

Edição Nacional

A edição da JBC conta com um mangá tanko padrão de 192 páginas, 13,2 x 20 cm, ao preço de R$24,90. Não encontrei erros de ortografia em minha leitura e o texto em si contém diversas expressões aparentemente próprias do mundo de Pars, sempre com uma nota de rodapé explicando. Apesar de que eu, particularmente, preferiria que tivesse sido traduzido para um termo próprio, para que o texto se bastasse sem notas extras, acredito que a escolha editorial foi feita para mostrar as formas de medidas, cálculos e demais coisas próprias daquele mundo. Além disso, o volume 1 conta com uma entrevista com a autora contando um pouco sobre a produção, o que, para quem gosta dos bastidores da escrita, é sempre uma boa.

Considerações Finais

A Heroica Lenda de Arslan é um prato cheio para quem gosta daquele tipo de história com temática mais realista envolvendo conflitos, guerras e um mundo fantasioso, embora pé no chão. O primeiro volume estabelece bem a base para o que virá a seguir e nos deixa curioso para o futuro, embora peque em seu excesso de explicações sobre seu mundo.

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