MB Especial: Demon Slayer – O que o torna tão popular?
Recentemente, a editora Panini lançou o 23° e último volume do mangá Demon Slayer aqui no Brasil. A obra, que foi um grande sucesso tanto em sua adaptação para animação como em sua forma original (mangá), vem se consolidando mais e mais nas nossas terras brasileiras, e cada vez mais se pondera a questão: qual o motivo por trás de todo o sucesso da trama? Talvez sua narrativa? Sua adaptação em anime? Sua Fanbase?
Bom, nesse primeiro momento já posso lhe garantir que a resposta não é tão simples assim… mas como diria um certo alguém, vamos por partes!
– A Narrativa
Demon Slayer (Kimetsu no Yaiba) é um mangá escrito e ilustrado por Koyoharu Gotōge e publicado originalmente na revista Weekly Shōnen Jump, da editora Shueisha, e compilado em 23 volumes. No Brasil, a obra foi publicada pela editora Panini. A história segue o pacato dia-a-dia de Tanjiro, um gentil garoto que vende carvão. Essa rotina se transforma radicalmente quando sua família é assassinada por um demônio. A única sobrevivente é Nezuko, sua irmã mais nova. Porém, agora, ela se transformou em um Oni. Diante dessa tragédia, os dois irmãos partem em uma jornada para derrotar o Oni que matou sua mãe e irmãozinhos.
A trama em si utiliza do elemento padrão de diversos Shōnens: uma aventura focada na progressão, muito utilizada tendo como base “A Jornada do herói”. O que não é ruim, já que o tradicional funciona muito bem aqui. Dessa vez, o destaque fica na individualidade da obra e o que ela propõe, um exemplo disso é a maneira como o autor(a) consegue trabalhar e desenvolver os personagens, por exemplo, o protagonista Tanjiro. Um personagem extremamente altruísta e gentil, que consegue manifestar o carisma e a esperança para quem acompanha, dispondo sempre da dignidade e da boa vontade.
Talvez esse seja um dos pontos com mais diferencial, se levando em conta a ambientação da obra. Além disso, seus colegas e personagens secundários possuem diversos plots que compactuam para suas ações e/ou escolhas para seus atos, tais como Zenitsu, Inosuke, entre outros.
Então, a narrativa é perfeita? Longe disso. A trama completa ainda conta com uma simplicidade exagerada, a narrativa e algumas decisões de personagens se mostram extremamente simplórias, mas essa é uma problemática contornada pela escrita e o investimento na qualidade dos diálogos e maneiras como os personagens se portam. Mesmo para os padrões da maior revista infanto juvenil, diversas lições éticas e morais são passadas, o que talvez seja o fato que possibilitou esse boom?! Quem sabe…
– Esmiuçando o Sucesso
Alguns pontos são válidos em ressaltar, já que talvez Demon Slayer tenha sido umas das maiores “anomalias” da revista Jump. Mais de 100 milhões de cópias vendidas e mais de 150k em circulação, e isso tudo se deu por 2 fatores: (se formos levar em conta apenas as vendas): Animes e Pandemia. Mas calma, que eu te explico melhor.
– Animação
Dois anos após a estreia do mangá, o anime homônimo foi lançado, e um dos pontos principais foi seu staff e estúdio. A obra foi produzida pelo estúdio “Ufotable” (Vide Fate), tendo como diretor da primeira Season Yumi Takahashi, que aprofundou ainda mais a distribuição dos efeitos visuais das cenas. Toda a estética e ambientação da obra ganhou mais uma camada, e com a animação bem produzida o mangá obteve ainda mais sucesso.
Suas vendas obtiveram números astronômicos e a obra, que já estava bem consolidada no mercado japonês, ainda assim era capaz de conquistar muito mais espaço, e isso veio após a produção do seu filme – e continuação direta – “Demon Slayer: Mugen Train”.
Lançado originalmente nos cinemas japoneses em 2020, “Demon Slayer: Mugen Train” teve uma recepção astronômica. Segundo o relatório da Oricon News (2021), Mugen Train conquistou 100 milhões de yen no ano passado totalizando uma marca de 39.88 bilhões de yen, o equivalente a 366.7 milhões de dólares. Ao somar isso com o sucesso no mercado mundial, a quantia chega em 50.1 bilhão de yen (aproximadamente 458.59 milhões de dólares). Isso apenas nos cinemas, sem levar em conta sua chegada nos streamings.
Considerando a recepção que a animação e o filme tiveram, é inegável que suas adaptações para artes visuais contribuíram bastante para o sucesso geral da obra!
– Pandemia
No Brasil, todos sabemos o quão difícil está sendo lidar com a pandemia junto aos seus advindos (desestruturação social, fake news e caos na sociedade). Mas o que tudo isso tem haver com o sucesso da obra? Bem, não só no Brasil, mas no mundo todo está complicado lidar com essa situação, e é por isso que a humanidade caminha para algo muito comum em tempos assim: a fuga da realidade e a paixão pelo irreal. É aqui que Demon Slayer se encaixa.Junto ao ano do lançamento de suas animações, a obra é um conto baseado no sucesso e no heroísmo, e tenta transmitir algo em que nesse tempo é muito consumido e desejado: a esperança. É esse reflexo que a jornada dos irmãos Tanjiro e Nezuko propõe, aliado a uma boa animação e um conto tradicional bem montado, a história consegue emitir ao telespectador e leitor algo muito maior, a vontade de viver e a esperança, e isso é um dos pontos que, aliado a sua bela animação, emplacou o sucesso da obra.
– O fim do sucesso?
Demon Slayer ainda se mantém com um grande sucesso, agora com a 2° temporada do anime em exibição. E ainda rende altas vendas nos volumes da obra, mesmo após a finalização do 23° volume. A obra em si é uma mescla de esperança e divertimento sem deixar o bom e velho Shōnen de lado. A animação colaborou muito para o sucesso, e o filme também. Tudo isso e mais alguns dotes narrativos que a trama oferece fizeram com que a obra se tornasse o que é hoje, uma construção da esperança e do entretenimento. Com certeza, a trama é um sucesso para os mais jovens e os mais velhos que não dispensam uma boa jornada.
E a título de curiosidade: apesar do último volume ter sido lançado no Brasil recentemente, mais dois Spin-off foram anunciados esse ano pela Panini, “Demon Slayer: Gaiden” e “Demon Slayer: A flor da felicidade“, duas obras que expandem ainda mais o universo para quem é fã. Também teremos no Brasil o primeiro fanbook oficial da obra, com extras e curiosidades sobre a jornada dos irmãos.
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