MB Review: Blood Blockade Battlefront

Blood Blockade Battlefront, ou simplesmente Kekkai Sensen como é chamado no Japão, é uma obra que só fui saber da existência por causa da adaptação lançada em anime no ano de 2015 pelo estúdio Bones (Soul Eater, FMA Brotherhood, My Hero Academia) com 12 episódios, que dizem ser excelente. 

Em 2017, uma segunda temporada também com 12 episódios intitulada “Kekkai Sensen & Beyond” foi ao ar. Nunca assisti, mas a qualidade da animação realmente me pareceu primorosa. BBB nunca foi aquele sucesso estrondoso por aqui, claro que fez um barulho, mas nada comparado às outras obras que citei do mesmo estúdio, mas ainda assim, parece que fez sucesso o suficiente para que a JBC publicasse o mangá no Brasil em 2016, pelo menos o que corresponde à sua primeira fase. Explicarei mais sobre isso em breve.

O mangá foi escrito e desenhado por Yasuhiro Nightow, mais conhecido por seu mangá de western pós-apocalíptico Trigun, lançado no Brasil pela editora Panini há muito tempo. Publicado originalmente na revista Jump Square da editora Shueisha, entre janeiro de 2009 e fevereiro de 2015, BBB foi finalizado com 10 volumes encadernados. Desde julho de 2015, uma continuação do mangá original chamada “Kekkai Sensen: Back 2 Back” é publicada e atualmente conta com 9 volumes lançados no Japão. Por isso disse que o que foi publicado aqui é apenas a “primeira fase”, como diz a própria quarta capa da edição da JBC.

História

Três anos antes do início da história, um portal foi aberto entre a Terra e o submundo em plena cidade de Nova Iorque. Em uma terrível noite, a cidade foi destruída e reconstruída, prendendo seus cidadãos e seres de outras dimensões em uma bolha impenetrável. Após anos em um convívio caótico, alguém ameaça estourar a bolha. Preocupados com o que pode acontecer, um grupo de super humanos luta contra o impossível, para evitar o inimaginável!”

O protagonista é Leonard Watch, ou simplesmente “Leo”, um jovem que recentemente se mudou para Hellsalem’s Lot, que outrora foi conhecida como Nova Iorque, para tentar a sorte na cidade ao mesmo tempo em que tenta compreender o incidente que ceifou a vida de sua irmã e concedeu a ele um poder ocular que permite perceber coisas que pessoas normais não conseguem, bem como alterar a visão de outras pessoas. 

Por causa de um acontecimento envolvendo um pequeno macaco supersônico, Leo acaba sendo recrutado por uma organização chamada “Libra”, que é responsável por manter a ordem na cidade, no que diz respeito aos dois mundos que se encontram ali. Interessante que essa organização me lembra os X-Men, já que todos ali possuem poderes, possuem um chefe e vivem uma vida “normal” quando não estão em atividade.

Para mim, o universo criado pelo autor é um dos pontos onde a obra mais brilha, o design bizarro e maluco dos monstros e da cidade realmente impressiona o leitor. Existem monstros que se organizam em grupos criminosos, que vão desde o tráfico de drogas até a venda de carne humana, mas também existem os que buscam uma boa convivência com todos. E mesmo dentro da cidade, existem as áreas com maior ou menor influência do outro mundo, e conforme a influência aumenta, mais perigoso é o local para os humanos, podendo abrigar até mesmo criaturas vampíricas lendárias, conhecidas como “Blood Breeds”. O legal é que o autor realmente faz parecer que aquilo é uma dimensão paralela por meio dos seus desenhos. 

Trem no limite entre os dois mundos.

Outro ponto positivo são os personagens, que são bastante carismáticos, principalmente Klaus von Reinherz, que é o chefe do grupo Libra,  Zapp Renfro, que é uma espécie de tutor do Leo ao mesmo tempo que é aquele personagem esquentadinho e impulsivo que vemos com frequência em mangás shounen e Steven Starphase, que é aquele típico homem de meia idade “badass” que vemos nos mangás.

Mesmo os personagens sendo bem padrão no quesito de personalidade (por exemplo, existe o esquentadinho, o mais sério, o que é mais calculista e por aí vai), a forma com que eles agem é o que me faz gostar deles. Por exemplo, Klaus é jogador de um jogo de tabuleiro chamado “Prosfair”, que existe apenas no universo da obra, esse jogo é como se fosse um xadrez, mas muito mais complexo e perigoso, já que quando jogado à sério, a vitalidade do jogador pode ser comprometida, e no volume 2, ele precisa de uma informação para achar um vendedor de ilícitos e, para conseguir tal coisa, joga esse jogo por dias, apostando sua vida. Isso me chamou a atenção pois é bem no início do mangá, então o leitor já cria uma “admiração” pelo personagem desde cedo. 

Uma partida de Prosfair

Os principais vilões são os Blood Breeds e um grupo chamado “Os 13 reis”, que são seres poderosíssimos dentro do universo do mangá. As cenas de ação são bastante cinematográficas, às vezes passa até a impressão de que o autor já as desenhou pensando na adaptação para anime, é de fato muito legal ver os personagens usando os poderes, que são os mais variados, já que um personagem usa o sangue como arma (como vimos em Deadman Wonderland), outro usa gelo, existe uma moça que possui super velocidade, o protagonista possui poderes oculares, e por aí vai. 

O problema é que, muitas vezes, é difícil acompanhar os combates por causa da arte do Nightow, não porque a arte é ruim, mas ela é muitas vezes poluída e confusa, com muitas coisas acontecendo ao mesmo simultaneamente. Ainda falando da arte, ela mantém um pouco daquela estética dos anos 90, como em Trigun, ao mesmo tempo em que traz vários elementos atuais. 

Blood Blockade Battlefront é um bom shounen, nada tão inovador dentro da já conhecida fórmula, mas no meu ponto de vista, um dos grandes destaques da publicação é justamente o seu universo interessante e os poderes criativos, apesar de às vezes os diálogos não soarem tão naturais, chegando até a serem meio confusos em certas ocasiões.

A conclusão desses 10 volumes é satisfatória, mas deixa bem claro que tem mais coisa para ser explorada a partir do final desta primeira fase. A questão é: o mangá vendeu bem o suficiente no Brasil para que a segunda fase seja publicada pela JBC? A editora tem planos para isso? Sinceramente, não sinto muita firmeza nisso. Por isso acho complicado trazer esse tipo de mangá dividido em “fases”, pois penso que tudo tem que ser publicado, caso contrário, é preferível não publicar nada. Mas é apenas meu ponto de vista.

Edição

A edição é simples, padrão da época em que foi publicado, tamanho 13,5 x 20,5 cm, papel jornal com capas internas coloridas ao preço de R$13,90, mas a partir do volume 7, houve um aumento de 1 real. E aqui temos um problema, não sei se foi por causa do local onde os mangás estavam armazenados na loja antes de chegar até mim, ou se realmente é um problema geral dos mangás, mas a encadernação dos meus exemplares está horrível. Grande parte dos volumes está com problemas na colagem, com as primeiras páginas descolando. A situação foi mais crítica ainda no volume 3, quando o mangá literalmente se desfez na minha mão, todas as páginas se soltaram. Por isso, caso você tenha se interessado em adquirir a coleção, que inclusive foi lançada em um box pela editora contendo os 10 volumes, vale a pena pesquisar se mais pessoas tiveram esse mesmo problema que eu, particularmente, fiquei muito frustrado e irritado com isso. 

Vocês não imaginam a frustração quando o mangá se soltou na minha mão.

Vale a pena?

Se você gosta de mangás do gênero, Blood Blockade Battlefront pode ser uma boa alternativa, já que é divertido e possui personagens e universo interessantes. Mas é recomendado pensar e pesquisar bem a respeito da coleção principalmente por causa dos possíveis problemas de encadernação e da possibilidade de nunca vermos a continuação da história publicada no Brasil. 

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