MB Especial Meiko Kaji: Female Prisoner #701: Scorpion (1972)
Female Prisoner #701: Scorpion (Joshu Nana-maru-ichi Go / Sasori) é um filme japonês de 1972 baseado no mangá “Sasori” do mangaká Toru Shinohara. É a estreia da grande atriz/cantora Meiko Kaji numa produção cinematográfica que tem como material fonte um mangá, além de ter sido a estreia do senhor Shunya Itō como diretor.
Um ano e quatro meses antes da estreia de Lady Snowblood (o trabalho pelo qual a senhorita Kaji ficaria conhecida anos mais tarde no ocidente graças a um “empurrãozinho” do diretor Quentin Tarantino após o mesmo homenagear o filme Lady Snowblood (1973) em Kill Bill), a atriz/cantora tinha acabado de deixar os estúdios da Nikkatsu e foi direto assinar contrato com a Toei Company para estrelar de cara uma série de quatro filmes baseado num quadrinho japonês que tinha boa popularidade na época (Sasori) e com a adaptação de roteiro escrito por Fumio Konami e Hiro Matsuda.
De antemão, já deixo frisado aqui que essa é uma resenha inteiramente acerca do filme, pois infelizmente, até onde pesquisei, o mangá original não foi traduzido até o momento para outros idiomas, então vou ficar devendo uma comparação e dizer o que tem de diferente de um para outro.
Sobre a trama do filme, temos uma mulher, Nami Matsushima, também conhecida entre as presidiárias por seu apelido “Sasori” (Escorpião). Após ela cair numa armadilha orquestrada pelo detetive corrupto Sugimi, a quem ela amava, Nami Matsushima tenta se vingar, porém falha, e em seguida é condenada a um longo tempo numa prisão feminina administrada por guardas sádicos e sem nenhum pingo de humanidade. Enquanto Matsushima planeja sua vingança, Sugimi e seus comparsas criminosos conspiram para que ela encontre uma morte “acidental” na prisão.
A direção é do senhor Shunya Ito e é deveras impressionante ainda mais esse sendo o seu primeiro trabalho no comando das câmeras, onde ele faz tomadas e sequências ágeis e criativas, como por exemplos a cena inicial da fuga da prisão com os policias no encalço das detentas (Nami e Yuki) ou a cena de sexo não explícito entre a Nami e o detetive corrupto Sugimi. Para representar durante o ato que ela tinha deixado de ser virgem, vemos uma mancha vermelha se formar no lençol no formato de esfera que inclusive faz alusão a bandeira do Japão. O diretor ainda dá uma pequena palinha de horror/fantasia na parte da briga no chuveiro, e nesse trecho temos um belo trabalho tanto de fotografia (que difere de todo o filme) quanto de maquiagem que remete aos filmes de horror japoneses. É ainda mais impressionante a qualidade dessas cenas se pararmos pra pensar que é um filme de 1972. Simplesmente excelente!
Tão impressionante quanto a direção do senhor Shunya Ito é a atuação assombrosa e magistral da senhorita Meiko Kaji, que apesar de possuir poucas linhas de diálogos (sua personagem é praticamente muda), ela expressa tudo que sente, desde seu ódio até sua tristeza com o olhar e a expressão corporal! Um excelente trabalho realizado atriz/cantora Meiko Kaji que é combinado tão perfeitamente pelo diretor que aproveita das expressões dramáticas e até sarcásticas dela para utilizar bastante do zoom da câmera em seu rosto, e pra mim a sua atuação nessa saga chega superar até a de Lady Snowblood, que apesar de ser esplêndida, é mais intensificado aqui por conta por conta da ausência de diálogos.
Inclusive, uns anos atrás, tinha lido num site que a senhorita Kaji não havia aprovado o roteiro da saga da Sasori pois a personagem tinha muitas linhas de diálogos com palavras de baixo calão e ela pediu que isso fosse alterado pois só assim ela aceitaria o papel, e então a sua personagem ficou praticamente muda na versão final. Sendo verdade ou não isso, o que todos nós concordamos é que o filme ficou bem melhor assim, pois aproveita muito mais da habilidade de atuação dessa artista incrível.
Female Prisoner #701: Scorpion está longe de ser um filme perfeito, ainda mais por possuir muitas cenas gratuitas de nudez feminina (seguindo a onda de diversos filmes japoneses da época) e certas sequências de ação que pra muitos que não estão acostumados com filmes antigos podem parecer lentas e estranhas. Ainda sim, não ofusca as qualidades de sua direção, fotografia e a atuação sem defeitos da grandiosa Meiko Kaji. Um ótimo começo de uma saga que ainda renderia mais três filmes com a senhorita Kaji no papel principal e um quinto filme com a atriz Yumi Takigawa, mas isso é assunto para o próximo review, então fiquem ligados aqui no site!
Curiosidade: a música tema da Sasori, chamada “Urami Bushi”, é cantada pela própria Meiko Kaji e inclusive essa belíssima canção também está presente nos créditos finais do filme Kill Bill (2003).
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O texto me deu vontade de conhecer mais e mais trabalhos dessa mulher maravilhosa.
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