MB Especial Meiko Kaji: Female Prisoner Scorpion – Jailhouse 41 (1972)

Female Prisoner Scorpion: Jailhouse 41 (Joshu Sasori – Dai 41 Zakkyobo) é a continuação direta de Female Convict 701: Scorpion, repetindo a parceria entre a artista Meiko Kaji e o diretor Shunya Ito, que retornam para mais uma história acerca da Sasori, um grupo de seis prisioneiras e o embate definitivo contra o diretor da prisão feminina.

Matsu, conhecida pelas prisioneiras como Sasori (Escorpião), está trancada nos calabouços da prisão como vingança por interromper o bom funcionamento da casa de detenção e por seu ataque ao diretor da instituição. Concedido um adiamento de um dia da sua pena devido à visita de um dignitário, ela aproveita e ataca o diretor novamente. Isso leva a punições e humilhações mais brutais. Mas a punição lhe dá a oportunidade de escapar junto com outras seis prisioneiras. Sua fuga surreal da prisão coloca as condenadas contra os guardas, o diretor e umas às outras.

O segundo filme da saga da Sasori é carregado de simbologia e surrealismo, sendo esse o mais interpretativo da franquia. Além do diretor Ito utilizar bem mais do horror e fantasia que no filme anterior, que ele havia apenas experimentado de forma rápida e leve, aqui é bem mais intensificado e é introduzido de forma magistral pelo diretor, que extrai o máximo da fotografia e dos cenários pra compor cenas que são dignas de serem pausadas e emolduradas em quadros e serem exibidas em galerias de arte!

Assim como no filme anterior, a cena inicial e a final são emblemáticas e de suma importância, sendo a marca registrada de toda a franquia. Para exemplificar de forma mais fácil, é como se fosse uma abertura e encerramento de anime, porém é bem mais longo que os habituais 1 minuto e 20 minutos dos animes e ,em todos os quatros filmes, é tocado a mesma música tema (Urami Bushi), da personagem Sasori que é cantado pela Meiko Kaji. 

Sobre a cena inicial, considero ela a minha segunda favorita da franquia, ficando atrás apenas do terceiro filme. Aqui temos a Sasori completamente acorrentada e com uma colher na boca. Ela passa horas raspando a colher no chão para desgastá-la e transformá-la num instrumento pontiagudo e, após um silêncio de alguns segundos, a música tema da personagem começa a tocar. Que abertura mais fantástica, meus amigos! 

O senhor Shunya Ito claramente estava inspirado quando fez esse filme. Além dos já famosos zoom no rosto da Kaji, ele experimenta outros tipos de takes, como por exemplos a técnica de filmagem em que a câmera está fixa embaixo do rosto da atriz, e ainda pega os homens que estão em pé olhando para ela que está no chão. 

Também há momentos que o diretor se baseia no teatro Noh (forma clássica de teatro japonês que combina canto, pantomima, música e poesia) para ilustrar uma das cenas mais importantes e impactantes da franquia que coloca o espectador para pensar acerca da “criatura” encontrada na floresta. Será que era realmente humana? Uma alucinação coletiva ou um espírito da floresta? A resposta para essa questão pouco importa (até porque não é respondida), mas toda a simbologia e filosofia que essa passagem carrega é deveras impressionante e é uma das que eu mais gosto.

Outra coisa diferente deste para o filme anterior é que eu não senti que a atriz/cantora Meiko Kaji rouba todas as cenas para si. Ela ainda é magnífica como a Sasori, que usa bem mais de suas expressões faciais e de suas ações do que as falas. Inclusive, nesse filme ela tem apenas DUAS linhas de diálogo (e é uma das falas mais importante do filme).

Todo o elenco que é formado principalmente pelas 6 prisioneiras e o diretor da prisão, que estão perfeitos, principalmente a atriz Kayoko Shiraishi que interpreta uma mulher que foi condenada a prisão por ter matado seus próprios filhos com as mãos (sendo o mais novo ela o esfaqueou ainda quando estava em seu ventre). O desfecho final dessa personagem é arrepiante e sinistro, uma grande atuação da senhorita Shiraishi que conseguiu dar vida a uma das vilãs mais perversas que o cinema asiático nos apresentou. 

Female Prisoner Scorpion: Jailhouse 41 não é apenas uma excelente continuação como também é o melhor capítulo da saga da Sasori, com bem menos cenas sexuais apelativas que no primeiro filme – que chega ser um tanto quanto desnecessário e é bem mais violento que o filme anterior. Com uma direção, roteiros e atuações impecáveis, Female Prisoner Scorpion: Jailhouse 41 é a obra-prima do senhor Ito e que facilmente poderia ter sido o capítulo final da história da personagem, porém a Toei tinha planos maiores pra essa obra e ainda renderia mais filmes! E isso é assunto para a próxima review, então fiquem ligados aqui no site!

Curiosidade: Durante as filmagens de Female Prisoner Scorpion: Jailhouse 41, mais especificamente na cena de tortura com a mangueira de água, a artista Meiko Kaji ficou doente devido a água estar gelada. Em entrevista, ela conta que o motivo dela ter deixado a franquia (ela fez apenas os 4 filmes iniciais) é que a Sasori exigia muito do seu corpo e, para evitar que voltasse ficar doente, ela não assinou o contrato para o quinto filme.

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