MB Review: East of West vols. 1 ao 4
Quando os cavaleiros do Apocalipse saem para brincar
East of West é uma HQ do selo Image Comics, lançada de 2013 até 2019, escrita por Jonathan Hickman (figurinha já conhecida pela quantidade de trabalhos, principalmente pelo selo Marvel) e ilustrada por Nick Dragotta. Com uma arte magistral e um roteiro que abraça ao universo western futurista, a HQ tem quatro encadernados separados propositalmente como os cavaleiros do Apocalipse (tão retratados nesta obra).
Em um universo distópico, onde, após uma guerra civil, os Estados Unidos passou por um grande rompimento, deixado na mão de pessoas poderosas que criaram novos impérios. Uma das principais características em 2064 é o misticismo criado em cima do chamado “A Mensagem”, algo muito similar a um culto aos cavaleiros do Apocalipse, e meio que dita o ritmo de como o universo vai se apresentar. Somos expostos logo no início à imagem de três dos quatro cavaleiros, e um personagem sem nome, muito comum no western de Sergio Leone.
O avanço tecnológico se faz presente a todo momento, e assim, como um clichê de westerns, outra coisa que se faz muito presente é o sentimento de vingança existente em cada esquina. A história apresenta um universo gigante neste primeiro volume, mas também deixa muitas pontas para serem trabalhadas. Essa divisão feita nos EUA lembra muito o universo da HQ Velho Logan, onde esses poderes ficam concentrados nas mãos de poucos, porém, aqui, diferente dos vilões, temos pessoas que sempre dependem de habilidades únicas, e essa habilidade pode ser por exemplo, apenas a fala.
Com muitas traições e Plot Twists, a obra vai em um ritmo lento e vai aplacando as curiosidades. Neste ponto, é bom não confundir o lento como algo ruim, mas sim um lento na medida, onde as coisas parecem se encaixar na medida que a HQ precisa. Não é um desafio entender como os personagens se apresentam, e o que os motivam, mas a pouca informação, também faz parte de como o plot se desenvolve.
O personagem principal, que também faz parte do segmento e de como a história deve evoluir (sem spoilers aqui), é extremamente bem trabalhado e interessante, fora o visual e o desenho insano que Dragotta traz. O segmento do que é contado tem uma evolução excelente do veterano Hickman, onde os clichês ganham um novo ar e são convincentes a quase todo momento.
Se existe uma crítica negativa para a história em si é que, dependendo da carga que você tem de leitura, pode ver um excesso de referência em alguns pontos, mas isso é muito mais uma questão de gosto pessoal, do que algo que pode ser mesmo ser visto como negativo.
Uma premissa interessante, uma edição magnífica da Devir com 152 páginas e extremamente recomendado para quem curte western com uma pitada de cyberpunk, e principalmente histórias sobre o fim do mundo.