MB Review: Mais Forte que a Espada
Mais Forte que a Espada é uma leitura excelente. A obra nos entrega tudo o que estamos acostumados a ver em mangás do autor. Conta com um excelente trabalho histórico e a brutalidade do Japão feudal, mas desta vez com um diferencial: uma das personagens femininas mais interessantes de uma ficção.
Hiroshi Hirata é conhecido por mostrar uma visão menos romantizada dos samurais e como realmente agiam na época do Japão feudal. Em Mais Forte que a Espada nos entrega uma obra com as características esperadas, mas dessa vez com uma protagonista diferente do habitual: uma mulher, dona de casa e mãe de várias crianças.
Mais Forte que a Espada (Kairiki no Haha) foi publicado na revista Mr. Magazine, da editora Kodansha entre 1993 e 1996 e compilado em 3 volumes. No Brasil, a editora Pipoca e Nanquim publicou uma edição do mangá em 2 volumes. A história segue Hisa, uma mulher que se casa com um herdeiro da família Shimizu. O clã do qual fazia parte estava em decadência e o Japão passava por um período turbulento de guerras. Com a partida do marido para os campos de batalha, ela tem que cuidar dos filhos, de si própria, e ainda ajudar outras mulheres do vilarejo, uma vez que seus maridos também foram à guerra.
Vemos Yasuhide, marido de Hisa em batalha, recorrendo a métodos alternativos para manter seus homens devidamente equipados. É interessante ver como essas gambiarras são feitas e seu modo de funcionamento. A honra de Yasuhide e seus companheiros chega a ser posta à prova por isso. Já Hisa, cuida de casa, trabalha e ainda ajuda na defesa do vilarejo, chegando a liderar um grupo de mulheres armadas que se juntam para proteger a vila. Tudo isso ao mesmo tempo que tem de lidar com mortes, doenças e momentos de angústia que fazem se questionar sobre os motivos disso tudo. Com certeza Hisa é uma das personagens mais interessantes que já vi em uma obra de ficção. Mulher de determinação, fibra e bom senso, serve de inspiração para qualquer leitor, independente do gênero.
O mangá ainda conta com camadas que nos revelam os aspectos sociais, culturais e históricos do Japão na época. Uma obra que deve agradar aos fãs dos mangás de samurais mais realistas e profundos, mesmo que com alguns exageros. Se você já conhece o trabalho do autor, melhor ainda. Além de ser do mesmo nível (se não melhor) que suas obras já lançadas no Brasil. Isso tudo acompanhado de uma arte magistral. Realmente, aqui temos Hiroshi Hirata em seu auge.