MB Movies: Stray Cat Rock – Sex Hunter (1970)

O diretor Yasuharu Hasebe, responsável por Delinquent Girl Boss, primeiro filme da franquia Stray Cat Rock, retorna na direção do terceiro filme da gangue feminina Alleycat. Encontramos Nikkatsu em um embate com uma gangue de garotas de rua contra os gângsteres racistas locais depois que uma das garotas começou a namorar um homem afro-japonês.

Durante as filmagens de Wild Jumbo, o estúdio Nikkatsu encomendou imediatamente mais um filme da franquia Stray Cat Rock pra ser lançado apenas um mês após a estreia de Wild Jumbo nos cinemas japoneses. Em Sex Hunter temos o retorno do diretor Yasuharu Hasebe e da estrela Meiko Kaji vivendo uma nova personagem nesse que é o capítulo mais pesado e intenso da gangue Alleycat.

Em Sex Hunter encontramos o vilão Baron (Tatsuya Fuji), chefe da gangue Eagles que nutri um forte ódio por mestiços após presenciar na infância o estupro de sua irmã mais velha. É perceptível que a trama é bem confusa no começo até mesmo para os padrões da época, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, sendo necessário uma atenção maior por parte do espectador. Mas, assim que todas as peças se encaixem e a trama toma um rumo fixo, fica bem mais agradável e cada vez mais interessante de assistir. Em menos de 1h30 Hasebe conseguiu fazer um filme movimentado com muita ação e cenas bem estilosas que passam toda a vibe dos anos 70.

Convenhamos que o retorno de Hasebe foi muito bem vindo pra franquia, tanto para o bem quanto para o mal. Como pontos positivos temos: a excelente trilha sonora do filme que contém diversas passagens musicais com bandas de rock, coral de garotas e principalmente o belíssimo dueto entre Meiko Kaji e o ator Rikiya Yasuoka que proporcionam duas das melhores cenas de todo o filme. A atuação de Meiko Kaji continua sublime como sempre e dessa vez com uma personagem mais interessante do que a Mei (Delinquent Girl Boss) e C-Ko (Wild Jumbo).

No papel da Mako, a líder da gangue Alleycat, a Kaji assume de vez o papel de protagonista com voz ativa e repreende com ações violentas todos aqueles que façam mal a suas amigas de gangue. Inclusive, é nesse filme que ganha o icônico chapéu preto que utilizará novamente nos quarto e quinto filmes da saga e nos quatro filmes da série Female Prisoner Scorpion da Toei. Contudo, para aqueles que esperam ver uma Meiko Kaji tão sanguinária quanto em Lady Snowblood ou de Female Prisoner Scorpion é melhor baixar as expectativas pois o envolvimento de sua personagem nas cenas de ação é um pouco menos de 40%. Ainda assim temos boas cenas de luta envolvendo Meiko Kaji e momentos de drama espetaculares que chamam a atenção até mesmo daqueles que não conhecem os outros trabalhos da atriz.

Falando em cenas de ação, o embate final se aproxima bastante a um Spaghetti Western, ou seja, o bom e velho faroeste de bang-bang. E é aqui que mora a grande falha do filme, enquanto temos toda uma ótima ambientação, trilha sonora e uma sequência final bem violenta, o diretor peca numa decisão tomada por um dos personagens da trama que não faz sentido algum no momento, gerando estranheza e revolta. Apesar da decisão feita pelo diretor nos segundos finais do filme, a cena não compromete o filme, mas faz com que perca alguns pontos não o consagra com nota máxima.

Stray Cat Rock: Sex Hunter é definitivamente o filme mais sombrio e cruel de toda a franquia. Apesar do deslize de Hasebe nos segundo finais, algo que não me agrada, ainda assim é um grande filme e podemos mesmo chamá-lo de revolucionário para sua época ao abordar temas como o ódio racial e toda a brutalidade contra as mulheres. Recomendado para todos que apreciam o cinema asiático, assim como para os fãs de Meiko Kaji que no auge de sua carreira nos brinda com uma atuação do mais alto nível.

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