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MB Nacional: Ping Pong & Drama vol. 1

“É na mesa de ping pong que essas crianças encontram seus sonhos e destino!”

Acompanhando um pouco o mercado de independentes na plataforma do Catarse, uma obra em si chamou bastante minha atenção, talvez porque a mescla de quadrinho nacional + esportes sempre me empolgaram, mas nesse aqui, por ser um esporte diferente do usual,  confesso que fiquei bem mais animado. Afinal, todos adoram um drama envolvendo esportes e superação, além de uma bela nostalgia. Podemos dizer que é um drama envolvendo ping pong, ou melhor, um “Ping Pong & Drama”.

Ping Pong & Drama é um quadrinho nacional da editora IndieVisivel Press, com autoria de Hataoh, um exímio quadrinista que sabe muito bem trabalhar com a boa e velha nostalgia. O projeto foi um tremendo sucesso no Catarse, rede para financiamento de autores independentes, se tornando um dos quadrinhos nacionais com o maior financiamento coletivo da plataforma.

A história se passa na Escola Fundamental Santa Cloro, que mais parece uma escola como todas as outras: chata, entediante e pronta para destruir a criatividade de seus alunos. Mas isso só dura até o sinal do recreio, quando a verdadeira face dessa escola vem à tona… a paixão de todos os estudantes por Ping Pong.

Porém, isso parece que está para mudar com a chegada de um estranho aluno novo. João Grande, em seu primeiro dia na escola, derrota uma terceiranista num 3-0 que fez o 7×1 do Brasil parecer um jogo lindo de se ver.

Derrota após derrota, João fez com que os alunos de Santa Cloro perdessem a vontade de jogar, com exceção de Lucas Kano. Lucas decide enfrentar o poderoso Muro, para dar um fim ao seu reinado na mesa de ping pong, trazendo a alegria do jogo de volta para o recreio.

Um embate entre os maiores jogadores do fundamental está pra começar e nada é certo no mundo do Ping Pong & Drama dessas crianças!

– A Narrativa 

A trama nesse primeiro volume cumpre muito bem seu papel em apresentar o universo e ambientar o leitor no que está por vir. Somos apresentados ao nosso protagonista e sua paixão pelo ping pong. Lucas é uma criança extremamente comprometida com seu hobby e que fará de tudo pra que nada o impeça de se divertir com aquilo que ama. 

Logo nas primeiras páginas a forma de apresentação do contexto dos personagens já serve de gancho para o que vem futuramente, de maneira com que a excitação por um futuro volume já se mantenha alta.

Além do exímio trabalho do autor em ambientar quem está lendo todo o sabor do ensino fundamental, algo que também deve ser elogiado é a forma que ele trabalha nos momentos de ação. Cada página e quadro consegue transmitir bem o clímax de um esporte que a todo momento tem uma enorme movimentação, e essa carga fica ainda maior quando ele consegue exalar todo o imaginário da infância sobre um duelo no meio das páginas desse esporte, é algo realmente muito bem feito.

Apesar da narrativa se manter bem pé no chão, com elementos padrões que já estamos acostumados em Shōnens e quadrinhos de ações, isso não tira o fato de dois elementos principais serem bem trabalhados aqui, a nostalgia e a regionalidade brasileira. O fato de focar em uma escola fundamental com vários alunos de todo jeito e forma, e mesclar com a esquematização regional brasileira, faz com que o leitor consiga se aproximar muito mais da obra, com o que ela quer passar, gerando reconhecimento, desde diálogos que todos nós passamos na infância, como por exemplo a vergonha em dizer que gosta de alguém ou tentar entender o coleguinha. Tudo isso é muito bem estruturado na história.

Um ponto que também merece elogios é a estética do autor. Cada personagem consegue ser carismático à primeira vista apenas pela sua aparência, e a estrutura de desenho do artista dá uma sensação extremamente juvenil com aquele cheirinho de infância que na primeira batida de olho consegue remeter muito bem aos primeiros anos escolares.

– Vale a Pena?

“Ping Pong & Drama” foi uma das leituras mais divertidas desse meu começo de 2022, talvez pela excelente carga emocional e nostálgica que o autor transmite, ou simplesmente por colocar crianças brincando de ping pong com toda a inocência e drama que só elas conseguem fazer (esse seria o propósito?). Afinal, nada é mais legal de tentar desvendar do que o imaginário infantil em construção, são jovens cheios de sonhos e que farão de tudo pelo seu divertimento e motivações. Tudo isso constrói o drama infantil, um vai e vem de sonhos e brincadeiras, ou melhor, um “Ping Pong & Drama”. 

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