MB Nacional: Rei de Lata #1 e #2

Em um futuro distópico, crianças recém-nascidas ganham poderes extraordinários. Contudo, são abandonadas e caçadas por serem diferentes. Como elas sobreviverão?

Atualmente as histórias em quadrinhos atingem uma parcela pequena de leitores e o nicho é ainda menor ao pensarmos em obras nacionais. Por este motivo, ver um quadrinho como Rei de Lata sendo publicado é algo muito bacana.

Vinda de uma webtoon do serviço Tapas,, a história é focada num futuro pós-apocalíptico, onde crianças nascem com poderes especiais e são caçadas pelos adultos. Neste ambiente, somos apresentados a José, um garoto que se autodeclara Rei. 

Nosso protagonista tem uma personalidade duvidosa e uma força insana. Entretanto, sua vida muda quando conhece Arthur, responsável pela segurança dos corações, locais onde crianças especiais se escondem. Começa assim uma batalha pela sobrevivência.

Rei de Lata tem muitos pontos positivos, como seu traço e o universo criado pelo artista Jefferson Ferreira. É muito bom ver o quanto a cultura pop o influenciou ao vislumbrarmos a criatividade esbanjada na obra.

Entretanto, o enredo tem problemas, principalmente em seu início, quando foca em uma grande quantidade de personagens, algo que faz com que o autor se perca, deixando tudo muito confuso ao tentar apresentar todos de uma só vez.

O primeiro volume conta com uma enxurrada de informações, muitas vezes desconexas e o autor utiliza até os extras para tentar explicar tudo que ocorreu no início. Isto pode agradar quem gosta de lutas desenfreadas, mas para mim tornou a leitura desinteressante e massiva. 

A impressão que dá é de que não existiu um editor para aconselhá-lo (a função editor é muito confusa quando se trata de quadrinhos no Brasil), quando certas dinâmicas são ignoradas ao se valerem do ponto de vista do autor, algo que prejudicou demais o primeiro volume.

No volume dois os problemas são corrigidos, novos personagens aparecem de forma mais linear, aproximando-se muito mais das obras de ação e aventura japonesas, contando boas batalhas e uma história mais fluida. Ainda existem os extras para explicar o que não está descrito na história, mas as intervenções são menores, o que melhora muito a leitura.

Não acompanho a webtoon, mas os dois primeiros volumes de O Rei de Lata mostram um potencial incrível e uma evolução bacana do autor. Se procura material nacional a obra atende bem ao gosto. Espero ansiosamente, depois dos problemas, pelo próximo volume.

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