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MB Review: A Gigantesca Barba do Mal

Você já deixou sua barba crescer mais do que deveria?! Símbolo de maturidade para alguns e desleixo por outros. Seu crescimento é individual, assim como nossas ações em relação a isso. A Gigantesca Barba do Mal é um quadrinho que fala sobre barbas, mas não somente isso. Se utilizando de analogias absurdas e sua forte mensagem, somos arrebatados por uma narrativa sentimental e reflexiva.

Já faz um tempo que namoro A Gigantesca Barba do Mal, e ainda que possa soar estranho se apegar a um título tão estranho, seu título, capa e mesmo sinopse são bem atraentes a quem deseja histórias diferentes.

A Gigantesca Barba do Mal é um quadrinho de Stephen Collins, publicado em 2014 pelo selo Jonathan Cape e finalista do Eisner Award. Ser indicado ao Eisner já torna o título bem interessante, mas some a isso a bela edição brasileira da Nemo.

A história se passa em uma ilha chamada Aqui, e o nome nem é de graça. Aqui é um lugar confortável, no qual todos têm seu trabalho e vivem de forma similar, sem estresse ou muitas escolhas. Se Aqui é um lugar cômodo, o que tem lá?! E talvez aqui esteja o cerne da questão.

A vida não pode ser controlada, a comodidade sempre está vinculada ao sacrifício de algo importante. Esse é o ponto de vista deste que vos escreve, mas também é a principal perspectiva da HQ.

Dave é nosso protagonista, um cara normal que vive em Aqui e sua rotina não é diferente da maioria das pessoas. Porém, se olharmos com cuidado, aos poucos começa a se diferenciar dos outros. Algo indispensável, uma vez que ser diferente é o que fará dele nosso protagonista.

Dave tinha um único pêlo no rosto, e não importa o quanto tente, o rebelde pêlo persiste. Um dia tudo muda, quando esse pêlo se transforma em barba e a barba cresce sem parar, prenunciando uma mudança que deve se apresentar como uma verdadeira catástrofe pública. Uma Gigantesca Barba do Mal.

A HQ é fenomenal, não tenho palavras pra descrever as sensações que tomaram minha mente e corpo enquanto lia. Dave provavelmente era o centro disso tudo. Em meio a uma situação tão louca Dave se mantém calmo, talvez por medo de perder o controle de vez, talvez apenas por ser algo dele. No entanto, o desenrolar da história só me aproximou mais do personagem. As mudanças começam aos poucos e a distância entre Aqui e Lá é muito pequena. Mesmo que Dave não perceba, sua música favorita, seus desenhos, sua individualidade propriamente dita, importa em qualquer lugar.

A arte e construção dos quadros são muito bem feitas, combinando perfeitamente com a proposta. A HQ é em preto e branca. Collins se aproveita de cada página e busca aproveitar o potencial de cada cena, gerando uma fluidez absurda na leitura.

A Gigantesca Barba do Mal é uma bela HQ, mas tenho minhas dúvidas sobre o quanto pode ser interessante para outros leitores. Ainda que na incerteza, recomendo a leitura, talvez (em) Lá exista uma mensagem que mudará sua vida.

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