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MB Nacional: Alho Poró

Alho-Poró é um desses quadrinhos que surpreende por seu poder de atração, seja em seu roteiro ou por propor uma discussão interessante com uma premissa simples. Com autoria de Bianca Pinheiro, a obra foi recentemente publicada pela editora Conrad e possui os ingredientes necessários os ingredientes para agradar o mais exigente dos leitores.

É quase inevitável cair em um título de Bianca Pinheiro ao se aprofundar no mercado nacional de quadrinhos. A artista tornou-se uma grande referência no cenário nacional. Durante muito tempo despertou minha curiosidade, até que finalmente pude satisfazê-la com a leitura de Alho-Poró.

Em um mercado qualquer de uma cidade qualquer, duas amigas conversam sobre os tempos de escola enquanto procuram alho-poró e outros ingredientes para fazer um quiche de alho-poró.

Enquanto acompanhamos uma conversa casual, conhecemos um pouco mais sobre as personagens. Algo longe de ter um grande desenvolvimento, visto que só precisamos entender que são pessoas comuns. Mas uma história sobre a vida escolar de uma delas entrega muito sobre a mensagem que a autora quer passar…

O que aconteceria se a violência fosse banalizada? Ou deveríamos nos perguntar se ela já não é? Em meio à nossa rotina somos cercados pela violência, mas também sabemos que isso é algo ruim. Ainda assim, ela parece se propagar tão rotineiramente quanto a nossa busca por um ingrediente de uma receita. 

A história tem dois momentos distintos. O aparecimento de uma arma é o gatilho para a mudança da paleta de cores e seu tom. Foi realmente instigante ser surpreendido, e sinceramente, a história começa a despertar a curiosidade desde o início.

Enquanto tentamos procurar um fio narrativo, somos jogados em uma situação macabra, que em nenhum momento tenta justificar a violência apresentada. Mas isso deveria ser óbvio, a violência nunca deveria ser justificada, e mesmo assim vivemos em uma corda bamba. Mais uma vez me perguntei, o que aconteceria se resolvêssemos qualquer desavença com violência? E foi aí que meu estômago por um embrulhou por um breve momento.

A arte da HQ é rabiscada, e passa a sensação de que estamos em um momento comum de nosso dia a dia. É estranho perceber como o uso desta técnica quase infantil pode nos trazer esse sentimento, mas a falta de detalhes no cenário e feições das personagens parece criar uma segunda imagem em nossa mente. Com formas mais reais, essa sensação ganha ainda mais força por com a fluidez do texto.

Talvez não exista uma receita para se produzir um bom quadrinho, mas Alho-Poró é um prato cheio para discussões e tem aquele sabor de quero mais.

Texto por: @daigorbarbosa

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