MB Movies: Wandering Ginza Butterfly (1972)

Wandering Ginza Butterfly (em tradução livre “A borboleta errante de Ginza”) é o décimo quarto trabalho da carreira cinematográfica da talentosíssima atriz e cantora Meiko Kaji, que já trabalhou em mais de 100 filmes e segue em plena atividade aos 77 anos!

A década de 70 em especial foi muito importante para a carreira da senhora Kaji, que realizou mais de vinte filmes num espaço de tempo de oito anos (de 1970 a 1978). A maior parte foi dedicado a papéis de personagens fora da lei e que possuem um forte senso por vingança feita com as próprias mãos. Na adaptação liveaction de Lady Snowblood, de Kazuo Koike e Kazuo Kamimura, a senhora Kaji interpretou a personagem principal da obra, a vingadora Yuki Kashima que lhe rendeu muita popularidade e notoriedade no Ocidente, inclusive a próxima resenha do quadro MB Movies será dedicado a Lady Snowblood, de 1973, então fiquem ligados no site!

Após essa breve introdução sobre a senhora Kaji, vamos a review de Wandering Ginza Butterfly, um filme de gângster japonês de 72 que trouxe a atriz/cantora Meiko Kaji em mais um papel de ex-prisioneira, mas diferente da quadrilogia Female Prisoner, também de 1972, em que a atriz interpreta uma presa que mal abre a boca pra falar deixando pra se expressar apenas com seu olhar e ações. Em Wandering Ginza Butterfly temos uma personagem que fala a todo momento, alegre e que inclusive dá gargalhadas de certas situações, bem diferente da Nami Matsushima que ao longo da quadrilogia está todo momento séria e com muito ódio acumulado.

Em Wandering Ginza Butterfly temos mais uma vez a atriz/cantora Meiko Kaji interpretando uma personagem com nome de Nami (um nome feminino bem popular no Japão que significa onda). Nami é uma bela jovem que foi libertada da prisão após cumprir três anos por matar um homem. Ao sair da prisão ela começa uma nova vida, se torna uma anfitriã num bar e passa ajudar financeiramente uma misteriosa mulher que está doente e a criança dessa mulher. Após um certo acontecimento ao longo do filme, Nami se envolve num esquema da máfia japonesa que está tentando assumir o bar para o qual ela trabalha. Ela então tem que usar sua inteligência e habilidades na mesa de sinuca para salvar o bar e sua própria vida. 

No longa, a senhorita Kaji repete a sua parceria com a Toei Company que começou em Female Prisoner #701: Scorpion (quadrilogia já mencionada nessa postagem). Anteriormente, Kaji trabalhava para a Nikkatsu Corporation, mas decidiu não renovar o contrato com a Nikkatsu pois o estúdio estava mudando o foco de suas produções para filmes do gênero “pinku” (um estilo de filmes que mescla ação com muitas cenas de erotismo). Aqui temos mais uma obra setentista que traz a clássica fórmula da época, que mescla drama e sempre guardava uma grande luta para o final, então não esperem ver o mesmo nível de ação e violência presentes em Lady Snowblood, já que aqui a ação acontece apenas nos dez minutos finais de filme (O que pra mim não é um ponto negativo, pois já estou acostumado com essa fórmula japonesa que funciona relativamente bem).

Vale mencionar também que o ritmo, principalmente das cenas dramáticas, é mais lento, o que é normal para um filme dos anos 70. Porém, nenhuma cena chega ser cansativa ou sem importância, sendo o trecho em que temos a revelação de quem é a mulher que está doente e os motivos que levaram a Nami ajudá-la financeiramente como o momento de maior carga dramática dessa película. É aqui que a atriz brilha com uma excelente e tocante atuação (juntamente na luta final que podemos presenciar toda sua fúria, que estava presa dentro de si).

A direção ficou a cargo do competente diretor Kazuhiko Yamaguchi que estreou em 1970 com o filme “Delinquent Girl Boss: Blossoming Night Dreams”, estrelado pela atriz e também cantora Reiko Oshida. Esse é o quinto filme do senhor Kazuhiko que assisto, anteriormente eu havia conferido a quadrilogia “Sister Street Fighter” de 74 que é estrelado pela atriz, dublê e artista marcial Etsuko Shihomi. Infelizmente, aqui o diretor explora pouco do jogo de câmera mais rápido e dinâmico, são poucas as cenas com esse tipo de filmagem. Não estraga a experiencia como um todo, mas eu adoraria que tivesse mais.

O trabalho de fotografia não tenho do que reclamar, pelo contrário, é um dos pontos fortes do filme. A paleta de cores é extremamente bonita, principalmente nas sequências noturnas, em que temos luzes de neon dando a sensação de calor para cidade, um charme visual que muitos filmes dessa época tinham e que infelizmente não está mais presente nas produções japonesas atuais.

Sobre a trilha sonora temos jazz e música sinfônica e, em determinado momento, a mescla das duas. Além, claro, da bela canção tema do filme que é cantada pela Meiko Kaji, e como sou bem eclético para música curti ambos gêneros musicais presente no filme, sons que combinam com as cenas e que são agradáveis aos ouvidos.

Wandering Ginza Butterfly, apesar de não possuir o mesmo nível de ação presente em Lady Snowblood, é um ótimo filme da safra japonesa dos anos 70 que contava com atuações acima da média e, nesse em especial, com uma personagem (Nami) que possui um conjunto mais variado de emoções do que apenas a vingança (que é o vimos em seus trabalhos anteriores). A sua personagem que ao mesmo tempo é doce, gentil e grata as pessoas que a tratam bem, é uma assassina letal com aqueles que tentam lhe fazer mal ou às pessoas que ama. O seu olhar frio de morte que lança aos seus inimigos é de dar medo e fará você pensar duas vezes antes de querer enfrentar essa mulher, que não poupa esforços para cumprir sua vingança.

Curiosidade adicional: Nesse filme também tivemos a presença de diversos cantores importantes da época, inclusive algumas atrizes/cantoras que fizeram parte do gênero de filme “pinku”, como a atriz Flower Meg, que assim como a Meiko Kaji chegou lançar um disco.

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