MB Listas: 5 Mangás com Adaptações Hollywoodianas

Não é nenhuma novidade que, caso alguma obra faça sucesso, seja ela um livro, um quadrinho ou até mesmo um jogo, adaptações começarão a surgir. Existem, inclusive, diversas pessoas que comentam e acreditam que essa quantidade de adaptações massivas apenas prova a queda de criatividade que o cinema norte-americano está sofrendo.

Apesar desta ser uma discussão interessante, a lista de hoje se atenta ao primeiro ponto. Então, com base nisso, a nossa lista de hoje fala de cinco filmes live-action americanos…de mangás.

E novamente temos um elefante na sala. Na verdade dois, mas vamos falar de um deles agora e deixar o outro pra uma parte dois, caso vocês gostem desse tema. Claramente, estou me referindo a obra prima dirigida por James Wong em 2009, Dragon Ball Evolution.

Dragon Ball Evolution (2009)

Com um orçamento de 30 milhões de dólares, o filme teve uma bilheteria de 58.2 milhões e é considerado por muitas pessoas como a pior adaptação americana de um mangá já feito, e motivos para isso não faltam.

O filme acompanha uma versão americanizada de Goku, vivendo e treinando com seu avô, indo a escola, se apaixonando por sua colega de escola Chichi, que namora o badboy. Porém, quando o demônio Picolo, que em sua caracterização mais parece O Máskara, ameaça destruir a Terra, Goku precisa juntar as sete Esferas do Dragão para salvar seu planeta.

Apenas pelo enredo, já deu pra perceber o quão fraco enquanto adaptação este filme é, parecendo um filme adolescente padrão. Porém, mesmo enquanto filme, ele se demonstra fraco, com atuações fracas e todo um contexto genérico colocando uma ou outra referência ao mangá de Akira Toriyama para prender o público.

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O próprio autor já chegou a comentar como o roteiro é raso e não captura em nada a essência de sua obra e propôs mudanças aos roteiristas, que não deram ouvidos.

Speed Racer (2008)

Ainda na área de filmes que deixaram a desejar, temos um caso interessante. Se eu disser que as mentes por trás de Matrix resolveram fazer uma adaptação de um anime, o mínimo que desperta é a curiosidade, não?

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Mas, infelizmente, esta curiosidade não compensou para diversas pessoas que, em 2008, foram pegas pelos nomes ou pela nostalgia para assistir a Speed Racer. Escrito, dirigido e produzido pelas Irmãs Wachowski, o filme teve um orçamento de 120 milhões de dólares e uma bilheteria de 93,9 milhões, gerando um prejuízo.

Dessa vez, pelo menos, o filme é uma adaptação melhor do que o anterior, mesmo que isso não seja um grande desafio. Speed é um garoto nascido e crescido em uma família de pilotos de carros. Sendo uma estrela de corridas, o garoto acaba descobrindo a corrupção entre os patrocinadores de corridas e, para salvar os negócios de sua família, ele terá que correr na mesma pista em que seu irmão faleceu, e desafiar um magnata. 

Aqui já podemos ver que o roteiro acaba tentando trabalhar com dois pontos bem interessantes. A ideia básica do mangá de Tatsuo Yoshida e uma pitada de uma crítica social à corrupção, para atrair mais faixas etárias. E, se pudermos definir um ponto sobre este filme, é sua constante transição entre dois pontos. Buscando um filme família, as decisões criativas envolviam a constante explicação de coisas que aconteciam na tela, nivelando por baixo para quem estivesse assistindo e às vezes subestimando a inteligência dos espectadores.

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A transição também ocorre na criação do mundo, misturando coisas extremamente tecnológicas com outras retrô, ambas com efeitos especiais constantes que podem incomodar. No geral, este filme tem uma aceitação mediana do público, alguns gostam, outros não e muitos falam que “se você tiver até 12 anos, vai adorar. Mais que isso, passe longe”

Hokuto no Ken (1995)

Agora, vamos a um filme que pode ser desconhecido para a grande parte do público, mas vocês sabiam que existe um longa-metragem americano baseado no “Mel Gibson japônes”, Kenshiro?

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Em 1995, Hokuto no Ken ganhou uma adaptação para um filme Americano, que, inclusive, chegou a passar aqui no Brasil, com o título de O Guerreiro da Estrela Polar. Não há informações precisas sobre quanto o filme custou ou lucrou.

O elenco como um todo é composto de atores na época desconhecidos ou famosos apenas por produções em Filmes B, sendo Kenshiro interpretado por Gary Daniels; enquanto Shin, por Costas Mandylor, o Detetive Hoffmann da Franquia Jogos Mortais.

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O enredo do filme é o mesmo do mangá. Um mundo pós-apocalíptico em que um guerreiro solitário busca libertar sua amada das mãos do seu antigo melhor amigo, Shin. As opiniões para esse filme são bem mistas  e muito disso pode ser devido a relação a ser um filme “trash”.

Ainda assim, pode ser um filme bem divertido se seu intuito é apenas ver uma porradaria descompromissada e claramente irreal.

No Limite do Amanhã (2014)

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Vamos agora a um longa que muitas pessoas não sabem ser uma adaptação. Estrelado por Tom Cruise e Emily Blunt, em 2014, estreou o filme “No Limite do Amanhã”.

Mas eu não conheço nenhum mangá com esse nome!

Sim, mas este mangá, além de tudo, já foi até publicado aqui no Brasil. Escrito por Hiroshi Sakurazaka e desenhado por Takeshi Ohbata, não poderíamos estar falando de outro mangá que não All you need is Kill!, lançado pela JBC no Brasil também em 2014.

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A premissa do filme é bem semelhante a do mangá. Um soldado novato, em meio a uma guerra contra uma espécie alienígena, acaba morrendo. Acorda então no início daquele dia e passa a reviver os pontos daquela guerra e vai se desenvolvendo e tentando entender uma forma de derrotar os aliens.

O filme provavelmente é o melhor recebido pela crítica e pelo público desta lista. Tendo 91% de aprovação da crítica e 90% do público, segundo o Rotten Tomatoes. O filme custou 178 milhões de dólares e faturou 370,5, sendo um grande sucesso comercial também.

Referente às alterações feitas, boa parte está nas personalidades dos personagens. Enquanto Keiji, o protagonista do mangá, se alistou e buscou lutar por seu país; Cage, o protagonista do filme, nunca quis lutar, apenas estava lá. Porém, a maior diferença entre ambos com certeza é o final então, vamos pular os spoilers e ir direto ao último item da lista.

Alita: Anjo de Combate (2019)

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E este último foi escolhido para mostrar as diferenças estéticas que uma adaptação pode ter. Nessa lista, vimos uma versão completamente americanizada; uma versão lotada de efeitos especiais; uma versão bem fiel e uma que apesar da fidelidade, criou uma identidade própria. O próximo filme escolhido trouxe a identidade dos mangás para as telas de um jeito único e bem criativo. Estou falando de Alita: Anjo de Combate, a adaptação do mangá Hyper Future Vision Gunnm, ou, como está sendo conhecido atualmente, Battle Angel Alita.

E claro que quando me referi a este jeito único de trazer a identidade dos mangás, estou me referindo a como usaram toques em CGI no rosto da atriz Rosa Salazar para criar a estética da personagem principal, Alita, realçando traços em seu rosto, principalmente os olhos, para criar algo que nos soasse diferente e ao mesmo tempo que entendemos o que aquilo é.

Essa utilização não se limita apenas a Alita, como também a diversos personagens robóticos. Isso não interfere em nada no filme negativamente, pois em pouco tempo, a imersão e o costume mostram que essa foi uma decisão muito acertada dos produtores.

Seu enredo conta sobre a ciborgue Alita, que é encontrada sem memórias em um ferro velho. Buscando entender sobre si mesma, seu passado e seu corpo, ela se torna uma caçadora de recompensas.

O filme foi dirigido por Robert Rodriguez, responsável por Sin City; e escrito por James Cameron. Custando 170 milhões de dólares, o filme conseguiu arrecadar 405 milhões na bilheteria, além de ter sido um sucesso com o público, apesar de ter tido uma receptividade mista da crítica. Ainda assim, uma sequência não é algo improvável de acontecer.

Considerações finais

Como é possível ver, adaptações podem acontecer de diversas formas, seja algo completamente americanizado, um mundo alternativo, ou algo mais fiel. E não é só porque algumas coisas foram alteradas nessa adaptação que o filme é necessariamente ruim, às vezes, é só um outro ponto de vista. Ainda mais porque estamos falando de adaptações para outras mídias, ou seja, alterações têm que ser feitas obrigatoriamente para aproveitar o máximo de cada mídia e de cada público.

E um grande adendo:

Se a ideia é manter algo japonês, com a identidade japonesa e até mesmo os nomes em japonês, contratem atores e atrizes japoneses! O cinema norte-americano já tem tão poucos atores e atrizes de etnias não-brancas em atividade. E grande parte dos asiáticos são voltados a alívio cômico ou luta, como Jackie Chan ou Bruce Lee, dois dos mais conhecidos atores asiáticos para o cinema tradicional ocidental. Não apaguemos ainda mais outras etnias enquanto utilizamos os roteiros e a cultura deles!

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