MB Review: Hokuto no Ken – A estrela guia do battle shounen como conhecemos

As estrelas polares foram importantes meios de orientação para navegantes do passado. Olhando para a luz de um corpo celeste, os homens buscavam seguir em frente. As inspirações para o nome Hokuto no Ken vieram de um mito chinês, mas como clássico não é incorreto entender o título como um dos principais guias do battle shounen. É comum conceber que esse guia ficou para trás, como o uso da Estrela do Norte para orientação, mas ao olhar para o céu ainda poderemos perceber a estrela brilhando em toda sua glória, e o mesmo pode ser dito do título de Buronson e Tetsuo Hara.

Hokuto no Ken é um dos mais importantes mangás da revista Shonen Jump, com roteiro de Buronson e arte por Tetsuo Hara. A obra foi publicada entre 1983 e 1988, finalizando em 27 tankos. Sua publicação foi forte inspiração para diversas obras, entre elas podem ser citado YuYu Hakusho, Os cavaleiros do Zodíaco, Jojo Bizarre Adventures e, em especial, a segunda fase de Dragon Ball, que foi umas das principais obras no processo de abertura do mercado de produções artísticas japonesas para o mundo.

Ainda sobre o impacto de Hokuto no Ken, o mesmo foi um dos primeiros mangás japoneses a ganhar adaptação em Hollywood e, seguindo o padrão, é uma péssima adaptação. Sim, eu acabei esbarrando nessa peça cinematográfica, mas a vida é feita de decepções e, felizmente, o mangá não foi uma dessas.

O mangá está em publicação no Brasil pela JBC com o título “Hokuto no Ken – Fist of North Star”. A versão escolhida para a publicação foi a Extreme Edition, o formato é 13,2 cm x 20 cm, miolo em Lux Cream, páginas coloridas, conteúdo especial, média de 300 páginas por volume e preço sugerido atualmente em R$48,90. No momento, a obra está em seu volume 10, sendo que a edição anunciada possui 18 volumes.

Sobre o primeiro volume, base da review aqui proposta, o preço de capa foi R$44,90, valor muito justo pensando na qualidade da edição. Seu formato de luxo não deixa a desejar em nenhum quesito, o papel Lux Cream ainda é um dos melhores papéis para o miolo de mangás, as páginas coloridas são primorosas e EXCLUSIVAS da edição nacional. Indo direto para a questão principal de qualquer colecionador/leitor que vive nessa selva de anúncios extraordinários em meio a crise econômica, me perguntam: Hokuto no Ken é bom?

Sinopse: A história de Hokuto no Ken se passa em um mundo pós-apocalíptico, que fora destruído por uma guerra nuclear. Tem como personagem principal o guerreiro Kenshiro, sucessor de um estilo marcial mortal, chamado Hokuto Shinken, onde sua maior característica é a de matar boa parte dos adversários através de pontos vitais secretos do corpo humano, ocasionando morte sangrentas e violentas.

Em Hokuto no Ken somos introduzidos a um cenário pós-apocalíptico. Nesse ponto, já podemos começar a compreender que a obra é uma representação de um medo que assombrava o mundo durante e após a Guerra Fria, o medo de um desastre mundial causado pelo uso de armas nucleares. A temática estava em alta, e no Japão podemos citar Akira, uma das maiores obras nessa linha, produzida durante os anos 80. 

Mas as inspirações para Hokuto vieram do cinema ocidental. Seu cenário gutural foi inspirado em Mad Max (1979), sendo possível notar diversas referências aos personagens e ao universo. Os personagens grandes e badass dos filmes de ação da época, ou brucutus, também foram forte inspiração pro visual dos personagens, em especial o Kenshiro, protagonista da série, que também serviria de inspiração para outras obras japonesas. 

Hokuto no Ken é base de inspiração para os diversos battle shounens que surgiram posteriormente e, nesse sentido, são diversas as influências, desde o visual, até as estruturas narrativas. Como exemplo, temos o protagonista com um poder especial, o rival e a narrativa que gira em torno dos combates. Esses elementos abarcam o que pude perceber no primeiro volume, mas não é difícil perceber que os posteriores devem trazer ainda mais convenções do gênero/demografia.

Essa abordagem apontando a importância da obra é imprescindível, mas não deve resumir essa review. O universo que nos é apresentado, o roteiro e o desenvolvimento dos personagens não poderia ser mais comum no quesito padrões narrativos, mas isso não representa falta de qualidade. Um roteiro funcional, combinado com uma arte e quadrinização excelentes, torna a leitura mais do que agradável. Também é importante citar que o uso de artes marciais e a proposta de utilizar golpes que deixam o adversário com algum tempo antes do seu fatídico e inevitável fim, possibilitam momentos com falas icônicas e poses que eu adoraria ter coragem de usar no dia a dia.

Omae wa mou shindeiru

Nesse primeiro volume vemos um pouco do passado do nosso amado protagonista e seu primeiro grande rival, com intervalos cheios de lutas, sangue (ainda surpreso por ser uma publicação da Shonen Jump, mas certamente eram outros tempos) e poses. Se recomendo a obra? Sempre considero difícil julgar clássicos, mas devorei o volume em uma velocidade absurda e vou ser obrigada a continuar comprando, como escrevi no início dessa review, mesmo algo que ficou no passado pode continuar a brilhar, e esse é o caso de Hokuto no Ken.

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