MB Animações: Danganronpa 3 – The End of Hope’s Peak Academy

Após dois jogos de sucesso, a expansão do universo do Urso Psicopata mais conhecido da cultura pop se deu em um anime. Na verdade, tecnicamente falando, em três animes. E, depois de ter feito resenhas sobre o primeiro e o segundo jogo, estou aqui para fazer a análise deste anime que, além de canônico, é a continuação direta do segundo jogo.

Atenção: A resenha a seguir contém spoilers dos jogos Danganronpa: Trigger Happy Havoc e Danganronpa 2: Goodbye Despair.

Após os eventos do fim de Danganronpa 2, Makoto Naegi precisa se reportar para a Fundação Futuro e explicar o porquê abrigou os “Remanescentes do Desespero”. Porém, como seu ato é visto como uma traição, os membros da Fundação não estão muito dispostos a ouvi-lo, mas, antes que Makoto consiga se fazer claro, os personagens se vêem presos a um novo Jogo de Matança.

Uma das coisas que chama a atenção em como esse anime foi feito, é a sua estrutura. A sinopse acima é o que foi chamado de “Arco do Futuro”, mas o anime também tem uma história paralela chamada “Arco do Desespero”. Basicamente uma prequela do primeiro jogo, explicando os primeiros anos dos alunos, algumas memórias que foram perdidas e como aconteceu A Tragédia, O Maior, Mais Horrível, Mais Trágico Evento da História Humana (quem jogou sabe, este é o título do evento, não estou exagerando). Então enquanto um dos arcos é uma sequência do segundo jogo, outro é um prelúdio do primeiro.

Achou confuso? Consigo deixar um pouco mais agora!

O recomendado é que você assista intercalando: vendo um episódio do futuro e um do desespero alternadamente.

Apesar dessa estrutura soar bastante confusa e ser bem estranha no começo, posso garantir que essa é a melhor forma de se assistir a este anime. O motivo é a forma como os eventos de cada um deles foram pensados.

Existem alguns personagens que estão presentes em ambos os animes e, graças a isso, diversos eventos são correlacionados. Por exemplo, enquanto em um episódio do arco do futuro há um ressentimento entre dois personagens, no arco do desespero é explicado o porquê dessa desavença e o quê de fato aconteceu.

Este acaba sendo, para mim, o ponto mais alto desse anime. Junto  ao fato de que cada história funciona por conta própria, então apesar dessa recomendação ser muito válida, ela não é obrigatória para o entendimento das histórias, ficando apenas com uma ou outra lacuna caso você opte por não alternar!

Agora, referente a história:

O Arco do Desespero se baseia muito em fanservice. Não no sentido sexual, apesar de infelizmente este anime também estar carregado disso, mas no sentido de ver as interações dos personagens que tanto gostamos e principalmente, vermos diversos personagens realmente utilizando suas Habilidades Supremas. Apesar de não poderem tomar nenhuma decisão impactante, é um arco bem divertido por conta própria se pensarmos apenas nos personagens já estabelecidos.

Com relação aos novos personagens apresentados, nenhum deles consegue ter carisma e se tornam facilmente esquecíveis. Muitos deles ficam no famoso “não fede nem cheira”, o que acaba deixando um desfalque muito grande na série, que é composta por vários personagens carismáticos. Podemos ver um desenvolvimento maior da Chiaki e, principalmente, do projeto Kamukura ao qual Hinata foi submetido, além de entender como aqueles personagens se tornaram os Remanescentes do Desespero.

Indo agora para o Arco do Futuro, o cenário ao qual os personagens são submetidos é bem interessante. Cada um dos participantes do jogo tem o que é chamado de “Ação Proibida” no qual, se algo específico é feito, a pessoa morre instantaneamente, o que dá uma tensão a mais no jogo em si.

Como o grupo está preso apenas ao prédio principal da Fundação Futuro, entender quem é o assassino e como ele descobriu essa localização secreta também entretêm. Porém, assim como no Arco anterior, este também possui personagens esquecíveis, para dizer o mínimo. 

As motivações de alguns personagens não são tão críveis e seus ideais não fazem sentido quando colocados em perspectiva com o que eles representam. A Fundação Futuro viu A Tragédia (não vou repetir aquele nome inteiro de novo) acontecer devido a algumas circunstâncias específicas, e acabam se submetendo a estas mesmas circunstâncias achando que conseguiriam acabar com O Desespero Supremo?

Além disso, o maior problema de toda a história é a falta de coragem em inovar, mas infelizmente não posso me aprofundar nisso sem dar spoilers.

O destaque desse novo arco fica para os personagens antigos do primeiro jogo, com a adição de Komaru Naegi, a protagonista do jogo spin-off Danganronpa Another Episode: Ultra Despair Girls, que mantém suas personalidades e seus jeitos de ser, assim como no jogo. Com exceção de Yasuhiro Hagakure, que está ali muito mais para ser um alívio cômico do que como um personagem mesmo. Mesmo nos jogos, Hiro ainda tinha um pouco mais de relevância.

Mas… até o momento eu falei apenas de dois animes, sendo que no início da resenha comentei que eram três. Estaria errando a conta?

Não.

Porque após os 12 episódios do Arco do Futuro e os 11 do Arco do Desespero, temos 1 episódio do Arco da Esperança, que culmina no fim de toda essa narrativa, juntando e amarrando os pontos mostrados nos dois primeiros e concluindo todo o arco da Academia Auge da Esperança.

O final, infelizmente, pode não agradar a todos. Acaba sendo um tanto quanto anti-climático, não tanto pelo anime, mas pelo que passamos nos dois jogos. Mas, novamente, comentar mais sobre, seria spoiler.

Em resumo

Danganronpa 3: The End of Hope’s Peak Academy não é um anime obrigatório de se assistir, e fica bem aquém de seus dois predecessores. O terceiro jogo de matança, apesar de ter umas utilizações interessantes para as novas condições, não prende a ponto de criarmos tensão pelos personagens. O ponto mais fraco do anime são seus novos personagens, o que é um contraste pesado, visto que este é o forte da série.

É uma história baseada no fanservice, que pode agradar vermos os personagens que gostamos uma última vez, já que o próximo jogo, Danganronpa V3, tem outra ambientação e outros personagens.

Entretanto, pode ser um entretenimento interessante se você não esperar algo no nível dos dois jogos anteriores. Ainda mais se você, assim como eu, se encantar pelo formato de alternância e entender os paralelos que acontecem até nas aberturas das duas séries.

Talvez se o anime tivesse um pouco mais de coragem em suas tomadas de decisão, ele fosse melhor.

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