MB Review: Rooster Fighter (também conhecido como Rinha de Galo)

Em toda oportunidade que tenho, adoro lembrar de o quão grande e diversificado é o mercado de quadrinhos japonês. Ouso dizer que não há outro país que produza tantos quadrinhos, de temas tão variados, e com números de circulação que chegam a assustar. E com certa frequência, eu esbarro em mangás com propostas e/ou histórias completamente inusitadas, o que me deixa instigado a “mergulhar” o mais fundo possível nesse universo a fim de conhecer coisas diferentes e (por que não?) estranhas.

Porém, de vez em quando, uma dessas preciosidades acaba se popularizando por um motivo ou outro, pegando até mesmo o autor de surpresa. Foi o caso do divertidíssimo “Rooster Fighter” que, por conta de sua premissa, ganhou rapidamente o mundo por meio das redes sociais, e o autor, vendo a popularidade crescente do mangá, passou a interagir cada vez mais com os fãs. Como resultado disso tudo, a obra foi licenciada em diversos países, mesmo tendo apenas um volume publicado no Japão. Entre esses países, o Brasil, o que é algo extremamente incomum de acontecer por aqui.

A obra escrita e ilustrada pelo mangaká Syu Sakuratani é publicada na revista HERO’S, da editora Shogakukan, desde 18 de dezembro de 2020 e atualmente conta com um volume encadernado. No Brasil, a obra está sendo lançada pela editora Panini com o título “Rooster Fighter – O Galo Lutador”. Fiquem agora com a sinopse da obra e, caso você nunca tenha ouvido falar desse mangá (o que eu duvido muito), ao ler a sinopse entenderá o porquê de a série ter viralizado.

“O mangá conta a história de como a humanidade é ameaçada por monstros com um poder avassalador chamado “Kijū”. Enquanto as cidades são destruídas e as pessoas entram em desespero, um galo se levanta para enfrentar a ameaça. É a história de como um único galo salva a humanidade.”

Como era de se esperar, o quadrinho possui um grande foco no humor e, apesar de simples, é um humor extremamente eficaz e a principal razão é: o protagonista é um galo. Claro que elementos de humor externos estão ali, mas tudo é potencializado pelo fato do herói da trama ser um galináceo. O nosso galo ainda é dotado de princípios e honra, o que faz com que o leitor acabe reconhecendo ele realmente como um herói.

Se fizermos uma analogia com um mangá onde o herói é humano, o Galo seria aquele herói de meia idade, badass e de poucas palavras, que combate monstros com sua força acima da média e seu cacarejo poderoso. Já os monstros que aparecem em Rooster Fighter são uma mistura entre os monstros de “Jagaaan” e “One-Punch Man”, e quem já leu essas obras, logo vai assimilar. 

Não estou dizendo que o Sakuratani se inspirou nos mangás citados para desenhar os monstros de sua obra, até porque não há qualquer indício disso, mas o fato é que muitas vezes o “gatilho” para um humano se transformar em kijū acaba sendo os desejos e o ódio que aquelas pessoas têm reprimido. E ainda comparando com One-Punch Man, o Galo é como se fosse o Saitama, pois sempre consegue resolver a situação com sua habilidade.

A arte da obra é um ponto muito positivo, pois possui um traço caricato, onde é comum ver expressões exageradas e personagens cabeçudos, por exemplo, ao mesmo tempo em que os detalhes dos personagens, os monstros, e as cenas de ação são todos elementos muito bem trabalhados. O autor consegue transformar os animais em típicos personagens de mangá sem precisar antropomorfizá-los ou mudar muito as características dos mesmos, o que pode parecer simples, mas é complexo. Além da quadrinização ser muito boa e fluida. 

Este primeiro volume do mangá nos deixa com alguns questionamentos, sobretudo em relação ao passado do protagonista e a origem e objetivo dos monstros, além de terminar com um gancho bem legal para o próximo volume. Os personagens com os quais nosso herói interage também são cheios de carisma, um bom exemplo é o Zena, um tucano que saiu diretamente do Brasil e que vive em um zoológico no Japão.

Rooster Fighter é aquele mangá que eu tinha certeza que ia gostar mesmo antes de ler, pois adoro essas coisas “avacalhadas” e após ler me senti satisfeito, pois a obra atendeu minhas expectativas. O mangá entrega uma boa dose de comédia, com bons momentos de ação e personagens carismáticos. Para este primeiro volume, eu dou uma nota 9 em um total de 10. É uma nota muito alta? É. Mas eu não consigo esconder minha empolgação com esse tipo de história, e isso somado aos fatores positivos que eu citei anteriormente, me deixaram muito satisfeito.

O autor disse recentemente que planejava encerrar a obra com cerca de 3 volumes, mas devido ao sucesso mundial, o mangá provavelmente irá se alongar um pouco mais. Espero que a série se alongue o suficiente para explorar bem as possibilidades que essa temática maluca apresenta, mas não o suficiente para se tornar cansativa e perder o simples, mas eficaz brilho do volume 1. Se você é como eu, que adora histórias malucas, pode ter certeza que vai curtir!

“Rooster Fighter” possui cerca de 192 páginas, classificação indicativa de 18 anos e papel offwhite ao preço de R$29,90. O volume 1 ainda acompanha um postal exclusivo para a edição brasileira, onde vemos o Galo vestido como um gaúcho, no pelourinho em Salvador, o que não faz muito sentido, mas é sempre legal ver o autor fazendo desenhos exclusivos para nós, assim como fez para outros países. 

Caso ainda não tenha garantido seu exemplar, pode encontrá-lo na Amazon e na Loja Panini.

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