MB Review: JoJo’s Bizarre Adventure Parte 2 – Battle Tendency

Recentemente comentamos sobre como Jojo chegou a Weekly Shonen Jump. Também comentamos todo o contexto histórico que fez com que os personagens hiper musculosos e heróis solitários ascenderem ao gosto dos japoneses. O próprio autor, Hirohiko Araki, comenta em seu livro “Manga in Theory and Practice: The Craft of Creating Manga” como um herói, na visão dele, é aquele homem que luta contra as adversidades sozinho, sem precisar da ajuda dos demais.

Outro ponto abordado é sobre como Araki, desde o começo, tinha em mente a influência da série Roots (que aqui no Brasil, ficou conhecida como Raízes e foi televisionada pela Rede Globo e posteriormente pelo SBT, nas décadas de 70 e 80, respectivamente) e como a narrativa da série é algo que vai passando conforme as gerações.

Sendo assim, em 2 de Novembro de 1987, uma semana após o encerramento da saga de Jonathan Joestar, Hirohiko Araki já deu início a segunda parte de Jojo’s Bizarre Adventure e é dela que vamos falar hoje.

O protagonista da vez é Joseph Joestar, neto de Jonathan, mas que, por ter as mesmas iniciais, ganha o apelido de “Jojo” – fator esse que será constante durante toda a série, das formas mais criativas possíveis.

Nossa, como criar iniciais pra formar Jojo pode ser criativo?

Aguarde…

Voltando ao tema principal, Joseph, assim como seu avô, não é Japonês mas sim americano. Vale a pena ressaltar que, na época, este já era um dos diferenciais da obra, visto os poucos mangás existentes que se passavam no mundo real cujo protagonista não era japonês. A importância dessa quebra de expectativa é tanta que o capítulo foi escrito como “O Jojo de Nova York”. Além disso, o autor propositalmente cria um ambiente que, ao mesmo tempo que demonstra sua continuidade com a parte anterior, mostra que tem muito a oferecer. Retrata como personagens como Speedwagon, Erina e Straizo estão, além de mostrar as novas ambientações e principalmente a personalidade do novo Jojo.

Joseph é muito diferente de seu avô. Enquanto Jonathan era um cavalheiro mimado e de classe alta, seu neto tem mais relações com a rua, com um estilo malandro e provocador, seguindo mais a ideia de fazer o que gosta do que fazer o que “é o certo”.

O protagonista não é a única grande mudança na obra, não sendo exagero dizer que até mesmo o gênero do mangá foi mudado também. Enquanto a primeira parte tem um estilo semelhante a novelas de época, a parte dois trabalha mais com o que hoje é o shonen de batalha, mas envolvendo nazistas, criaturas antigas e Hamon. Sim, já ficou uma bagunça, mas vamos explicando a seguir, tentando dar o mínimo de spoilers possível. Vamos lá?

Alguns pesquisadores descobriram que a Máscara de Pedra foi criada há muito tempo atrás por uma raça antiga que hoje está quase extinta, sendo que os únicos espécimes conhecidos estão fossilizados. É esperado que esta raça, agora batizada de “Homens Pilar”, seja mais poderosa do que seres humanos em diversos sentidos. Mas, Jojo não seria Jojo sem umas referências históricas, não é? E o que acontece aqui? Já que estes Homens Pilar são praticamente super-humanos e estamos em 1938, o que acontece? Exato! Nazistas tentam usar essa tecnologia a seu favor!

E cabe a Joseph Joestar impedir isso! Porque é o certo? Não, por vingança, pois nessa pesquisa acabam prejudicando Speedwagon, que cuidava do novo Jojo junto com Erina.

A trama avança e escalona bem mais do que isso, mas acho justo parar por aqui, tanto para não dar spoilers quanto para fazer com que vocês se divirtam na leitura. A história não tem algo tão chamativo assim, mas o carisma dos personagens e as bizarrices que acontecem prendem o leitor em cada ação, principalmente por causa do protagonista.

Eu sei que já passei um parágrafo acima tecendo elogios para o personagem, mas o ponto que quero ressaltar aqui é como ele é usado dentro da trama agora. Joseph tem um Hamon mais fraco que seu avô. Sabe disso, mas o seu diferencial é sua inteligência – por melhor definição, esperteza. Convence na lábia, usa de estratégias que não dependem de força e sempre pensa em formas de se sair bem. É a personificação da frase “Uma vitória desonrosa ainda é uma vitória”. 

O elenco de apoio também não deixa nada a desejar. Caesar Zepelli entra naquela categoria de amigo/rival – que ficou marcada com casos como Vegeta ou Sasuke – enquanto Lisa Lisa é uma mulher forte e incrível que treina o jovem Joseph em sua arte do Hamon. Poder esse que, aliás, ganha formas muito… inusitadas. Jojo coloca seu Hamon em sua arma principal, o bate-bag. Sim, lembram daquele brinquedo antigo que brincávamos até acertarmos o próprio pulso e íamos chorando pras nossas mães? Essa é a arma principal dele! E Caesar, sendo uma pessoa mais séria e mais focada em seus estudos de Hamon, usa uma arma muito mais séria… Bolhas de Sabão. Sério. Bolhas de Sabão imbuídas de Hamon. Aqui vemos que Araki tinha muitas opções a se fazer com Hamon, uma pena que este poder seria deixado de lado a partir da próxima parte, mas esse é um assunto para outra review.

Originalmente publicado em 7 tankos e meio (pois, por Jojo ser uma série contínua, o primeiro tanko era a finalização da parte 1 e começo da 2), esta parte era batizada de “Jojo’s Bizarre Adventure Part 2 – Joseph Joestar: His Proud Lineage” (As Aventuras Bizarras de Jojo Parte 2 – Joseph Joestar: Seu Orgulhoso Legado”, em tradução livre), mas foi rebatizado de “Battle Tendency” (Tendência de Batalha) posteriormente. A versão Bunko, lançada alguns anos depois compila esta parte em 4 volumes, e foi baseado neste formato que a Panini trouxe o mangá para o Brasil.

   

A animação está na Netflix e já conta com dublagem, mas teremos uma análise específica só pra ela em breve.

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