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MB Movie: Riki-Oh – A História de Ricky (1991)

Ricky é um jovem que foi mandado para a penitenciária após matar alguns chefões da Tríade (Máfia Chinesa) que levaram sua namorada a cometer suicídio. Lá, usará suas incríveis habilidades nas artes marciais para combater o sistema corrupto e violento que impera no presídio. Para isso, terá que enfrentar os guardas, várias gangues de presidiários e os diretores da instituição prisional, todos interessados na sua morte. Baseado num famoso mangá (Riki-Oh), “A História de Ricky” ficou famoso com um dos mais insanos, violentos e sanguinários filmes já realizados em todo o mundo.

Antes de mais nada, é preciso ressaltar que “A história de Ricky” é um filme trash altamente violento que não deve ser levado a sério, pois nem ele tem esse compromisso consigo mesmo, como por exemplo na cena que um vilão tira as próprias tripas e as usa pra enforcar o protagonista! E essa é somente uma das várias cenas bizarras, hilárias e surreais que o espectador encontra nesse filme insano, que certamente irá divertir todos os amantes do cinema trash com altas doses de gore!

Voltando ao enredo do filme, é dito que até o ano de 2001, todas as instalações prisionais foram privatizadas. Ricky Ho, que é vivido pelo ator Fan Siu-wong, sendo essa a sua estreia num papel principal (anteriormente ele fez um papel menor no fantástico Righting Wrongs), é um artista marcial e ex-estudante de música, que acaba sendo condenado a 10 anos de prisão por homicídio culposo após matar um chefe do crime que indiretamente foi responsável pela morte de sua namorada, após esta ter testemunhado o seu negócio com heroína. Também é revelado que Ricky tem várias balas dentro dele, que recebeu após o seu ataque ao chefão do crime, e que se recusou a remover porque as considera uma lembrança.

A respeito da atuação do ator Fan Siu-wong é notável perceber que o seu personagem (Ricky) tem apenas duas expressões faciais, das quais ele usa apenas uma com mais frequência (hehehe), além do fato de Ricky suar a maior parte do tempo, mesmo quando não está fazendo nada. É possível dedicar um texto inteiro apenas com as falhas e incoerências presente no filme, como o fato de manterem o Ricky acorrentado sem poder fazer nada, sendo que ele tem uma força sobre-humana capaz de detonar paredes, barras de ferro e até mesmo corpos humanos. Esse é o tipo de entretenimento audiovisual que você precisa, acima de tudo, desligar o cérebro e apenas curtir as inúmeras cenas despirocadas que mais parecem ter saído dos Fatalities de Mortal Kombat.

Ainda sobre as atuações, não podemos esquecer de mencionar a Yukari Oshima (também conhecida como Cynthia Luster), grande artista marcial japonesa, que num primeiro momento me surpreendeu por estar envolvida numa produção cinematográfica como essa. Mais surpreendente ainda é o seu papel. Aqui, ela interpreta um personagem masculino que se chama Huang Chaun, e tanto no original em cantonês quanto na dublagem brasileira, foi colocado uma voz masculina nela. Num primeiro momento eu estranhei bastante, ainda mais por conhecer a senhorita Oshima de outros filmes, mas depois consegui me acostumar. As cenas de luta dela com o Fan Siu-wong pra mim são as melhores de todo o filme, apesar da luta final com o diretor ser maravilhosa, principalmente devido ao alto exagero em sua sanguinolência. E por mais que as cenas sejam exageradas, é tão bom ver os movimentos técnicos e graciosos da Yukari Oshima. Se esse não fosse um longa que apelasse tanto para o bizarro e o surreal, esse certamente entraria fácil em listas de melhores cenas de luta.

A direção é do renomado Lam Ngai Kai, que trabalhou como diretor de fotografia por sete anos e foi considerado um dos melhores de seu ramo no estúdio Shaw Brothers. Apesar do incentivo do estúdio, bem como da persuasão de talentos marcantes como Tsui Hark e Sammo Hung, o senhor Lam se recusava a se tornar um diretor até que o ator Danny Lee o convidou para co-dirigir o filme “One Way Only” (1981), que se tornou o primeiro trabalho de direção de cada um deles. Porém, o filme mais notório de Lam é justamente “A história de Ricky”, que é fiel na violência do seu material original, adaptando o mangá Riki-Oh de Masahiko Takajo e Tetsuya Saruwatari, combinando as tendências recentes na filmografia de Lam – adaptações de alto conceito de quadrinhos japoneses e filmes de exploração hiper-violentos abundantes com fluidos corporais. Embora o filme posteriormente tenha ganhado um enorme status de cult no Ocidente, em sua época ele não foi tão bem nos cinemas locais. Ele arrecadou apenas HK$ 2.147.778 (aprox. R$1,5 mi), enquanto os filmes anteriores de Lam para Golden Harvest geralmente arrecadaram cerca de 8 a 10 milhões. A direção do senhor Lam é eficiente e um dos pontos mais positivos dele é o uso 100% de efeitos práticos, por mais que, vendo com o olhar dos dias de hoje, possa parecer tosco e esquisito, sendo esse um dos maiores charmes do filme na minha opinião que, graças a época e o seu orçamento limitado, não foi feito com computação gráfica, o que o deixaria muito bizarro e no pior sentido da palavra.

Antes de finalizar o meu texto, gostaria de mencionar a sua ótima dublagem brasileira, como por exemplo: o dublador Alfredo Rollo (Vegeta) emprestou a sua voz ao protagonista e não tem como não vibrar ao ouvir ele soltando um “seus malditos vermes” (hehe). A minha dica para o melhor aproveitamento do filme é assistir com a dublagem brasileira que salva e muito o filme.

A História de Ricky é uma verdadeira pérola dos anos 90, com muitos exageros como estrangulamento usando as tripas e cabeças e estômagos explodindo a todo momento. É um verdadeiro prato cheio (e sangrento) para os fãs do cinema trash que acaba nos conquistando com sua estranha beleza hipnotizante e violenta em suas sequências de ação surreais, chegando ao ponto de fazer a filmografia do Tarantino parecer coisa para criancinha.

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