MB Review: Kamen Rider Kuuga vol. 1
Que é uma Kamen Rider das dezenas de franquias famosas do Japão é um fato inquestionável. Mas o nosso herói passou por uma fase de hiato após a morte do seu criador, Shotarou Ishinomori, e com isso o futuro de seu principal herói estaria invariavelmente fadado à meras lembranças e colecionáveis perdidos na estante.
Contudo, no ano de 2000 a Ishinomori Productions em colaboração com a TV Asahi levou ao ar o décimo Kamen Rider, primeiro da era Heisei e sem seu criador, falecido em 1998. A nova versão ganhou o nome de Kamen Rider Kuuga.
Kuuga teve a difícil missão de voltar depois de 10 anos do último Kamen Rider. Com uma história adulta e bem elaborada, reanimou antigos fãs e conquistou novos, dando início a uma nova era de Kamen Riders e perdura até os dias de hoje.
Em 2015, com a comemoração de seus 15 anos, o título foi lançado em mangá com uma releitura de Kuuga e Kamen Rider Agito – a série posterior à Kuuga – escrito pelo roteirista Toshiki Inoue. Inoue é responsável pelo roteiro Kamen Rider Agito, a arte fica por conta de Hiroshi Yokoshima e o planejado nas mãos de Shinichiro Shirakura.
A ideia de uma releitura abre espaço para um novo público. As duas séries tem sua importância por consolidarem a franquia e darem início às mudanças que fizeram Kamen Rider ser popular entre o público infantojuvenil no Japão.
Yusuke Godai é um rapaz cheio de vida e quer se tornar amigo de todos à sua volta. Quando de passagem por Tóquio se depara com criaturas não identificadas cometendo múltiplos assassinatos. Em uma de suas batalhas, Godai recebe um poder misterioso e junto com o detetive Kaoru Ichijo passam a combater os seres malignos.
A história se mantém interessante e misteriosa, mas bastante violenta. Os mangás permitem maior violência gráfica maior. Além disso, permite um desenvolvimento menos confuso e sombrio que a versão tokusatsu.
A diferença em relação ao Kamen Rider Ichigo lançado pela editora NewPOP é gritante. A história de Ishinomori tem uma mensagem forte e focada na ação cinematográfica. Na de Kuuga é focado no desenvolvimento dos personagens de forma linear e com camadas a serem descobertas pelo leitor.
Os elementos que fizeram de Kuuga um sucesso estão todos presentes. Encontramos suas tradicionais transformações, o companheirismo de Yusuke Godai e Kaoru Ichijo, sem contar a trama envolvendo temas da história japonesa. Já o cinto de transformação foi substituído por itens modernos dando um tom mais dramático à obra.
O traço e o designer de personagens também foram modernizados. Nosso protagonista e demais personagens mal lembram os atores de tokusatsu, passando maior vivacidade em relação a série. Falando em forma simples, o traço é legal, tanto dos personagens quanto dos monstros e cenários.
A edição da JBC por sua vez foi elaborada no formato Big, compilando as duas primeiras edições originais. O projeto gráfico é inferior ao da NewPOP, mas com páginas coloridas, obedecendo a versão japonesa. Contudo, não conta com erros de tradução e de adaptação.
Kamen Rider Kuuga é apresentado como uma releitura interessante e com um ótimo desenvolvimento. Os traços valem a pena e mantêm o ritmo da história. Mas se o público vai abraçar a ideia, só o tempo dirá.
Agradecimentos a Editora JBC pelo volume cedido. Caso queira adquirir na Amazon.